Sublime é o Perdão


         
 Sobre as bolsas de alimentos doadas pelo Povo Brasileiro aos flagelados de Santa Catarina e desviadas covardemente por alguns seres inumanos, em junho de 2008:
 
     1 - As duas distintas senhoras se chamam Maria Cândida Sepúlveda e Eduarda Pasanella Dourado.  Achavam-se em Santa Catarina de passagem,
“apenas para ajudar”.

          Brancas, jovens, bem vestidas e cobertas de jóias caras, não repararam que as compras que estavam levando para o carro pertenciam a outrem.  A outrenzinhos.  Acontece...

          E o carro --- um Scort bege, placa XYK 17171 --- é de outro estado. 

          Madames e carro se acham devidamente acautelados, sob as penas da lei.  E uma delas - a pomposa senhora Eduarda Pasanella Dourado - teve até seus pertences retirados da mansão pelo marido e entregues na casa da mãe.  Sem meias ou inteiras palavras. 
 

     2 - Quanto aos militares envolvidos, todos já presos incomunicáveis, responderão a processos severos.  Possivelmente a expulsão --- vergonha maior de qualquer militar --- os espera.
 

     3 - Os demais civis, execrados pelas próprias famílias --- alguns exemplarmente amaldiçoados até pelas mães --- devolveram os mantimentos, cabeça baixa, trêmulos, temerosos.  Também estes foram enquadrados no Código Penal e se encontram à disposição da Justiça, submetendo-se ao Império da Lei.

          A Nação, perplexa e unânime, sentenciou esses rebeldes a penas perpétuas, a se cumprirem pelas dolorosas palmadas populares que receberão até o fim dos dias.   Até o fim dos dias.  

          A Sociedade portanto já os puniu, através de seus mecanismos éticos de controle, logo após a revelação dos fatos pela nossa vigilante imprensa. 

          Muitos pobres dependiam de vocês, brasileiros, que repartiram magnanimamente o pão e o vinho da dignidade...   E, creiam,

            "Não há gratificação maior do que o sorriso
          de mãe em festa
          e a paz íntima
          consequente às boas e desinteressadas ações,
          puro orvalho da alma."  
   
    ( Desaparecimentode Luísa Porto , de Drummond)

       Ora, brevíssimo é o nosso tempo na face da Terra.  E nenhum bem concreto nos pertencerá perpetuamente -  salvo as gentilezas da alma.  Continuem perdoando e se doando.  
Jô do Recanto das Letras
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 02/01/2010
Reeditado em 01/03/2010
Código do texto: T2007718
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