AOS POETAS CONTEMPORÂNEOS

“A propósito do papel da Poesia”

1. Ser ou não ser uma Glosa,

Com muita ou pouca rima

Que possa ter preciosa,

Já conquistou a estima.

Mesmo que alguém a deprima

Não deixa por mãos alheias

Ir a todas as aldeias

Levar como concordata

A tarefa imediata

De mexer com as ideias!

2. Ser ou não ser um Soneto,

Com ou sem estilo clássico

Fechando ou não com terceto,

Vem dos idos do jurássico.

Mesmo, por motivo prático,

Ele não sendo ciumento

Torna-se em cada momento

Um éden de emoções

Que arrebata corações

E é porto de sofrimento.

3. Ser ou não ser uma Ode,

Com este ou aquele formato

Que explica como pode,

É um assunto caricato.

Mas para eu não ser chato

Afirmo esta convicção

De que a sublime questão

Que enriquece a poesia

É assumir primazia

Nos poetas de eleição.

4. Quadra popular ou não

Ou um dístico perdido

Fica sempre a tradição

De poesia com sentido.

Já agora, por divertido,

Em vista deste epigrama,

Não façamos nenhum drama:

A Poesia é natural

Se for circunstancial

Em todo e qualquer programa.

5. Há outras formas por certo

De bons poemas escrever

Mas fica isto discreto

P´ ra quem ofício tiver.

Toda a Arte que aprouver,

Para além da qualidade,

Uma alma de liberdade

E um carisma há-de sentir.

Mora aqui neste cantar

Aquela luz a brilhar

Que pode um dia florir!

Frassino Machado

In RODA-VIVA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 13/04/2013
Reeditado em 13/04/2013
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