Duas tribos e meia - Nm7

É sempre desconcertante quando pedimos insistentemente algo para Deus, e depois que Ele nos concede torcemos o nariz.

Quem nunca passou por isto?!

Israel vivia escravizado no Egito, literalmente vivendo nos subúrbios da grande cidade, oprimido e desgraçado. Deus levanta um homem que os retira de lá com sinais nunca vistos na curta história daquele povo.

“E o Senhor nos tirou do Egito com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres” (Dt 26.8).

O Senhor os guia por um deserto escasso de tudo, mas sustentado em todas as provações.

“Que te guiou por aquele grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de terra seca, em que não havia água; e tirou água para ti da rocha pederneira; que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te provar, para no fim te fazer bem” (Dt 8.15-16).

Seria razoável acreditar que, diante de todo o trabalho do Senhor em salvar um povo sem mérito algum, Ele não tivesse o melhor para este povo?

Ainda que não pudesse compreender todos os propósitos do Senhor em sua jornada, desacreditar a Deus seria contrário a tudo o que eles experimentaram no passado.

Mas 2 tribos e meia fizeram isto. Não estamos julgando, pois sempre fazemos o mesmo em nossas vidas, em um assunto ou outro. Apenas analisamos e tentamos tirar proveito desta lição.

“E Moisés deu ordem aos filhos de Israel, dizendo: Esta é a terra que herdareis por sorte, a qual o Senhor mandou dar às nove tribos e à meia tribo... Já duas tribos e meia tribo receberam a sua herança aquém [ou antes] do Jordão, na direção de Jericó, do lado do oriente, ao nascente” (Nm 34.13,15).

Preferiram não entrar na terra da promessa, acharam que ali já estava bom, pelo menos aos seus olhos.

Gosto de uma palavra de Hebreus.

“Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás” (4.1).

Nunca foi nem nunca será da vontade do Senhor deixar ninguém para trás. Se alguns ficam, é porque – em incredulidade – não conseguiram antecipar pela fé o melhor. Mas pagarão o preço por isto, tanto no sentido físico quanto no espiritual.

O próprio Senhor tem uma parábola para tal desleixo espiritual.

“Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc 9.62).

Não obstante toda negligência destas tribos em não querer entrar na posse de sua terra, Deus se eleva acima de toda miséria humana, e envia João Batista como precursor do Salvador para iniciar seu ministério exatamente do outro lado do Jordão, aquém da terra prometida.

“Estas coisas aconteceram em Betabara, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando” (Jo 1.28).

É do caráter gracioso de Deus buscar e salvar o que se tem perdido. E quanto somos gratos por isto!

Findamos assim estas notas em Números e partimos, sempre acompanhados pela graça de Deus, ao último livro do Pentateuco – Deuteronômio.