Raízes que se fincam... - Cr3

O único rei de Israel que não teve seu nome associado à fórmula ‘e fez o que era mal’ foi Jeú. Sua entrada à vida nacional de Israel se deu pelo chamado triplo de Elias.

“E o Senhor lhe disse [a Elias]: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e, chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. Também a Jeú... ungirás rei de Israel; e também a Eliseu... ungirás profeta em teu lugar. E há de ser que o que escapar da espada de Hazael, matá-lo-á Jeú; e o que escapar da espada de Jeú, matá-lo-á Eliseu” (1 Re 19.15-17).

Quando não andamos nos caminhos do Senhor, Ele levanta três poderosos indicadores de que algo vai mal em nossas vidas – o mundo que nos cerca, nossa própria casa e o testemunho dos irmãos.

No caso de Israel, estes três argumentos proféticos não levaram a grande mudança. Jeú, no entanto, fará um verdadeiro reboliço em meio ao seu povo. Sua linguagem mostra bem que não estava disposto a negociar com os inimigos do Senhor.

“E saiu Jorão, rei de Israel, e Acazias, rei de Judá, cada um em seu carro, e saíram ao encontro de Jeú, e o acharam no pedaço de campo de Nabote, o jizreelita. E sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, disse: Há paz, Jeú? E disse ele: Que paz, enquanto as prostituições da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas?” (2 Re 9.21-22).

Nem mesmo o rei de Judá foi poupado neste encontro, pois como ensinaria nosso Senhor, “se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova” (Mt 15.14).

Cresci com um ditado de minha mãe e que conservo até hoje na vida prática – ‘Diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem tu és”.

Jeú prosseguiu em sua matança dos inimigos do Senhor e o texto sagrado não deixa de louvá-lo.

“E assim Jeú destruiu a Baal de Israel” (2 Re 10.28).

Um grande feito certamente, mas o Senhor exigia que se fosse além, e o mesmo texto inspirado não deixará de alertá-lo.

“Porém não se apartou Jeú de seguir os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel, a saber: dos bezerros de ouro, que estavam em Betel e em Dã” (2 Re 10.29).

A raiz de todo o problema continuava sem solução, e seria uma questão de tempo para que o fermento inicial se alastrasse novamente em contaminação.

Eu particularmente creio que a atitude mais acertada e espiritual deste vingador, seria destruir estes dois concorrentes do tabernáculo do Senhor em Jerusalém e conduzir todo o povo para voltar ao Senhor via Judá, inclusive reunificar a nação que estava dividida.

Jesus, em suas tantas parábolas, advertia sobre o perigo de reformas que não derrubassem os alicerces. Pois Deus não constrói nada sobre o velho e contaminado, mas faz tudo uma nova criação.

“E disse-lhes também uma parábola: Ninguém deita um pedaço de uma roupa nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha” (Lc 5.36).

Por isto que aqueles que – hoje – quiserem construir sua vida cristã nas bases da lei do Antigo Testamento, terão que sofrer por não viver pela fé unicamente.

“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé [em Jesus morto e ressuscitado, em novidade de vida pela atuação constante do Espírito Santo de Deus]” (Gl 3.10-11).

Nestes dias terminais de acomodação e negligência espiritual, somente uma reforma íntima, desde a base do que somos, pensamos e atuamos, poderá vencer os desafios terríveis que sobrevirão a este mundo maligno e que não poupará nossas incapazes igrejas.

“Assim diz o Senhor Deus: Um mal, eis que um só mal vem. Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem. A manhã vem para ti, ó habitante da terra. Vem o tempo; chegado é o dia da turbação, e não mais o sonido de alegria dos montes” (Ez 7.5-7).