666-1=665 - Ez5

É incrível e ao mesmo tempo desconcertante quando passamos pelas mesmas leituras centenas de vezes e algo tão óbvio nos escapa ao entendimento. É como bem atesta a Escritura – coisas espirituais se discernem espiritualmente e a carne sempre luta contra o Espírito para nos afastar dos propósitos maiores de Deus.

No estudo anterior comentamos 6 semelhanças entre os castigos impostos sobre Israel no passado e sobre o mundo impenitente do presente e futuro, descritos em Ezequiel e Apocalipse. Deixamos a 7ª e mais intrigante comparação para esmiuçá-la agora.

Comecemos pelo fim.

“E vi subir da terra outra besta... e faz que a terra e os que nela habitam 1) adorem a primeira besta... E 2) faz grandes sinais... E 3) engana os que habitam na terra... dizendo aos que habitam na terra que 4) fizessem uma imagem à besta... E foi-lhe concedido que 5) desse espírito à imagem da besta... E faz que a todos... 6) lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis” (Ap 13.11-18).

Estas são as 6 marcas distintivas deste elemento sombrio que se erguerá em breve. Subirá obviamente da terra de Israel levando toda adoração à primeira besta (esta parece estar mais adiantada) que emerge do mar romano-europeu, lembrando as visões de Daniel.

Esta segunda besta, através de seus sinais poderosos, leva à falsa adoração da primeira besta, engana o mundo já condenado pela operação do erro sinalizado pelo apóstolo Paulo, faz-lhe uma imagem, envia-lhe um espírito, e como coroação do erro – implanta um sinal numérico global restringindo o movimento econômico-social da humanidade, cenário este, aliás, já montado há 3 anos (desde 20/01/20 – ver notas sobre o livro de Jeremias), como num tubo de ensaio, através de propaganda e terror p@ndêmicos. Estas intervenções globais aumentarão vertiginosamente, englobantes e cada vez mais cínicas até o clímax do controle total pela marca ditatorial.

É da imagem morta que ainda receberá ‘espírito e vida’ que trata esta nota – de uma ‘simples’ imagem construída pela engenhosidade corrupta do sacerdócio judaico no passado, a uma figura ‘viva’ neste tempo presente. Para isto precisamos voltar ao texto de Ezequiel, que ora estamos examinando.

“Sucedeu, pois, no sexto ano, no sexto mês, no quinto dia do mês, estando eu [Ezequiel] assentado na minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor DEUS caiu sobre mim... E estendeu a forma de uma mão, e tomou-me pelos cabelos da minha cabeça; e o Espírito me levantou entre a terra e o céu, e levou-me a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava o assento da imagem do ciúmes, que provoca ciúmes... E disse-me: Filho do homem, levanta agora os teus olhos para o caminho do norte. E levantei os meus olhos para o caminho do norte, e eis que ao norte da porta do altar, estava esta imagem de ciúmes [ou que provoca ciúmes em Deus] na entrada [impedida pelo tempo divino de entrar]. E disse-me: Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário? Mas ainda tornarás a ver maiores abominações” (Ez 8.1-6).

Tanto Ezequiel quanto João em seu Apocalipse são erguidos acima da visão comum do homem – aliás único ponto vantajoso para uma visão ampliada do reino de Deus – para revelar verdades espirituais que ao homem comum são impossíveis. No caso do primeiro, ele via o seu presente – longe de sua pátria em cativeiro, foi elevado até Jerusalém para testemunhar as terríveis idolatrias em que se encontrava seu povo, mais especificamente o que se fazia por trás dos muros de seu Templo. Quanto ao segundo, João também se encontrava cativo, na ilha grega de Patmos usada por Roma como exílio aos indesejados. No entanto ele foi elevado ao futuro distante (ou quase nosso presente), para testemunhar não só os juízos mais atrozes de Deus sobre todo o globo, como também antecipar outra imagem no mesmo Templo de Jerusalém que deverá ser reerguido.

A linha de continuidade entre estas duas visões se ofuscou ‘um pouco’ pela intromissão de um novo organismo – a Igreja corpo de Cristo que já dura pouco mais de 2000 anos. Quando esta Igreja – ou o remanescente fiel dela – for removida pelo arrebatamento, e Deus voltar a tratar com seu filho Israel, a imagem embrionária de Ezequiel ganhará vida à luz do mundo de então.

Daí a ligação numérica entre as duas visões – “no sexto ano (6), no sexto mês (6), no quinto (5) dia do mês” de Ezequiel – 665, e o número da besta de João – 666. Aquele foi o primeiro passo em direção à corrupção do derradeiro. Assim como no passado os judeus rejeitaram e crucificaram o Messias de Deus – no futuro mais breve erguerão o seu próprio messias, saído das mãos de um novo mas falso Arão, como aquele bezerro de ouro feito por Israel lá no passado do deserto.

As palavras do povo naquele tempo se reprisarão, mas com um tom mais sombrio – “Mas vendo o povo que [seu messias] tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este [messias], o [Deus] que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu’ (Êx 32.1).

Este novo Arão que se levantará, cujo nome real a perspectiva divina trata de ‘segunda besta’, “tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro” (Ap 13.11) – ele será sacerdote e profeta, visto que levará toda adoração à primeira besta governamental. Ele lhe fará uma imagem, nos mesmos moldes da idolatria e corrupção antevistas por Ezequiel, como transcrevemos acima. Acrescentará a ela no entanto um espírito que lhe dê – ou imite artificialmente – a vida.

À pergunta de Deus no passado – “Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário?”, Ele mesmo responde indicando o futuro – “Mas ainda tornarás a ver maiores abominações”.

O que o Filho de Deus evidencia e atesta em caráter escatológico – “Quando, pois, virdes [vós judeus em sua própria terra] que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo [no templo reerguido em Jerusalém]; quem lê, entenda...” (Mt 24.15).

E o apóstolo encerra – “... e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.3-4).

Mas temos que parar por aqui, então continuamos na próxima!