MATEUS em foco! - Mt1

Findada nossa análise do Antigo Testamento, alcançamos agora o vinho do Novo. E se o termo ‘Novo’ toma o lugar do ‘Antigo’, algo extraordinário deve ter forçado tal mudança. Nada mais, nada menos que a vinda do Filho do Homem – e não um homem qualquer, mas o perfeito Homem gerado de forma perfeita no ventre de uma simples mulher judia e virgem.

Nada mais digno e sublime, porém desconcertante, que a perfeição dos tratos de Deus para com o pecador. O que o primeiro homem em sua queda destruiu, o Segundo reconstruiu com vista a algo ainda mais elevado – falamos de Jesus, o Filho eterno do Pai, Deus bendito eternamente.

Os 4 Evangelhos que nos abrem este Novo Testamento, cada um com sua peculiaridade profética, mostram os caminhos deste Homem desde a simplicidade de uma manjedoura até a atrocidade de uma cruz. Glória a Deus!, sua existência não é interrompida como num aborto histórico, mas continua vencedora na ressurreição mais gloriosa que jamais a humanidade mereceu ou merecerá.

Foram necessários 4 testemunhos escritos, à semelhança dos 4 rostos magníficos dos 4 seres viventes da visão de Ezequiel, para exaltar a gloriosa Pessoa divina do Filho (você pode complementar o assunto lendo ‘Ezequiel em foco’ - https://online.fliphtml5.com/otzwa/wjec/

Cada um destes Evangelhos trará seu enfoque peculiar, conduzindo ao final à visão perfeita e equilibrada da Pessoa e obra do Deus encarnado. Se há aparentes divergências textuais ou doutrinárias entre eles, certamente não se dá por algum erro da Escritura que não pode errar, mas pela interpretação humana que sempre costuma falhar...

Fizemos a loucura alguns anos atrás de compilar os 4 Evangelhos em texto único, de forma que não faltasse ou duplicasse qualquer palavra, e o resultado foi inusitado e compensador. Acesse o texto reunido na íntegra, separado em 4 ciclos:

https://online.fliphtml5.com/otzwa/xgrf/ - Do Verbo à blasfêmia dos fariseus

https://online.fliphtml5.com/otzwa/lrba/ - O início das parábolas

https://online.fliphtml5.com/otzwa/tswi/index.html - A última jornada de Jesus

https://online.fliphtml5.com/otzwa/rkat/index.html - Da ceia à ressurreição

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Mateus é o Evangelho do Rei. Já em sua primeira linha, a ligação real é feita pela menção do “filho de Davi, filho de Abraão”. O primeiro indica seu direito ao trono eterno em Jerusalém, o segundo ao resgate da humanidade pelo sacrifício de Si mesmo.

O discurso ou sermão mais longo das bem-aventuranças e exigências do reino são relatadas aqui, evangelho mais apropriado para as santas condições do Rei em sua oferta aos judeus. Aliás, reino este que é exaltado pela singular expressão encontrada somente aqui – ‘reino dos céus’ – em suas 32 aparições. Na contramão deste enfoque glorioso, 3 grupos sinistros – fariseus, escribas e sacerdotes – aparecem com mais frequência que nos outros 3 evangelistas. A toda ação sempre corresponderá uma reação que foge em sentido contrário, a menos que Deus intervenha no sistema.

Também neste evangelho, a associação mais gloriosa de Jesus ao trono em que se assentará um dia, aparece em duas visões complementares – “quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória” e “quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória” (19.28 e 25.31).

Este reinado glorioso oferecido pelo Rei em pessoa, tinha seu alcance pleno somente para o povo judaico, e exclusivamente neste Evangelho a linguagem não poderia ser mais clara – “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (15.24). Os outros povos estavam totalmente ‘de fora’ naquele momento.

Devido à sua rejeição pelos líderes da nação, Mateus é o único a mencionar uma chave misteriosa que poderia desligar ou ligar mais elementos ao reino dos céus, e que é transferida a Pedro, que teria a incumbência mais adiante de abri-la também aos gentios. E o salário por esta nova incumbência de expandir o reino de Deus às demais nações, é relatado na menção única do milagre das duas dracmas retiradas da boca de um peixe pescado pelo mesmo Pedro.

Esta mudança de mãos que vão gerir com nova responsabilidade o reino de Deus, é corroborada numa repreensão do Messias aos líderes judaicos, também revelada somente neste livro:

“Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mateus 21:43).

Resumindo: um reino é prometido ao povo da aliança – este reino é recusado pelos líderes da nação – o mesmo reino, com algumas adaptações necessárias à sua nova forma espiritual, é oferecido a outro povo que dê os seus frutos.

Embora seja este o Evangelho do Rei, não se pode inferir que tudo ali descrito gire em torno deste único assunto, mas certamente temos que admitir que um pano de fundo deve nortear a interpretação de todas as parábolas, milagres, curas e discursos ali narrados, bem como nos demais Evangelhos que ainda vamos analisar.

Assim, sem mais demora, prossigamos em alicerçar esta dinâmica através dos assuntos selecionados a seguir.