SOLIDÃO COMPOSTA

Dormito na sua lembrança!

Desperto na ilusão do seu amor!

Vagueio pela loucura da insegurança!

Bato asas, me afasto, me afugento!

Volto, sou poeira de vento.

Não tenho raiz

Não tenho talento

Sou poeira de vento!

Não tenho vontade

Não tenho querer

Quem me guia é você

Sou a poeira e você o vento

Você finca o pé e rodopia

Carrega-me, me esfrega,

Esparrama-me no horizonte

Numa folha qualquer

Dormito na insignificância

Sou mendigo do amor!

Fico sonhando, vivendo

De lembranças

Esqueço que sou

Poeira de vento

E que um simples bater

De asas de um beija-flor

É o suficiente para me alçar

De volta à triste realidade ...

De um ser que não tem um bem-querer

Mesmo na condição de poeira

Quero soltar o meu último alento

Quando a noite chegar

E a solidão te alcançar,

Ainda assim, eu peço,

Abra teu coração e

Venha comigo caminhar.

Caminhar com alegria,

Caminhar com prazer,

Sem nada querer

Sem nada cobrar!

Venha se juntar

Transformar

A Poeira e o Vento

Num só elemento

E a vida viver

Num grande bem-querer!