HORA ERRADA!

Conhecer você... tudo foi tão rápido, tão intenso...

Senti de imediato uma grande atração...

Seu modo de falar, a sensibilidade, a inteligência

O como você me tratava, a nossa integração!

Quando estávamos juntos, nada mais contava...

Não importava o tempo, os amigos, a vida...

Meu mundo em você se resumia...

Voltava a ser adolescente, vibrando, sonhando

Com essa nova relação.

Mas ela só existia na minha cabeça...

Você não parecia estar envolvido, não!

Uma noite, estávamos conversando...

Uma conversa de amigos, comum, banal...

E em determinado momento, você me fala,

Em um rompante, do seu sentimento...

Disse-me que eu estava escrevendo

Meu nome no seu coração!

Isso tirou meu rumo, me fez sonhar,

Perder meu chão!

Como fui feliz nesse instante!

Não conseguia mais me traduzir...

Sempre que eu tentava achar meu eu

Era você que eu via refletir!

Você mudou minha vida...

Não me achava digna de você.

Comecei a estudar música, poesia...

Pois achei que eu precisava crescer!

Me dediquei muito a esse amor...

Vivi por você e para você 24 horas por dia!

Mas a minha insegurança sempre me dizia...

Que eu não servia para você!

A minha melhora, o meu crescimento

Acabou virando obsessão!

Eu procurava um modelo perfeito...

Pois achei que você só merecia a perfeição!

Comecei a melhorar, aprender, crescer...

Vi então minha poesia para você nascer...

E achei que tinha encontrado a chave

Que então seria digna de morar em seu coração!

Mas a vida é uma grande escola...

Uns aprendem, crescem, melhoram...

Outros não se esforçam, não se interessam...

E a vida não pára... e não nos deixa parar...

Se pararmos somos engolidos... devorados!

E o amor também é assim... precisa ser alimentado.

Sem carinho, atenção, crescimento...

Ele esfria, diminui, morre...

E no mesmo instante em que você se declarou...

No seu mundo você se fechou!

Eu lutando para crescer...

Você se fechando numa redoma!

Criou-se um muro em nosso mundo...

E nosso amor se tornou um drama!

Você não entendeu meu poetar!

Se sentia ofendido, sendo exibido...

Como um adorno, um troféu!

E eu só queria ser digna de você...

Que era meu tudo, minha vida,

Que me fazia viver nas nuvens, no céu!

Desse momento em diante,

Você começou a me maltratar...

E eu que continuava te amando

Nunca deixei de te poetar!

Você foi se mostrando cada dia mais pequeno...

Ficou egoísta, distante, um tirano...

Me magoava, me humilhava a todo momento

E eu chorava, sofria, mas continuava te poetando!

Um dia porém acordei, me olhei no espelho...

E vi meus olhos brilharem novamente!

Percebi, então, que a minha poesia existia

Mas era dentro do meu ser!

Ela brotou sim de um sentimento puro...

Mas é minha sensibilidade que a faz crescer!

Hoje sei que ela não te precisa!

Que você não faz a mínima falta!

Ainda bem que vi isso a tempo...

Você não me destruiu...

Apenas você esfriou na hora errada!