RAÇA DE HERÓIS - Capítulo 53 - Hábitos e Essência

Capítulo 53

Hábitos e Essência

Uma das maiores dúvidas que intriga a humanidade são as diferenças e anomalias pertencentes a cada ser.

Por que uns agem de uma forma e outros de outra maneira?

Por que temos pessoas pacíficas e outras descontroladas?

Por que muitos adoecem e outros são saudáveis?

Cada um de nós tem aquilo que podemos chamar de unicidade. É a personalidade, a individualidade, que cada um tem. Concordamos em alguns pontos, discordamos em outros, entendemos certas coisas e outras não conseguimos assimilar. Por isso, tem-se a necessidade, para aquele que quer compreender a vida, de estudar a evolução do espírito.

Em parte, somos o produto do meio em que vivemos. Influenciados por agentes que nos rodeiam tornamo-nos uma parte deles quando não o fazemos inteiramente. A convivência com esses agentes e nossas ações farão de nossas vidas uma bênção ou uma desventura.

Por outro lado temos nossas ideias e convicções. A inexperiência, a imaturidade e a rebeldia é que fazem com que erremos. Esses erros produzem consequências e enfermidades em nós; daí vem o desejo de livrarmos delas.

Há um provérbio que diz “diga-me com quem andas que eu lhe direi quem és”. Podemos expandi-lo ressaltando que “diga-me com quem andas que eu lhe direi o que você poderá se tornar”, ou "diga-me o que você pensa e faz que eu lhe direi quem está do seu lado". Nossas companhias, físicas e espirituais, poderão nos influenciar e nos conduzir a diversos caminhos, caso não reflitamos e nos deixemos levar.

Homens situados na história da humanidade fizeram de suas vidas um ato de amor ou de predação. Os primeiros tiveram boas companhias e quiseram ouvi-las. Os segundos não as tiveram, ou se as tiveram preferiram não lhes dar atenção.

Traficantes, estelionatários, sequestradores, assassinos são exemplos dessas situações. Se alguém tivesse segurado em suas mãos e lhes falado das coisas boas, se tivesse prestado atenção em suas aptidões, colocando limites, dando-lhes amor, se lhes dessem ouvido, eles poderiam seguir outro caminho e suas vidas teriam sido diferentes. Mas mesmo com toda frieza que têm são seres com uma essência divina alojada bem no íntimo, encoberta por uma gleba escura. A partir do momento que forem tratados com respeito, e não medo ou raiva, essa semente divina germinará e atravessará esse solo escuro e produzirá proficuamente. As boas atitudes sempre florescerão no mais árduo coração. Nada resiste ao bem, nada resiste ao amor. Eles podem abandonar essa “causa” que têm, quando perceberem que não passam de um instrumento de uso de suas próprias intenções torpes ou desejos alheios decaídos para atingir fins destrutivos.

Uma das causas de nossas repetições reencarnatórias se deve ao fato de sermos muito orgulhosos e termos medo de mudar, de reconhecer nossos erros e tomar novos rumos. Certas coisas vêm em nossas vidas exatamente para nos fazer tomar outra direção. A dor, as desilusões, as doenças e as consequências do que fazemos é o bisturi divino a cirurgiar em nós nódulos e cancros causados por nossas escolhas. É material de limpeza do espírito.

Há tempos atrás, quando cometia algum erro, por mínimo que fosse, em qualquer esfera de ação, ficava a me culpar e a lamentar o que havia feito de errado. Achava que tinha que ser perfeito. Hoje, graças ao bom Deus, à Jesus, à Doutrina Espírita, à auto reflexão e à todos os emissários do alto, estou aprendendo a reconhecer nesses erros, em que e onde tenho que melhorar. A cobrança da perfeição me castigava e me impedia de avançar rumo aos meus propósitos. Descobri, com muita resistência, que não sou perfeito, mas posso ser.

Onde vemos e imaginamos ter erros, são, na verdade, oportunidades. Somente quando aceitarmos que não temos o controle de tudo na vida e que imprevistos ocorrem, sempre, e sabermos lidar com isso, sem apavoramento, mas procurando a solução sem radicalismos e agindo com firmeza e brandura é que nos libertaremos. Não podemos controlar tudo, mas podemos nos controlar. A vontade de não errar é importante, mas precisamos entender que somos imperfeitos. Com isso, não podemos acreditar que devemos ficar felizes e continuar errando, precisamos ficar atentos e nos empenhar para não repetirmos esses erros e cometermos outros.

E o que é um erro? Erro é tudo aquilo que vai contra a lei de amor. Quando negligenciamos esta lei, vêm efeitos que serão sempre mais pesados, de acordo com nossas intenções e de nosso grau de entendimento e conhecimento. Exemplo: As drogas fazem mal à saúde. Isso é fato, provado e comprovado. Aquele que sabe disso e se droga tem um compromisso maior e sentirá muito mais as consequências do que aquele que fumava há cem anos e não tinha acesso a essas advertências. Quanto maior é o nosso conhecimento maior é o nosso compromisso, e o comprometimento com a tarefa de nos libertar, tendo esses conhecimentos, depende de nossas vontades. E as atitudes, as quais no princípio são inibidas, acanhadas e geram recaídas, tornam-se constantes. O fortalecimento e a resistência vêm com o tempo, mas devem ser iniciados para que possam expandir-se. Por isso quando começamos a fazer algo não se deve pensar em êxito ou fracasso porque ambos poderão acontecer. A sabedoria consiste em aproveitar o fracasso para que tenhamos êxito. Se não soubermos reiniciar, a sensação de culpa e a insatisfação nos inúmeros círculos da vida farão com que vivamos deprimidos e sem expectativas. Por isso o uso da palavra mudança.

Se você não está feliz em seu trabalho, com o curso que está fazendo, em seu namoro ou casamento, com o seu corpo ou qualquer outra coisa na vida, pense no que pode ser feito. Procure outro emprego, faça outro curso, mude seus hábitos alimentares, faça exercícios físicos, converse com seu namorado ou esposo e tentem encontrar o que está indo bem e o que pode ser feito para melhorar o que não está. Se deixarmos as coisas acontecerem de qualquer jeito, ficaremos infelizes e faremos outras pessoas infelizes, porque viver insatisfeito gera um campo vibracional negativo em nossa volta. Observe-se também. Talvez a causa de sua infelicidade não esteja nas coisas externas, mas em seu interior. Talvez seja a não aceitação de si mesmo. Vá visitar um doente ou um amigo que você não vê já faz algum tempo, doe algumas roupas, alimentos, agradeça a Deus pelo que você tem e lembre-se de que você pode não ter tudo que deseja, mas deve desejar aprender a amar, agradecendo tudo o que tem. Dê um telefonema para aquela pessoa que mora em outra cidade, dê um abraço em alguém, adote uma criança ou um animal abandonado, desfaça aquele mal entendido que ficou entre você e outra pessoa, vá ouvir uma música que você goste ou aquele filme que te faz bem. Fale bom dia às pessoas, converse com as plantas, com seus bichos, vá passear na casa da vizinha. Brinque com seu filho, seja criança junto com ele, elogie o almoço ou o lanche que a pessoa preparou. Dê uma flor, mesmo que colhida no mato, para quem você gosta. Chame a cozinheira para sentar-se na mesa junto com você e sua família, entendendo que somos todos iguais. Fale de paz, amor, vida, alegria, e verás como a atmosfera mudará. Devido ao nosso orgulho por não pedir ajuda e não mudar de vida, acabamos nos matando, direta ou indiretamente, achando que tudo se resolverá.

E quando falamos em nos matar, devemos lembrar que o suicídio é a forma mais curta de ir ao encontro do sofrimento. Desistimos de nós, nos entregamos aos problemas, e Deus é ignorado. Por isso, tire a ideia de suicídio de sua cabeça. Você não vai morrer e desistirá de um problema arrumando outro muito maior, porque a vida continua e os problemas precisam ser solucionados, e não ignorados. Se você tem um motivo para suicidar tem dez outros para não fazê-lo:

Você tem seus pais, o cônjuge, filhos.

Um animal de estimação, o céu, as estrelas.

Tem amigos, sonhos, tem Deus, tem Jesus.

Tem sua religião, seu esporte, a natureza.

Tem seu trabalho e muitas outras coisas, é só observar.

Se algo não está te agradando, mude então. Não seja presa de nada.

Pratique outro esporte, converse com alguém mais velho, sorrie para as crianças. Abandone os sentimentos pessimistas que habitam em você e se renove.

O mundo não é nosso e não pertencemos a ele, apenas navegamos por suas águas. Querer domá-lo ou tomá-lo só irar nos desgastar. O domínio do campo material não vem com o domínio, mas com o desapego.

Pare com essa correria. Aonde você quer chegar? Se persistirmos nesse ritmo o que nos restará é chorar faustosamente pelos amigos que se foram, o tempo que se escoou, as boas obras que poderíamos ter feito e pelas palavras de amor que não foram ditas...

Perdoe, sempre, por mais difícil que seja. Entenda que a ausência de Deus e Jesus nos corações humanos é a causa de todo sofrimento.

Nossos irmãos que agem violentamente no mundo da criminalidade estão assim por terem sido discriminados, às vezes, por eles mesmos.

Talvez eles não conheciam outro mundo além daquele de pirataria e invasão dentro do qual cresceram. Se alguém tivesse lhes apresentado a outra face da vida, seriam diferentes.

O maior erro que cometemos é pensar que o outro nunca vai mudar. Vai sim, quando dermos instrumentos e tempo a eles para realizarem essa mudança, sem forçar, e estender nossos braços quando caírem.

Não fique preso a velhos hábitos e conceitos que não dão mais resultados. Mude. Não tenha medo de pedir ajuda ou de ajudar. Confie em Deus.

O Alpinista.

Um experiente alpinista saiu certa vez para escalar uma montanha rochosa que há tempos queria subir.

Quando começou a subida, estava o dia ainda claro. Aos poucos ele foi subindo, sem dar conta do tempo, e ficou empolgado por estar se saindo bem em seu feito.

Quando deu por si, percebeu que já estava começando a escurecer e decidiu descer. Mas no meio da descida a escuridão se fez completa e ele ficou sem roteiro. De repente um estalo, a corda se rompe, e ele cai.

Mas a corda se prende em algo e sua queda não é total. Ele fica preso junto com a corda, apavorado. Lembrou-se de Deus e rogou:

__Meu Deus, me ajude! O que devo fazer?

__ Solte a corda... Uma voz respondeu

Repetiu o pedido, e a voz tornou-se:

__Solte a corda!

O alpinista pensou estar imaginando ouvir coisas, mas a voz se fez:

__Solte a corda!

O alpinista não confiou e não a soltou.

A noite passou. Muito frio, neblina, vento...

No outro dia, seus amigos foram procurá-lo, pois estava demorando e encontraram-no, já sem vida, a apenas dez centímetros do chão...

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O alpinista não confiou. Apegou-se a hábitos antigos e perdeu sua vida.

É preciso que deixemos de lado os velhos hábitos infelizes e ouçamos a voz de Deus que ecoa em nossas almas. Percamos o medo de tomar novos rumos. Deixemos nossos hábitos improdutivos de lado. Deixemos o hábito da ociosidade, de falar mal das pessoas, de comer demais, falar demais, trabalhar demais ou de menos, fazer bem de menos, cumprir com nossas obrigações de menos, e vamos nos dar oportunidade de recomeçar, percorrendo outro caminho.

Nossa vida poderá ser mais ou menos.

Mais ou menos feliz.

Mais ou menos triste.

Mais ou menos rica.

Mais ou menos pobre.

Mais ou menos aproveitada.

Mais ou menos perdida.

Nossa vida poderá ser tudo ou nada.

Tudo ou nada de bom.

Tudo ou nada de ruim

Tudo ou nada de belo.

Tudo ou nada de descolorida.

Tudo ou nada de importante.

Tudo ou nada de valor.

Tudo ou nada de nada.

Tudo ou nada de tudo.

Existe o nada? Ela poderá ser nada diante de tudo, mas só nada ela não poderá ser. Ela poderá ser tudo ou nada de Deus...

O que ela pode ou não será de acordo com o que quisermos fazer dela. Ela pode ou não... Nós podemos ou não...

Vida e você. Ela e o seu querer.

Substituamos a doença pela saúde, a guerra pela paz e a mentira pela verdade. Adquiramos o hábito de amar a vida! É tudo ou nada que nos resta a fazer para que ela seja mais de tudo ou menos de nada.