Não é somente mais uma novela

Antes de iniciar esse "desabafo", pensei e repensei muito no que escrever, de quais palavras me utilizar para que não parecesse uma "lamentação". Não quero, em absoluto, com elas, trazer à minha vida pessoas ou mesmo a pessoa responsável por seu "nascimento", bem como não poderia ser injusto no que diz respeito a olhar para trás e ver tudo o que "perdi". Devo sim, olhar adiante, observar tudo o que ainda posso conquistar com minha dedicação, força de vontade, esforço e, sobretudo, com meu suor, mesmo estando distante das pessoas que mais amo, que assim como para tantos outros, são os meus amigos e a minha família, sabendo que, a médio ou longo prazo, isso trata-se de um sacrifício válido. Minhas palavras são uma forma de eu tentar me sentir melhor, mais aliviado e numa "suposta" e momentânea paz comigo mesmo. Foi difícil chegar num consenso. Mas bem, para um escritor - mesmo amador - com mais de dez anos de estrada e mais de mil e quinhentos textos publicados, isso não deveria ser algo muito do complicado. Estou no "meu momento". Que, por sinal, não é lá dos melhores psicologicamente falando. Apostei alto no que mais acredito: o amor. E paguei um preço caro demais. Atualmente, não tenho uma vida muito "social". Também pudera! Trabalhar à noite, lidando com um público complicado, não é lá das tarefas mais fáceis. Mas também não é das mais difíceis. Se assim o fosse, não estaria fazendo há quase um ano. Porque há um fato sobre mim que, quem me conhece bem, há de concordar: quando gosto do que faço, quando faço com amor, tento colocar o máximo possível de dedicação. Porém, voltando ao amor, como eu disse, não tenho uma vida social. Não tenho sextas feiras e muito menos os sábados. E isso, mesmo sem querer, acabou tornando-se um problema, interferindo no que eu acreditava que não acabaria, que seria mais forte do que tudo mesmo eu estando com uma pessoa "do mundo" - o que não seria um problema, se o "mundo" não influenciasse tanto. Pergunto: se essa pessoa, que para mim era a mais importante, que por momentos me fez acreditar que para ele eu era o mais importante, não entendeu isso, não compreendeu e não teve paciência para lidar com, como esperar que pessoas que eu mal conheço - o que incluí amigos de curta data - entendam ou compreendam? Se essa pessoa a quem amei, me dediquei, me esforcei e fiz o máximo que pude acabou me enganando, mentindo pra mim, me traindo e me trocando por outro que tinha mais tempo e uma vida social mais ampla - sendo, como ele, "do mundo" - como esperar que outras pessoas não façam o mesmo? Outro fato sobre mim que muitos desconhecem: sou carinhoso, amoroso, dedicado, esforçado e muito perseverante. Para eu desistir de algo, tenho que ter a mais plena certeza de que realmente não vai valer a pena. E isso requer um esforço enorme, um desapego maior ainda. É muito difícil saber que, por mais que você tente fazer o melhor, dar o seu melhor, as pessoas não valorizem. O que incluí trabalho, amigos, família e, principalmente, o amor. Mas porra, não era o amor que deveria fazer bem? A mim, devido às minhas últimas experiências, não tem feito. Não que isso signifique que eu desista. Pelo contrário, isso mostra que hoje estou tentando me resguardar mais, ou me precaver mais. Enfim, espero que quem tenha chegado até aqui, tente ver que isso não se trata de uma lamentação de alguém despeitado ou "recalcado". Trata-se da indignação de quem largou uma vida toda em outro estado, acreditando que seria diferente, incomum, realmente verdadeiro, para no fim ver que essa não passou de mais uma história comum, com personagens tão comuns quantos. E com um final muito pior do que já estamos acostumados - alguns calejados - a ver por aí. Como uma novela que, por todos os momentos ruins, o desejo é que logo se acabe.

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 06/01/2015
Código do texto: T5092341
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