Ele está indo

Ele estava sentado à sua frente. Era setembro de 2016. A sala estava quase na penumbra, mas a meia luz ainda permitia visualizar claramente a feição do homem à sua frente que já possuía seus 84 anos. O rosto magro e comprido tinha algo de cadavérico e ela se assustou. "Nossa, ele parece que mesmo sentado está deitado como alguém falecido." Naquele momento ela sabia que o fim dele estava próximo. Não podia dizer para ninguém de sua impressão, pois poderiam julgá-la como insensata ou perturbada. Afinal, não é algo que se pode saber e como tantas vezes lhe diziam: "Somente Deus sabe a nossa hora." Mas, como em outras ocasiões, ela conseguia sentir que a energia da pessoa à sua frente estava se evadindo. Não sabia como, mas tinha certeza de seu pressentimento. Um sentimento desagradável a assalta e era como se tivessem lhe dito claramente: Ele está indo.