Zé,

 

Assim como a bússola direciona os navios à deriva para o mar da serenidade a fé direciona nossa saudade para conformação. Neste momento em que celebramos a missa de trigésimo dia de sua partida é a fé que nos traz aqui, é a fé que nos mantém de pé, porque é a fé em Deus que nos fortalece para darmos continuidade a nossa vida, entregando a Ele os nossos passos e tendo a certeza da existência da vida eterna, na Casa do Pai.

Como disse Guimarães Rosa: “As pessoas não morrem, ficam encantadas”, e é assim, encantado, que permanece nosso irmão Zé! Suas ações, seus gestos, suas palavras estão em cada um de nós que o conhecemos, que tivemos a feliz oportunidade de conviver com ele... Mas tudo isso, também, pode ser visto no exemplo que deixou como filho, esposo, pai, irmão e amigo. Sua despedida nos transporta à complexa mistura de pranto e riso! Nosso pranto é de dor e saudade; nosso riso é de alegria por lembrarmos um irmão que tudo deu de si por sua família. Um irmão que foi mais que um filho para papai. Foi seu amigo, seu companheiro!

De todos nós, o mais presente, aquele que esteve a vida inteira a seu lado e como prova maior de seu amor fez com ele sua última viagem. Seu companheirismo Zé foi intenso em todos os momentos e deixou entre nós a marca de sua personalidade simples, inesquecível! Sua lembrança
de homem bondoso e trabalhador, fazedor de amigos, está eternizada em nossos corações.

Zé hoje você é um cidadão da eternidade. Convive com Deus salvador cujo amor fiel enche a vastidão da terra, é nosso auxílio e proteção, fonte de nossa alegria, razão de nossa esperança, luz que salva. Na certeza de que todas as noites, a paz divina tem descido sobre você, ternamente nos deixamos envolver, nessa hora em que o amor se transmuda em perene saudade e diz, numa canção de adeus:

 

"Ah, se as palavras pudessem tudo dizer, pudesse o tempo retroceder e trazer de novo a criança no parapeito da amurada sentada, boné e calção, brinquedo na mão esperando seu pai voltar do trabalho;

Ah, se o adolescente inquieto, prenuncio do jovem repleto de buscas soubesse o que a vida lhe reservava, correria e deteria o tempo para abraçar mil abraços em seus braços e sorriria o sonho juvenil;

Ah, se o jovem trabalhador, que os passos do pai seguiu trilhando os mesmos caminhos conhecesse os mistérios da morte, um só que lhe devolvesse a vida de seu pai... então ele também ainda estaria entre nós..."

Adeus, inesquecível irmão.



Seus irmãos!
 

 



*Homenagem lida na missa de trigésimo dia.

 

 

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 11/10/2009
Reeditado em 11/09/2018
Código do texto: T1860347
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