FICOU APENAS NA RECORDAÇÃO

Quando falamos em ritmo entramos forçosamente no campo da métrica. Os artificios que produzem o ritmo são parte da métrica e não da rima como muitos erradamente supoem. Rimar é apenas, e tão somente, combinar sons finais. Ao passo que na métrica combinamos unidades sonoras ao longo de todo o verso; produzindo uma sonoridade organizada, dando ao ouvido sensações agradaveis.

No verso metrificado, tenha ele final combinado ou não, haverá, se devidamente trabalhado, uma musicalidade quase expontanea.

Surgiu, não sei bem precisar quando, uma nova ordem poética cujo desenrolar de uma estrofe procede como se fosse uma avalanche de sons; naquilo que ouço dizerem, sem me meter a entendido, chamarem de rag, hip hop, hap. Acho que a intenção primeira de tais correntes é simplesmente exporem suas mágoas e seus descaminhos, bem como suas opiniões. É o supito de um inconformismo incontido. Mas é tambem, e positivamente, a exposição de seus valores culturais, as raizes e singularidades de suas etnias, as vezes com algumas queixas individuais, porem com substancial preferência às mazelas coletivas. As entranhas rompem o verniz e mostram as feridas sociais.

A intenção desta nossa observação é tão somente registrar um fortuito mas expressivo acontecimento que surgiu por volta de 1990 e foi até 1999. Surgiu e se extinguiu aqui nesta "Passos" das Minas Gerais, bem ali na praça Geraldo da Silva Máia. Eclodiu como amostragem viva do macrocosmo cultural Brasileiro, rodas de capoeiras e coisas de tal natureza. Tal qual um relámpago ali surgiu um grande ninhal humano, uma diversidade enorme de culturas que se manifestavam num escolhido dia da semana. Mas assim como apareceu, acabou sumindo devido ao descaso dos segmentos ao quais poderiam interessar. Naquela praça, todas a quintas feiras, aglomerava um caldeirão de grupos. Em tal logradouro haviam tendências que se somavam e outras tantas que se hostilizavam. Esse fenômeno que se extinguiu suplicando para ser estudado por uma equipe mista de profissionais: sociólogos, psicólogos, assistentes sociais e quantos mais fossem necessários para um dignóstico plausível.