ABANDONO




Criei meus filhos com muito sacrifício, depois de ter perdido a minha companheira com quem viví feliz  durante muitos anos, tudo aconteceu naturalmente, a idade foi minando nossas forças, nossas crianças cresceram e foram cuidar de suas vidas, cada uma delas constituiu família e se foi.

Eram dois filhos, marina e Alex, hoje aquí atirado na sargeta fria e suja, meus pensamentos vão longe lá no passado, onde ainda posso ouvir os gritinhos dos nossos dois filhos a correrem pela casa e bricarem de esconde esconde no quintal.

Enxugo as lágrimas e tento dormir, o vento frio castiga meu corpo gelado, tento me cobrir, me agasalhar, mas o jornal que eu conseguí durante o dia, é curto e não cobre parte de meus pés que estão duros de tanto frio.

A muito custo e com muito trabalho cumpri minha promessa que fiz a minha esposa antes dela se ir desta vida, sua últimas palavras foram de preocupação com futuro das crianças.

Fez-me prometer-lhe, no leito da morte que os manteria na escola até que estivessem formados, eu jurei que o faria e o fiz. Alex o mais velho é médico, Hoje vive na Itália está muito bem. Marina a caçula, formou-se arquiteta e foi embora para o  méxico, onde está muito bem de vida, casada com um engenheiro famoso vive feliz.

Para conseguir dinheiro para pagar a faculdade deles tive que vender tudo o que tinhamos conseguido juntar, eu e minha saudosa mulher .

Sem força para recomeçar fui para um alberge um asilo de velhos, os meus dois filhos, com vergonha de me verem assim, nunca mais voltaram, me visitar.

Não suportando os maus tratos no asilo, fugí e hoje vivo minha velhice nas ruas, caminhando sem rumo de um lugar para o outro enquanto a morte não vém me libertar.