DIAMANTINA...PRA FRANCÊS VER !

PRA FRANCÊS VER!

Cai à tarde nos raios do sol que se extinguem.

Os cerrados recebem desenhos arabescos na fuga do astro-rei para detrás das cortinas rendadas de pequenas árvores retorcidas.

Nas vertentes das encostas dos penedos, uma cidade mesclada de casarões seculares e de residências modernas começa a fechar os olhos para o descansar da canícula do dia que se escoa.

As aves recolhem-se celeremente aos arvoredos.

O cintilar das águas de dois ribeiros que a semicircundam refletem a restinga dos raios solares:

Uma música celestial vinda das corredeiras tênues em confronto com os seixos arredondados e multicoloridos se faz ouvir no silêncio da tarde-noite...

DIAMANTINA começa a dormitar!

O frio da noite próxima coloca vestes salivares na povoação e orvalha as suas “sempre-vivas” (flores silvestres locais de hastes únicas, retas e finas) com florzinhas brancas de múltiplas pétalas eivadas nos areais dos vergéis circunvizinhos.

Com a noite avançando nos portais da cidade, a população vai-se recolhendo a fugir do frio, enquanto boêmios e trovadores ocupam as praças e ruelas com seus violões em serenatas tangentes e acalentadoras.

Nos bares, baiúcas e botequins correm as “pinguinhas” sem nenhuma arruaça ou escândalo... Tudo entre irmãos!

Nenhum policial é convocado para as rápidas desavenças, porventura ocorridas, os próprios participantes se harmonizam recolhendo os mais exaltados aos seus dormitórios os acompanhando sem a mínima violência, dessa forma, a noite transcorre pacificamente e o dia se aproxima...

DIAMANTINA começa a acordar!

Abrem-se as cortinas dos coqueiros mirins nos topos das serras e o sol aparece renovado, límpido de poluição e... Grandioso!

Os seus raios percorrem as reentrâncias das montanhas desfazendo o desenho das sombras e renovando o brilho das águas nos sopés da cidade rejuvenescida.

Portais imemoriais ombreiam-se com os hodiernos e reflete em suas arestas a beleza da manhã radiosa.

Garimpeiros apanham as suas bateias e peneiras e, armados de enxadas e alavancas, encaminham-se para os rios, gupiaras e/ou o Jequitinhonha, famoso rio um pouco distante da cidade que serpenteia entre as serras, matos retorcidos e barrancas de areias.

Os tropeiros arrebanham os seus animais nas ravinas próximas rumando para a cidade e para o mercado municipal, já pensando no retorno ao interior, levando, então, as mercadorias citadinas trocadas pelo produto da terra, e, ao mesmo tempo, os seus colegas de profissão se aproximam com novas levas de mercadorias para o mesmo afazer comercial.

As ruas, com pedras arredondadas e lajeadas seculares, são profanadas pelos andares ligeiros de soldados a caminho do quartel, comerciários para as lojas e alunos para as escolas: Pedras essas que deveriam ser pisadas com meias de sedas dado ao seu passado glorioso, piso de reis, rainhas, séqüitos e... SOFRIDOS E ESQUÁLIDOS ESCRAVOS!

Os turistas se engalanam nas treliças e janelões históricas a observarem o povo humilde, calmo e hospitaleiro.

Passado o primeiro momento de embevecimento e após os primeiros contatos iniciais, os “estrangeiros” ficam conhecendo a cidade e a vizinhança, descobrindo, na periferia, a “Sentinela” e os “Cristais”, o último pela sua beleza de águas escurecidas pela proximidade envolvente da serra em forma de catedral e, a Sentinela, pela beleza campal, também ao pé da serra, de onde desce um riacho serpenteante, com águas puras, frígidas e límpidas, tendo ao final o encontro com um rio de águas tépidas.

O viajante/turista delicia-se em demorados banhos despreocupados com eventuais chuvas, isso, em razão da água não se sujar por vir da serra próxima em lajeados e areias lavadas e brancas.

DIAMANTINA é uma cidade recostada na serra, deitada numa gupiara de diamantes, tendo sua “mão” direita sobre o rio da prata, à esquerda acima do rio grande e, os pés, na confluência desses mesmos rios.

A cidade observa, no horizonte não muito distante, o “Pico do Itambé” em forma de batéia emborcada sobre a bacia do Jequitinhonha, o município fica a nordeste do estado e ligado à capital por via asfáltica.

FALAR MAIS DE DIAMANTINA (TERRA DO SAUDOSO PRESIDENTE KUBSTICHEK E... MINHA!) É DESGASTAR COM LETRAS A OPORTUNIDADE ÚNICA DA SURPRESA DO TURISTA E SERIAM NECESSÁRIOS MIL E UM DIAS E PÁGINAS PARA TAL MISTER.

Se Napoleão Bonaparte, ao colocar o rei de Portugal em fuga para o Brasil, o tivesse seguido e, nessa perseguição, o tivesse ultrapassado em nosso território chegando a Diamantina, na certa a história teria tido outro final:

O seu sangue Francês combativo teria se diluído ante tanta beleza, sendo “bon vivant” como um autêntico francês e, portanto, amante das artes, teria se enamorado de nossas plagas, nossos riachos e dos alcantis imemoriais.

A “Serra do Isidoro” tornar-se-ia a sua Bastilha prendendo-o pelo coração e pela visão, a nossa “Sempre Viva” tornar-se-ia a sua Flor de Lis, o Pico do Itambé transformar-se-ia no seu “Louvre” e ‘Can-Can”:

Nunca haveria o “Waterloo”! Simplesmente por que... NÃO SE SUCUMBE NO PARAÍSO!

Todavia, Napoleão limitou-se a assustar o monarca luso, com isso, permitiu que tal rei viesse para nós descobrindo, funcionalmente, o Brasil, passando a coletar nosso ouro e diamante das nossas minas com a mão escrava e subjugada, quase que totalmente alheio à verdadeira riqueza de nossa flora/fauna silvestres e rios.

HOJE, não temos mais dominadores e Portugal é nosso irmãozinho, resta, tão somente, descortinarmo-nos aos olhares conhecedores da beleza, como são os dos requintados franceses:

Oh francês, sedento da fuga da chaminé, vire leme e pensamento pra o reflexo do Itambé, onde verá deitada na serra, banhada em água cristalina, a mais bela cidade da terra, a minha doce... Diamantina!

S.A.BARACHO

E-mail: conanbaracho@uol.com.br

Fone: 0(xx)31 38466567

Sebastião Antônio Baracho Baracho
Enviado por Sebastião Antônio Baracho Baracho em 05/11/2006
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