Olhos Azuis sobre a maré

Meu pai se chamava Nino Poletti. Aos 8 anos de idade começou a trabalhar, ia para escola com calçados de madeira. Nasceu e morreu católico apostólico romano. Nasceu em Pordenone, norte da Itália, apaixonou-se em Santos SP, escolheu Gramado – RS para viver seus dias. Lutou na segunda guerra mundial, foi condecorado pela marinha italiana, além de ter sido comandante, recebeu a Estrela Púrpura, por salvar várias vidas em combate, até mesmo o inimigo. Um amante do mar, com olhos da cor do mar, azuis. Mas um azul diferente, chamado na Itália sua de ‘cerulli’.

No Brasil teve 03 filhos, Janaina, Nina – já falecida em 1989, e Luigi, mesmo nome de seu avô. Martha, seu grande amor, dedicou-se por toda sua existência ao lado dela, quando jovem nas horas felizes, nas viagens, passeios, jantares românticos com luz de velas, nas crises de ciúmes fervente, nos beijos matinais, na hora de sua despedida ...minha mãe sempre mostrou um respeito ao meu pai, somente comparável à forma como ele a tratava, como um gentleman. Para os filhos, a educação sempre foi justa: não matar, não roubar, não usar o nome de Deus em vão, ter honra, ter moral, ser fiel, não desprezar nada ... nem comida,nem dinheiro, nem pessoas... Um homem que na infância sofreu muito, lutou pelo seu país, cresceu e teve uma vida muito boa, desfrutou do melhor, viajou muito, depois passou dificuldades financeiras, mas nunca em momento algum perdeu o sorriso nos lábios, e o amor a mulher da sua vida. Ensinamentos nobres que as pessoas de hoje em dia não querem mais valorizar. Mas o que importa realmente nessa vida é a sua moral, sua ética e seu valor pessoal, que te acompanha onde você for.

Gostaria de agradecer a equipe do Hospital Arcanjo São Miguel, em especial as técnicas e enfermeiras da UTI, e aos médicos: Ubiratã, Francisco, Marcio Muller, Gilson Braga e Marcelo Rangel, pela dedicação, pela fé, esperança e humanidade. Por dedicarem suas vidas a dignidade da saúde humana, por levarem esperança de vida, levar a nobreza de seus atos aos corações sofridos, aos que necessitam de mais do que a ciência pode oferecer: o amor ao próximo. Não menos nobre os serviços prestados pela Funerária Santa Terezinha, que nos ajudou em tudo num momento onde as pessoas perdem o chão, eles nos guiaram com muita calma, e delicadeza, tentanto fazer do momento doloroso não muito sofrido...especialmente Andrea Zimmer.

Com sentimentos de saudade nesse momento de despedida, esperando que no plano celestial, nos encontraremos mais uma vez.

Ate Breve, comandante Poletti *28/09/1922 ---03/04/2011

Janaina Poletti, Luigi Poletti, Martha Poletti, e Erick Poletti ( família de Gramado)-

Luisa Allero Poletti, Alessandro Poletti e família, Francesco Poletti e família ( família de Milão)