Doce Saudade

Entendi-a quando senti falta de mim. Pude então me procurar. Procurei-me em lugares por onde havia percorrido. Cada passo doía tudo em mim e me torturava em horas de silêncio sem me entender. Parecia que a saudade me queria tanto quanto eu a desejava. Minhas lágrimas eram doce e sustentava toda àquela busca incessante. Em noites infindáveis entreguei-me ao desejo de me encontrar. Eu a chamava e, sem recuo, nos aconchegávamos àquele gosto amargo que nos envolvia. Eu sentia a saudade e ela se alimentava de mim. Algo que parecia não ter vivido despertava meus olhos já temidos e acovardados. Comecei a suportá-la, pois a sentia dentro de minha alma. Eu parecia ter nascido pra ela e ela por mim, e quando não a ignorei, pude então entendê-la, e minha insanável busca refletia agora outra cor. Passei a amá-la como sempre amei a mim mesma, e transformei o que me doía em alegria, e as buscas agora movia meus lábios na cor de um sorriso. Já não alimentava de minhas lágrimas e comecei a dar cor à tanta doçura. Quando abracei-a, pude então me encontrar. Ela cuida de tudo que nos faz bem, ama o que amamos. Repousa nossa lembranças pra nossa memória não ir além. Perdoei-me pelo cansaço, pelas lágrimas e pela dor. Dei à ela um nome, e chamei-a de "Meu Amor".

adiv
Enviado por adiv em 30/01/2012
Reeditado em 10/02/2012
Código do texto: T3469399