Gosto de tempo

Eis a menina que passou,

passeou,

percorreu vários poemas,

se cansou, foi embora.

Se foi como a chuva

prometendo regresso

ao encontro do recesso...

quatro paredes

sem guizos, nem festas

apenas, apenas promessas

de um inesquecível amor.

Eis a chuva, sem a menina

com mistura de sal,

de lágrimas pela boca,

de rosto sem sabor

imperfeito pelo tempo.

Eis o poema sem o passeio dela,

ao meu cansaço em tropeços

pelas vírgulas e pontos,

sem acentos ao repouso.

Eis o reconhecimento do fracasso

crivado pela derrota,

gravada em meu peito

eternamente, sempre eternamente...

calada aqui dentro.