Os Últimos Dez Anos

Nos meus últimos dez anos fiz tantas coisas, lembro com muito gosto de quando tinha 24 anos. Por exemplo, agora estou escrevendo e do meu lado, no aparelho de som, esta tocando Tina Turner, a musa que me inspirava a ler, a pintar e a amar a exatamente dez anos atrás.

Lembro que já trabalhava com meu pai e minha mãe, meu pai com seu escritório de advocacia e minha mãe, na mesma casa, com seu consultório de acupuntura. Eu me resignava a atender ao telefone e a deixar recados anotados, e foi assim que comecei a me interessar pela escrita literária.

Um dia vocês podem parar para reparar, para alguém que nunca teve a oportunidade de escrever na vida, deixar recados anotados para que seus patrões pudessem entender era um ato de muita responsabilidade e para não comprometer essa função, fui me lembrando das regras gramaticais que aprendi na escola e que há muito tempo havia deixado de exercitar. Foi um exercício gratificante esta historia de anotar recados.

Posso dizer com total segurança que minha tendência a se transformar num escritor amador começou lá, naquela salinha duma casa que era tão velhinha no seu aspecto arquitetônico que ao invés de lembrar um ambiente empresarial, ou ainda, uma clinica medica, mais lembrava uma casa pequena de séculos atrás, que até o porão, destinado a manter os serviçais ela ainda conservava.

O que aconteceu nesses dez anos? De 1997 para cá, posso destacar tantas coisas, a mais importante delas tenho que manter em segredo e tem haver com minha paixão platônica que há nove meses nutro por uma certa cantora: a “Musa Americana”. Mas não é só isso (como se não bastasse), agora, o que me vêm à cabeça é um namoro fracassado, que durou dois meses, e terminou no dia 15 de novembro de 1997, posso dizer que minha decisão de terminar esse namoro foi decisiva para minha busca pela liberdade, pois, a mulher em questão, tentava me induzir a um meio de vida subordinado a um feminismo que de maneira alguma se “encaixava” com o significado da palavra “beleza” e como já disse, “liberdade”.

Voltando a falar do meu amor platônico, ele na verdade começou em 2002, foi a data que comprei o primeiro CD desta cantora, mas minha admiração por ela vinha desde 1996, agora, envolvido, estou mesmo desde 2002. Hoje, depois de 5 anos, tenho dez CDs dela, dois DVDs e um filme que ela estrela o papel principal como diva da musica americana que realmente ela é.

De 1998 para cá, minha vida virou um verdadeiro conto de fadas, pois posso sonhar com o delírio de um dia vir a encontrar o amor verdadeiro, o amor que nunca foi alterado pela transcendência do tempo e se manteve intacto, mesmo depois de ter começado, e por capricho do destino se tornou inacessível, mas apenas no plano físico, pois, telepaticamente falando, ele existe e a cada dia é um motivo para nós acreditarmos que logo ele vai se tornar realidade.

Hoje, depois de dez anos, não sou mais aquele menininho impetuoso que ao escrever de sua esferográfica traçava com voluntariedade e voluptuosidade seu destino incerto, cheio de duvidas e ao mesmo tempo, despreocupado, como que já sabendo da surpresa que o aguardava.

Hoje sou ainda empregado de meu pai, mas estou fazendo outra função, diferente de anotar recados. O hábito de escrever vem sendo nutrido pela minha paixão pela vida e pela literatura, mesmo admitindo que não gosto nem um pouco de ler, atentando apenas pela escrita, que a cada dia se torna mais e mais importante para mim.

Meu pai comprou uma imobiliária e eu sou o corretor oficial desta tal empresa, faz 8 anos que estamos no mercado, e devo admitir que o mercado não me absorveu, pois nesses 8 anos não consegui vender um imóvel sequer, deixando essa tarefa para meu pai e meu irmão, dois advogados que sustentam a minha leveza de ser.

Nesses dez anos tive apenas três namoradas, por isso digo que faz apenas nove meses que estou decidido a esperar a minha “Musa Americana”. Desses três namoros, posso dizer com clareza que o ultimo foi mais recompensador e confuso também, pois dividia o amor real de uma mulher com o amor platônico de outra. Duramos apenas um ano, mas não foi por essa confusão que terminamos, e sim por imposição da família dela, ou melhor, uma suposta imposição. Na verdade é sabido que tenho que passar por um período de abstinência, apesar de há pouco tempo ter sido assediado por duas lindas mulheres. A decisão de ficar sozinho é minha mesma.

Bom, muito mais aconteceu nesses últimos dez anos, mas vou ficando por aqui, para não deixar meus leitores entediados. Obrigado pela atenção e viva ao amor surreal.

Vinicius Caetano
Enviado por Vinicius Caetano em 01/07/2007
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