Só...



Pra uma só saudade
bastaria, apenas, um não.
Não à chuva que esfria o pensamento,
que te procura em cada pingo,
em seus intervalos.
Não ao afago que hoje não é mais,
e se foi não saberei jamais.
Pra uma só saudade,
basta tua ausência em cada silêncio,
em cada nota que sobe ao espaço
levada pelo vento,
cheiro do teu perfume, aroma
que muda meu fraco idioma
e me faz confuso, desentendido.
Pra uma só saudade,
bastou aquele adeus,
aquele toque que as mãos negaram,
que os olhos se furtaram.
Pra uma só saudade,
nos vir o sol que raia dourado
e te faz bronzeada, me lembro,
me fazendo azul de paixão,
negro de ciúmes.
Pra uma só saudade
basta o corpo esguio se afastando,
sem roubar um tímido olhar.
Tanto existe aqui neste campo,
fria e vazia, tão silenciosa
que tudo é caminho pra uma só saudade.