UM ARMAGEDOM EM CADA PESSOA

Para saber o que será a tão polemizada Batalha do Armagedom, é imperativo saber o que é verdadeiramente Armagedom. Em tempos anteriores a Cristo, mais de 800 anos antes, houve uma batalha assim, conforme descrito na Bíblia, no livro de I Reis 18. Tal batalha deu-se após um período de grande apostasia, quando o povo de Deus, do Israel do Norte, se bandeara quase que completamente para adoração de deuses pagãos em busca de prosperidade material, seguindo seus desejos desumanos, exploradores e opressores. Exatamente a condição que nosso mundo se encontra atualmente em crescente avanço.

A ver a coletiva crueldade que se erigia, a desumanidade que tomava conta da nação, Deus chamou o profeta Elias e o incumbiu de mostrar ao povo iludido quem era verdadeiramente Deus, o Criador de todas as coisas ou o deus criado de pedra chamado Baal, adorado pelos fenícios. E depois de três anos e meio de seca a qual ele ordenou em nome de Deus, o povo foi reunido juntamente com o rei apóstata Acabe, que seguia as orientações religiosas de sua mulher sacerdotisa de Baal. Na montanha de Megido (que significa Armagedom), Elias mandou que se construíssem dois altares, um para Baal e outro para Yaweh, o qual mandou encharcar com água após preparada a oferenda. E, depois de os 400 profetas de Baal clamarem se auto-flagelado por toda a manhã em rogos sem sucesso para que Baal fizesse cair fogo do céu sobre a oferenda que lhe fizeram, Elias dirigiu-se ao povo e ao rei dizendo: "Até quando estareis capengando (indecisos) entre uma coisa e outra? Se o Senhor é Deus, segui-o, se Baal, segui-o". I Reis 18:21. Então orou a Deus que imediatamente fez cair fogo do céu que consumiu não só a oferenda, mas também a água do córrego em volta do altar, bem como as próprias pedras do altar.

Tais palavras combinadas com a resposta do Deus que existe desencadearam no intimo dos indivíduos presentes uma guerra espiritual. Seus desejos de riqueza, interesses e negócios egoístas e mundanos representados por Baal (o deus da prosperidade) passaram então a ser combatidos e a combater as convicções espirituais representadas por Yaweh (o deus da igualdade, fraternidade e liverdade), conforme foi dito que “a palavra de Deus é mais cortante que uma espada de dois gumes, capaz de dividir corpo e alma”. – Hebreus 4:12.

Assim foi o Armagedom tipo e nesse dia somente os profetas de Baal morreram literalmente, mas há alguns anos a sacerdotisa Gezebel vinha matando os profetas de Deus sem dar-lhes a menor chance de defenderem-se. Somente não exterminou a todos porque o mordomo real escondeu a sete mil deles.

Entretanto, esse Armagedom tipo é também uma alegoria dos conflitos entre o bem e o mal que têm sido travado no íntimo dos indivíduos por toda a história. Assim é Armagedom antítipo – uma batalha que se trava na mente e no íntimo dos indivíduos desde todos os tempos, se acirrando muito mais na atualidade a medida que a pregação do Evangelho avança e as pessoas são postas em crise de consciência. Esse Armagedom põe suas convicções espirituais em conflito com seus desejos carnais e ambições egoísticas. Ao conhecer a Lei Moral de Deus e verem seu egoísmo e imoralidade expostos, os humanos vêm-se repreendidos quanto ao seu estilo de vida degradante e reagem com violência. A maioria já odiava os próprios pais por repreendê-los nalguma falha, muito mais odiará a Palavra que agora lhes reprova tudo que mais amam – o estilo de vida individualista, indiferente, sem misericórdia, promíscuo, efêmero, profano. E a reação de muitos é desastrosa, pelo que odeiam e muito mais passam a odiar os crentes e a Palavra que eles pregam, crescendo esse ódio a medida que o egoísmo e insolência contra Deus aumentam.

Sendo que o povo tem escolhido mais o mundanismo do que Deus e muito de mundano tem entrado nas igrejas através da música profana (melodias do mundo com letras de louvor) e práticas financeiras gananciosas, cruéis e impiedosas, além de outras coisas como prostituição, impiedade, segregação, violência doméstica, abuso, desrespeito a Lei de Deus, etc., por tudo isso o Espírito Santo de Deus tem intensificado e intensificará cada dia mais o combate a essas práticas através de Seus servos, abrindo os olhos dos crentes e da humanidade para que descubram novamente que o verdadeiro Deus é o “Criador do Céu e da terra e das fontes das éguas” (Êx. 20:8 a 11 – Ap. 14:7) e a Ele e Sua Norma de conduta (Sua Lei) é que devemos sujeitar nossas vontades, guiar nossas vidas para colhermos os benefícios, especialmente aquele no qual culminará todos esses eventos que assistimos – a volta de Jesus Cristo e remissão dos salvos. E, com essa reação do espírito Santo através dos Seus sevos, como disse Elias, cada um ouvirá em seu íntimo: “Se o Senhor é Deus, segui-o, se o dinheiro, segui-o, se a prostituição, segui-a, se os desejos, segui-os, se a exploração, segui-a, se a tradição religiosa, segui-a, se os falso profetas, segui-os, se a ganância, segui-a, se a cobiça, segui-a, se o mundanismo, segui-o, se a televisão, segui-a, se o cinema, segui-o, se a vaidade, segui-a, se o consumismo, segui-o, se o exibicionismo, segui-o, etc.”.

Entretanto, como a humanidade atual está muito mais obstinada por seus intentos que o rei a Acabe e sua esposa, a maioria das pessoas se sentirá ofendida com esse ultimato moral. Então se desencadeará a perseguição dos revoltados adoradores do mundanismo contra os que trabalham para restabelecer a soberania do Senhor nos corações. E, como foi com Elias, os servos do senhor serão outra vez perseguidos até que o seu Senhor apareça nas nuvens do céu para os buscar, dando fim então a última Batalha do Armagedom, que é o conflito de consciência saindo do íntimo dos indivíduos e tomando a forma de perseguição e agressão física por esse ímpeto desesperado de calar a inoportuna voz da consciência.

Que cada um de nós possa adotar o lado da Verdade nessa contenda, pois esse lado triunfará e o restante será consumido com a espada de dois gumes que sai da boca do Cordeiro, onde, além da norma de conduta moral de Deus, está escrita a sentença e o castigo com o qual serão recompensados o inimigo e seus seguidores. Essa espada é a Palavra de Deus, por isto ela sai-lhe da boca e ela mesma é que é cortante ao pondo de dividir corpo e alma.

Wilson do Amaral

Autor de Os Meninos da Guerra, 2003, e Os Sonhos não Conhecem Obstáculos, 2004.