PORQUE FOMOS CHAMADOS? PARTE I: O AMOR...

Há muito tempo o amor perdeu o sentido da sua existência. A Palavra do Senhor diz que no fim dos tempos, o amor de muitos se esfriaria. Acho que o fim dos tempos, então, está batendo à porta.

Quando leio a Bíblia, entendo que amor, é mais que um estado de espírito, mais do que um sentimento de prazer, mais do que uma sensação que temos por alguém que nos agrada, mais do que compaixão ou piedade. Jesus não somente nos aconselhou a nos amarmos, mas ordenou que o fizéssemos. Quando penso que temos uma ordem para fazermos alguma coisa, me lembro que fazer indica ação e ação indica escolha e escolha implica em responsabilidade. Ou seja, temos a responsabilidade, que nos foi atribuída pelo próprio Jesus, de escolhermos tomar a atitude de amar as pessoas.

Pensando dessa forma, percebo que não é a intensidade do meu desejo sexual por alguém que revela o quanto amo essa pessoa; da mesma forma, não é o fato de eu estar em um estado de espírito amistoso que me fará amar alguém, nem mesmo a sensação que tenho ao estar perto dessa pessoa. O que me faz amar é a minha escolha. E escolha acontece quando há uma vontade.

Então, sou levada a uma nova reflexão: por que minhas vontades são tão más? A Bíblia diz que a tentação vem pela própria cobiça do homem, seduzido pela sua vontade carnal (Tiago 1.14). Quando se fala em tentação, não se pode restringi-la a problemas financeiros, de relacionamento ou de desejo sexual ilícito, mas de toda vontade de praticar atos que não agradam a Deus, como o simples fato de querer gastar meu dia de folga todo ouvindo louvor, ou em um almoço com a igreja, ignorando um mendigo que está deitado do outro lado da rua. Jesus não agiria dessa forma, ou agiria? E ninguém melhor do que ele para nos dar lição de moral, não é mesmo? Para entendermos, basta pensarmos na parábola do bom samaritano. Percebo, então, que nossas vontades são egoístas, mesquinhas e, muitas vezes, avarentas.

Gandhi quase morreu jejuando para que o povo hindu deixasse de guerrear; os católicos pagam promessas subindo escadarias enormes de joelhos, em nome da fé em algum santo; budistas rezam mantras diversas vezes de joelhos em nome de sua fé. Há diversos outros exemplos de pessoas que não seguem a Cristo, mas possuem tão grande fé que sacrificam-se em nome dela. Nós seguimos a Bíblia, onde está escrito: “Misericórdia quero e não sacrifícios”. Misericórdia significa amor incondicional. Amor.

Aprendi com algum tempo de conhecimento da Verdade, que posso escolher amar uma pessoa, por isso o Senhor me ordenou que amasse até meu inimigo, porque isso é possível. Basta pensar que se eu não amar, estarei cedendo à tentação (já que não amar desagrada a Deus e toda vontade que tenho contrária à vontade Dele, pode ser considerada tentação e, uma vez consumada, pecado). A Bíblia diz que nenhuma provação é maior do que podemos suportar. Então, se amar um inimigo é a vontade de Deus, logo não amá-lo é ceder à provação, gerando o pecado. Se isso acontece, eu sequer posso dizer que “Mas é que eu não consigo!”. Pois, conseguimos. Está escrito que “nenhuma provação é maior do que podemos suportar”. Se nos foi ordenado é porque somos capazes. A provação nada mais é do que a oportunidade de mostrar se vamos ou não ceder à tentação.

Onde pretendo chegar com tudo isso? Nós –os cristãos, a quem estou dirigindo essa mensagem - somos individualmente pequenas células do poder de Deus. Quando nos juntamos em congregação, nos tornamos um membro do corpo, capaz de se movimentar, de agir, manifestando poder de Deus. E somos ainda mais poderosos quando somos não uma congregação, mas a Congregação dos Santos e aí não somos células, nem membros, mas corpo. E o corpo pode fazer o que quiser, basta que o cérebro, o Cabeça, ordene. Somos seres limitados em nós mesmos, mas escolhidos, eleitos, chamados, justificados, santificados, capacitados por Cristo. Não passamos por todo esse processo para pegarmos uma Bíblia, coloca-la sob o braço e caminhar até a igreja para nos sentarmos em um banco e ouvir um louvor ou uma pregação. Nem mesmo (para os que se sentem espirituais) para irmos à frente e pregarmos, cantarmos, limparmos a igreja, dar boas-vindas aos visitantes, entre outros afazeres que uma pessoa humanamente religiosa é capacitada a fazer. Vai mais além...

O amor incondicional. O amor capaz de amar um inimigo. O amor que faz com que prestemos um culto racional em sacrifício vivo e agradável a Deus é um amor muito maior do que esse que exemplifiquei acima. Trata-se de um amor que coloca o outro superior a si mesmo. Um amor que entrega seu dia de folga para caminhar no sol ao encontro de um mendigo ou usuário de drogas para levar uma Palavra de conforto e esperança; ou ainda lhe oferece a oportunidade de tomar um banho, comer um strogonoff de frango com batata palha, arroz branco e salada de alface e tomate, como você costuma comer – mesmo que para isso precise leva-lo a sua própria casa. Mas aí você está pensando: “Até parece! E se ele roubar-me algo?!”. Concordo com você. Existe essa possibilidade. Claro, me esqueci. Somos capitalistas e precisamos ter coisas. Então, fica difícil amarmos como Jesus amou, mesmo porque ele não tinha nem onde reclinar a cabeça. Senti piedade de mim mesma agora. Como posso ansiar ser como meu Mestre, se não posso negar minha própria vontade de ter coisas, para fazer o bem a alguém que precisa mais do que eu?!

Risos. Bem que eu queria poder sentir piedade de mim e dizer: “ Sua boba! Você nunca vai conseguir. Você não é capaz de amar um desconhecido tanto assim”. Mas, então, me lembro do livro de atos, quando a igreja primitiva se reunia e vendia seus bens e entregavam aos apóstolos para que eles distribuíssem aos pobres. Como eles conseguiam?! É claro. Por um momento me esqueci das reflexões que fiz nos parágrafos anteriores: se recebi esse mandamento é porque sou capaz de obedecê-lo. Então, concluo com o seguinte texto: “E disse Jesus: deixo-vos um mandamento: ‘Que vos ameis uns aos outros conforme eu vos amei’”. E mais este: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”. Dos quais podemos concluir que devemos nos amar como Jesus nos amou, isto é, dando nossas vidas pelos nossos amigos. E não questione o texto, dizendo: “Dar a vida pelos amigos, não pelos inimigos...”. Pois não cita os inimigos, porque este não se trata de alguém de carne como nós, mas sim de principados e potestades.

Amor. É o maior dos três que permanecem (a fé, a esperança, e o amor). É uma escolha, proveniente de uma vontade. Quais são as suas vontades? Elas estão de acordo com a vontade de Deus?