A Compreensão do Homem Quanto ao Pecado e aos Pecados

Antes de sermos salvos não sentíamos o prejuízo do pecado. Tudo o que sentíamos era o prejuízo dos muitos pecados. Mesmo depois que nos tornamos cristãos, o que nos entristecia eram os nossos muitos pecados, não o pecado em si. Apesar de salvos agora, ainda podemos mentir ou perder a calma, ter ciúmes e ser orgulhosos, ou sermos inadvertidamente relaxados com os pertences alheios. Portanto, esses pecados individuais nos aborrecem. Que devemos fazer? Chegar diante de Deus e pedir perdão por esses itens um a um. Podemos dizer: “Ó Deus, eu agi mal hoje. Pequei novamente. Por favor, perdoe-me”. Se você fez doze coisas erradas ontem, sentiu-se triste interiormente. Mas se fez somente duas coisas erradas hoje, deve estar alegre interiormente, porque cometeu bem menos pecados hoje, e que há menos pecados em você agora. Contudo, deixe-me lembrar-lhe de que isso é apenas o estágio inicial de uma vida cristã. Nesta fase ficamos tristes somente pelos muitos pecados que cometemos.

Após sermos cristãos por muitos anos, percebemos que o que nos entristece e aborrece não são os muitos pecados, mas o próprio pecado. Por fim, descobrimos que não são as coisas que fazemos que estão erradas, mas a nossa pessoa é que está errada. Não são as coisas que fazemos que são más; é a nossa própria pessoa que é má. Passamos a perceber que todas as coisas que temos feito são meras questões exteriores e que a verdadeira coisa má é a nossa pessoa. Há um princípio natural em nós que nos leva a pecar. As coisas exteriores podem ser de muitas categorias. Podemos chamá-las de orgulho, ciúmes, impureza ou de quaisquer outros nomes. Pode haver todos os tipos de pecados fora de nós. Mas dentro de nós há um único princípio, e é algo que anseia pelos pecados. Há uma inclinação dentro de nós em direção aos pecados. Existe algo em nosso ser que deseja estas coisas externas. Esse é o motivo por que a Bíblia faz com que esses pecados exteriores estejam no plural; eles são percebidos item por item.

O orgulho é um, a mentira é outro, e a fornicação é ainda outro. O orgulho é diferente do assassinato, e a mentira é diferente da fornicação. Mas existe somente uma coisa que nos inclina a pecar, que nos controla e nos atrai. A razão de pecarmos é que há uma lei dentro de nós. Ela constantemente nos conduz aos pecados exteriores. Na Bíblia este pecado está no singular. Ele não denota nossa conduta; pelo contrário, denota nossa natureza. Este pecado está na nossa natureza e precisamos ser libertados dele.

Uma vez que a salvação de Deus para o homem é completa, Ele necessita livrar-nos dos muitos pecados e também do pecado em si. Se Deus somente nos livrasse dos muitos pecados, sem nos livrar do pecado, então não se poderia dizer que a salvação de Deus é completa. Uma vez que haja duas coisas conosco, os pecados e o pecado, precisamos de uma salvação dupla.

Por um lado, precisamos ser libertados dos muitos pecados. Por outro, precisamos ser libertados do pecado. Nas próximas páginas veremos como, no cumprimento de Sua salvação completa por meio da redenção de Cristo, Deus nos livra tanto dos pecados como do pecado.

Posso esclarecer melhor com uma ilustração. Os muitos pecados são como os frutos de uma árvore. Eles existem individualmente, e uma árvore pode produzir algumas centenas deles. É assim com os pecados. O pecado, por outro lado, é como a própria árvore. O que nós, os pecadores, vemos com os olhos é o fruto. Percebemos que os frutos são maus, mas não vemos que a árvore é igualmente má. Os frutos são maus porque a árvore é má. É assim que Deus nos ensina a entender o problema do pecado. No início Ele nos mostra os pecados individuais. Por fim, Ele nos mostra a nossa própria pessoa. No início precisamos de perdão porque temos cometido pecados. Mas após um tempo compreendemos que precisamos ser libertados porque somos pecadores.