COMO JESUS PÔDE PAGAR POR NOSSOS PECADOS SE ELE NÃO PECOU? E PORQUE NÃO PODERIA SER OUTRO A CUMPRIR ESSA TAREFA?

Jesus somente pôde pagar por nossos pecados porque Ele não pecou. Qualquer ser humano que jamais tivesse pecado poderia fazer o mesmo, se tivesse amor suficiente para dar sua própria vida em favor de seus inimigos. Uma vez, porém, que os pais da humanidade pecaram, todos os seus descendentes nasceram com propensão a pecar e não haveria um humano capaz de não pecar, pois ninguém mais seria como o primeiro casal antes de terem aberto o precedente de pecar, pois eles não tinham propensão ao pecado. Sendo então que não mais se acharia ser humano sem pecado, também nenhum teria mérito para morrer em punição aos pecados dos outros. De qualquer forma, Deus desejava que essa morte punitiva substitutiva em favor do ser pecador tivesse conotação maior do quem a simples substituição em si; Ele desejava que essa morte substitutiva fosse um flagrante irrefutável da afeição Divina por Suas criaturas; que fosse uma prova inconfundível do supremo apresso que Ele tem por essas criaturas. Por isso deveria Ele mesmo sofrer essa punição no lugar dos culpados, mostrando que, ao contrário do que se poderia pensar (e Lúcifer disse no Céu), o Criador não é sanguinário e, tampouco, tem prazer no sofrimento de Suas criaturas.

O pecado requer do transgressor a morte, pois é a morte mesmo que o pecado produz e a morte definitiva é que a civilização está produzindo. E para que o efeito da morte definitiva do primeiro indivíduo pecador não se ampliasse e, em efeito cascata, produzisse a morte definitiva de todos, a esse transgressor carecia morrer. Morrendo, ele teria seu pecado pago, merecendo novamente a vida, mas não a teria para usufruir e nem a receberia de volta, pois perdê-la resultara de sua livre escolha. Se Adão e Eva morressem logo após terem pecado a humanidade seria exterminada ali, pois ninguém mais viria a existência. Então, para que o pecador não morresse de imediato e pudesse, juntamente com a humanidade pecadora, conhecer o efeito degenerativo e exterminativo do pecado, Deus proveu Sua própria morte em punição ao pecado do pecador. E ao mesmo tempo o pecador teria oportunidade de comparar a bondade de Deus em contraste com os efeitos declinantes e exterminativos das atitudes individualistas, egoístas e destrutivas dos seres humanos. Entretanto, para que a morte de Deus em lugar da morte do pecador valesse, Deus teria que não merecer a morte para Si, pois senão teria que morrer em punição de Seu próprio pecado. Não tendo pecado pelo qual pagar com Sua visa, Deus teria crédito para dar a vida em lugar de quem já merecia a morte.

O fato de Jesus ter voltado dos mortos demonstra que como humano Ele experimentou toda sorte da vida comum dos humanos, mas não esgotou Seu direito a vida pagando por Seus pecados com a morte que sofreu, pois não pecou em nada do que Seu antecessor, Adão, pecou e não incorreu em nenhum tipo de pecado. Mas como Ele pôde não pecar, se, como nós, nasceu também de pecadores, descendentes de Adão e Eva? Jesus não pecou porque, como era com Adão e Eva antes de pecarem, Ele não tinha a propensão de pecar, o que temos, mas Ele nasceu com a mesma natureza incorrupta que nossos primeiros pais tinham antes de terem-na corrompido. Sendo assim, Jesus poderia escolher pecar e consumar o pecado, como eles escolheram e consumaram, mas Ele não tinha a inclinação que temos para pecar, como quando Deus nos diz “Wilson, olha a gula!” e respondemos, “Senhor, olha a massa!”.

Por ser então que Jesus não tinha Seus próprios pecados com os quais esgotar Seu direito a vida, Sua morte valeu e segue valendo como pagamento pelos pecados de todo que aceita essa morte substitutiva como único meio de pagar por seus pecados pessoasi. E essas pessoas, embora tenham também pecado, como era o caso de João Batista, jamais terão que morrer em punição a esses pecados. Ao contrário, poderão continuar vivendo, não tendo que morrer definitivamente (não tendo que ser exterminados), e poderão adentrar a eternidade sem ter experimentado a morte intermediária se Jesus voltar antes que ela os tome. Mas, mesmo que morram essa morte intermediária, poderão ser ressuscitados, pois a dívida de morte de todos já foi paga e todo que tiver morrido em Cristo receberá de novo a vida, porque Ele morreu a morte que a cada um cabia morrer e ressuscitou dos mortos ao terceiro dia. E, para que todos possam usufruir desse bônus, a cada um cabe reconhecer que peca e merece a morte punitiva, arrepender-se de seus pecados, rogar por perdão e pagar por seus pecados com a morte de Cristo, abandonando a vida de pecados e ensinando outras pessoas a fazer o mesmo, levando-as a pôr a vida aos pés de Cristo, o Deus que puniu-se a Si mesmo para salvar os pecadores de exterminar-se a si mesmos por quererem resolver o problema do mal com o mal.

Wilson do Amaral