O SERMÃO

O mundo não é o que parece ser. Os olhos confundem-se e não vêem a realidade, pois os olhos não vêem a tudo o que existe, não são capazes de captar o que está além de vocês e dentro de vocês mesmos. É preciso desenvolver outro olho, aquele que possibilita olhar para o fundo da alma e ao universo; esse olho não terá limites de visão e poderá ver o que está escondido, o que ainda existirá e o que já existiu. Essa é a visão da alma. Depois despertem outras visões: a visão do Ser. A visão do Ser mostrará todos os registros do mundo. O que ouvem não são os sons que realmente estão soando à volta e ao longe. É preciso desenvolver novo ouvido para poder ouvir todos os sons, desde os mais altos aos mais baixos, só assim poderão ouvir os bons sons e também a voz do mundo que clama para ser ouvida. A linguagem que falam não é a linguagem dos justos, por isso precisam aprender outro idioma para que possam entender a voz do vento e do silêncio, pois é no vento que está a voz dos sábios e no silêncio que se encontra a concentração necessária para a transcendência. O caminho para a salvação está na retidão, na meditação e na sabedoria; por isso deverão operar modificação no viver, meditar profundamente e alcançar a sabedoria. Só assim vencerão a morte e os ciclos que fazem o homem retornar à vida biológica para depurar suas máculas, na tentativa contínua da evolução, moral e intelectual: um indivíduo que for moralmente evoluído e não for intelectualizado no máximo, voltará a Terra, pois é preciso paridade de sua formação perante o universo. Aquele que estiver com o coração cheio de ódio, a alma cheia de rancores, o espírito cheio de aberrações, ainda é um ser menor; não haverá lugar para ele no mundo do porvir. O desejo é o baluarte que sustenta a vida, mas aquele que estiver com os desejos voltados para as coisas mundanas, nem mesmo será chamado, quanto mais, escolhido. Aquele que faz aos outros aquilo que não quer que façam a ele, age contra todas as outras leis, por isso será retirado do Planeta; não há lugar para alguém assim perante a nova comunidade que se instalará sobre a Terra. O sapientíssimo será líder, o sábio liderado e o néscio retirado. O homem doente é o mesmo que um carro sem rodas, não vai a lugar algum; por isso sejam saudáveis. Curem seus três corpos: o corpo biológico, o psique, e o espírito. Vivam como os reposicionados: vivam com os pés no chão e a mente no astral, sempre em contato com os seres sapientes, pois é deles que virão os grandes ensinamentos. Façam fluir seus poderes: existe poder na palavra, porque a palavra é mágica. A palavra certa produz magia: usem dessa magia para glorificar. Existe poder na doçura. A doçura consegue atrair boas vibrações: usem dessas vibrações para obterem mais força para comandar as pessoas. Existe vibração em suas entranhas: usem dessas vibrações para curar todas as criaturas que lhes pedirem por caridade — mas lembrem-se, isso não é milagre: o sábio apenas comanda, é um facilitador, quem cura é a fé do próprio doente. Não facilite a cura a quem não lhes pedir, pois o bálsamo da cura é a fé, e aquele que não tem fé sofre os martírios a que se sujeitou: ou por seu passado, ou por seu presente, ou por seu futuro. Não dêem água a quem não tiver sede, pois a água é o ungüento da vida — aquele que não tiver sede de vida perecerá. Não se misturem aos profanos, dêem-lhes apenas instruções. A esmola é maléfica, porém necessária. A caridade dignifica a quem faz, mas põe em débito quem a recebe. Nunca julguem a ninguém, nem pelo que fez e nem pelo que não fez, pois o julgamento não é de outrem, é do próprio indivíduo. Conheçam os registros do mundo — primeiro seus próprios registros, depois os seus próprios registros, e se estiverem prontos, adentrem ao universo, mas só depois de conhecerem os registros da Terra. Nunca falem sobre o que acham, e sim sobre o que sabem, mas só quando lhes pedirem que falem. Se estiverem com mais uma pessoa, ouça o que ele diz; se estiverem com duas pessoas, ouçam o que dizem; se estiverem diante da multidão saiam logo. Nunca fiquem em meio à multidão. A multidão é coletiva e seus karmas também são coletivos — por isso, nunca entrem no karma coletivo — o Karma coletivo fere mais que a espada queima como o fogo, e congela mais que o Nitrogênio. Por isso não se envolvam. Individualizem-se, mas não se esqueçam de que a multidão continua existindo e ela é corrosiva como o ácido. Nunca interfiram na política deste ou daquele país, pois cada país tem seu Karma coletivo e vocês não pertencem a nenhum deles, pois são do mundo — não entrem também no Karma do mundo. Sejam alheios, mas não sejam omissos: fiquem sempre no alhures e no algures — interfiram não interferindo! O concurso de um iniciado não é por um dia, mas para sempre — por isso não tentem fazer tudo de uma só vez, pois enquanto não vencerem a morte e não encontrarem o eterno, vocês estarão sujeitos às leis do plano: onde há o passado, presente e futuro. Não confundam o futuro com o vir a ser, pois o vir a ser é real, está fora da paisagem hologrâmica. A paisagem hologrâmica não é real, nada é real no hologrâmico, nem mesmo vocês. E digo mais: aquele que não conseguir o Registro Cósmico não existe para o universo — ele é do mundo hologrâmico — e o hologrâmico é irreal.

Este texto foi retirado do romance “O Mentor”.

Hamynhas Mathnatha
Enviado por Hamynhas Mathnatha em 27/08/2011
Código do texto: T3184733
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