Durante séculos, a Quaresma tomou um aspecto de tempo pesado, no qual as pessoas jejuam, fazem penitência para pedir perdão dos seus pecados. Como se Deus precisasse disso para perdoar e ser generoso. A genuína espiritualidade valoriza mais a necessidade de interioridade que todos sentem. A Quaresma é a boa oportunidade para, no meio da agitação e dispersões que o cotidiano acarreta, reacendermos em nós o direito à profundidade da vida e nos dispormos a escutar e acolher melhor a nós mesmos, às outras pessoas e à natureza que nos cerca. Se fizermos isso, estaremos celebrando um salto qualitativo em nossa forma de ser e de viver. Esse termo “salto” em hebraico antigo se chama Páscoa e significa que o próprio Espírito Divino, mãe de ternura, faz conosco e em nós essa sua dança de renovação da vida em toda a sua intensidade.