Eis o cordeiro de Deus
 
    " Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"... Essa era a frase que sempre se repetia nas missas dominicais que eu participava quando criancinha. Confesso que eu ficava um tanto confusa, não entendia por que o padre falava sempre de um cordeiro. Ainda mais que este tinha um sotaque bem difícil de ser assimilado pelos meus ouvidos. Também nunca me atrevi a perguntar para ninguém sobre o tal cordeiro. Meus pais raramente iam a missa. Eu, sempre, aos domingos pela manhã, na missa dedicada as crianças. O padre da minha paróquia tinha um carisma todo especial com os pequeninos e sempre nos reunia no altar, após a missa, para nos ensinar lindas canções infantis.
 
     A missa para mim tinha algo de mágico, não eram apenas as palavras incompreendidas pela minha mente infantil. Cada parte da missa tinha o seu mistério. Quem era o ser tão supremo que todos aclamavam de santo? Palavra tão poderosa para uma criança. E quando o padre abria o sacrário com aquele veuzinho de renda branca, outro momento que eu reconhecia como santo, apesar de não compreender o que ele escondia ali dentro. Minha curiosidade era aguçada, queria muito enxergar o que haviam depositado ali, mas de alguma forma eu compreendia não ser digna de abrir e de tocar na santidade que emanava daquele local. E o que dizer das taças contendo as hóstias colocadas em cima do altar? Eu acreditava que todas elas surgiam depois que o padre elevava o corpo de Cristo, assim como por um toque de mágica a hóstia maior originava as menores. A minha tese da multiplicação ia mais além, acreditava eu, que quanto mais gente entrava na fila da comunhão mais as hóstias iam se multiplicando. Como explicar o fato de elas nunca acabarem, nunca faltar a nenhuma das pessoas? Ainda mais que eu sempre ia ao Santuário de N. S. dos Impossíveis. Quantos peregrinos, igreja lotada e as pequenas hóstias se multiplicavam...
     E assim fui crescendo, sempre respeitando o ritual católico. Apesar, de meu pai não ser um católico praticante, sabia ter sido ele quem plantara em mim a sementinha da fé. Sempre me contou histórias bíblicas, também comprava discos de vinil e livrinhos que narravam a trajetória do povo de Deus. Com o passar dos tempos, soube que na sua juventude tinha sido um católico fervoroso. Sempre acompanhava a minha avó Amélia nas celebrações da igreja. A minha avó materna também era muito religiosa, sempre a via com o terço na mão, o rezava diariamente.
     Na minha juventude mudei de cidade e consequentemente de paróquia, mas o cordeiro ainda me perseguia. Minha paróquia agora era a de São João Batista, o precursor, a voz que clamava no deserto da minha vida: Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!
     Porém, como para Deus tudo tem o seu tempo, um dia acabei sendo apresentada ao Cordeiro. Quem me apresentou ao cordeiro? A Renovação Carismática Católica.Fim do mistério! E inicio de outro ainda maior...
Jesus como um manso cordeiro, deixou-se ser conduzido ao sacrifício. Apesar de ter sido traído e condenado, não reagiu, não usou de violência. Mostrou o seu amor incondicional a toda humanidade entregando-se a morte e morte de cruz. Jesus aquele que tira o pecado do mundo, o novo cordeiro pascal.  Aleluia! Jesus vive! Feliz vida nova para todos, FELIZ PÁSCOA!


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EIS O MISTÉRIO DA FÉ!

*Crônica dedicada aos padres da minha infância, em especial ao padre que me jogava um limão todas as vezes que passava pela minha rua a caminho do santuário do Lima (não lembro o nome dele, acho que era José), Pe. Henrique e Pe. Silvano, o citado na crônica (este abandonou a batina, casou-se, tem uma filha, mesmo assim um santo homem).
Márcia Kaline Paula de Azevedo
Enviado por Márcia Kaline Paula de Azevedo em 08/04/2012
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T3600671
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