Estórias de Púlpito - A Oração do Divórcio

Nos ultimos dias nossos púlpitos tem sido inundados por pregadores que contam a quisa de ilustração, várias versões da oração do Divórcio, estória bem humorada, criada pelo Pr. Claudio Duarte. Aos que ainda não a conhecem uma síntese da mesma.

João e Maria se conheceram na igreja, se enamoraram, noivaram e se casaram. Foi amor a primeira vista. Benzinho pra cá, amorzinho pra lá, tudo era alegria e felicidade no casamento deles. Com o passar do tempo, a rotina da vida á dois minou a harmonia do casamento e só a chegada de um filho deu uma trégua nas constantes brigas por motivos futeis e até banais. Foram levando o casamento com altos e baixos. Um dia estavam de bem, em outro brigavam como gato e rato. Ela reclamava da roupas dele jogadas pelo chão, a toalha molhada em cima da cama, os sapatos deixados na sala e o mais grave e comum defeito masculino de não levantar a tampa do vaso. Ele reclamava da comida, que nunca era igual a da sua mãe, das roupas mal lavadas e passadas e do horrendo defeito feminino de pendurar calcinhas no registro do chuveiro e usar o barbeador para raspar as pernas deixando-o cheio de pêlos. Reclamavam ainda um do outro, porque cada um considerava sua familia e em especial as mães melhor do que a outra. Quando o filho já estava na adolescência e as brigas se tornaram quase que diárias, resolveram a muito custo procurar o pastor da igreja, pedindo conselho sobre uma possivel ação de divórcio. O pastor, o mesmo que os casara quinze anos atrás, ficou pasmo. Pensara que estavam felizes com o casamento. Pelo menos era essa a aparencia que tinham os demais membros da igreja.O pastor aconselhou, exortou, orientou mas não conseguiu demover a intenção do casal que estavam irredutiveis na intenção de divorciar-se.

O pastor então pediu para fazer antes uma oração, a oração do Divórcio.

- Oração do divórcio?? Como é isso? perguntou a esposa desejosa de ficar livre da presença do pastor e começar logo o trâmite do divorcio. Já fizera as contas e sabia quanto ia receber de pensão e o que faria com a casa, os movéis e a metade do valor do carro.

Ele então ja estava até de olho em algumas moças que poderiam tomar o lugar da esposa, já que não nascera para ficar sozinho e não voltaria para a casa da mãe, como a futura ex-esposa pensara fazer.

- Faz logo essa oração, pastor! disse ele pensando tratar-se de uma oração para abençoar os divorciados.

O pastor então começou:

- Senhor! Eis aqui dinte de mim, o João e a Maria. Há quinze anos atrás, diante de mim e em Tua presença e na presença dos pais, familiares e amigos, se comprometeram a se unirem e ficarem juntos pelos laços do matrimônio, até que a morte os separasse. Fiz naquela ocasião uma oração a Ti, abençoando este casamento e sei que no céu foi lavrado no memorial celeste um acordo de que só a morte poderia dissolver esta união. Assim sendo, Senhor, peço-te que mande o Anjo da Morte tocar na vida de um deles. Se for no João, que ele tenha um câncer na próstata, ou um AVC fulminante, ou seja morto em um acidente de carro. Já se for tocar na vida da Maria, que ela tenha um câncer de mama, ou no útero ou que seja atropelada por um onibus ao atravess..

- Para, pastor! Disseram os dois ao mesmo tempo. Assim não!

- Mas não querem se separar? Só a morte pode separá-los agora.

Os dois se aperceberam então que não queriam que nenhuma daquelas desgraças atingissem o outro e deixasse o filho de ambos, orfão. Perceberam também que poderiam mudar o rumo do casamento e que não conseguiriam viver sem a presença um do outro.

O pastor continuou a aconselha-los e sairam dali mudados.

Ah... mas ela antes de sair ainda perguntou:

- Mas pastor, aquela oração... Deus ouviu?

Ao que o pastor respondeu:

- Fique tranquila! Eu não disse amém!