Nós: Os Pedros e Judas

Nós: Os Pedros e Judas...

Jorge Linhaça

Me pego pensando na prisão de Cristo e nas horas que lhe sucederam... Duas figuras distintas me vêm logo à mente... Pedro e Judas.

Dois dentre os doze que se destacam na história dos evangelhos por conta de seus temperamentos.

Pedro é lembrado até hoje porque antes do galo cantar, negou conhecer Cristo por três vezes.

Judas que o atraiçoou com um beijo, recebendo como pagamento 30 moedas.

Confesso que aqui, uma certa confusão se faz presente em minha mente...

Cristo havia pregado abertamente durante três anos, causando verdadeira comoção por onde passava, sendo seguido por centenas ou milhares de pessoas, sendo uma figura pública respeitada ou odiada, dependendo de quem e de como o vissem.

Dentre os que estavam presentes á sua prisão havia membros do sinédrio, doutores da lei e provavelmente escribas. Todos o conheciam, ao menos de vê-lo pregar no templo e nas sinagogas.

Aí é que está: Se todos o conheciam porque Judas precisou identifica-lo com o tal beijo?

Bem, voltando ao fio condutor deste texto, imagino que todos nós nos revoltamos, em maior ou menor escala, contra as atitudes de Pedro e de Judas.

No entanto, será que podemos alegar com convicção que nunca praticamos atos semelhantes?

Pedro aceitou o chamado de Cristo prontamente, deixou para trás seu negócio e seguiu o Mestre por três anos... no entanto quando “a chapa esquentou” hesitou, movido pelo medo de uma represália violenta e negou conhece-Lo... não uma nem duas, mas três vezes numa só noite.

Quantas vezes, movidos pelo temor da chacota do mundo, nós já não fizemos o mesmo?

Quantas vezes cedemos às pressões de grupos sociais e abrimos mãos de nossos valores cristãos?

E quanto a Judas? Quantas vezes não abrimos mão de nossos valores, de nossa crença, em busca de um lucro fácil... de uma recompensa mundana...de um reconhecimento profissional?

Não é esta uma maneira de trairmos o Salvador, de servirmos aos seus inimigos?

Eu já o neguei muitas vezes, não em palavras, mas por minhas ações, talvez já o tenha traído qual Judas moderno, esperando que Ele se adaptasse ás minhas expectativas ao invés do contrário.

Graças a Ele, me resta o arrependimento para retomar o caminho que me conduza à sua presença.

Que cada um julgue a si mesmo e avalie se se enquadra nestas minhas linhas.

Salvador, 9 de dezembro de 2012.