Mercenários da Fé.

Mercenários da Fé, os Novos Vendilhões do Templo.

Jorge Linhaça

Religião é algo importante na vida de muitas pessoas, inclusive na minha, portanto deveria ser cuidada com um pouco mais de responsabilidade e com bem menos comercialidade do que vemos em nossos dias

A antiga questão: Quantas almas poderíamos resgatar das malhas do pecado parece estar, há muito tempo, em segundo plano. Hoje a questão primordial é quanto se pode angariar em bens e dinheiro para “ o trabalho do Senhor”.

Não há limites na busca de angariar fundos sobre os quais obviamente ninguém se importa em prestar contas detalhadas.

O dinheiro chega não apenas das coletas realizadas presencialmente, mas, também, da venda de centenas de produtos comercializados com a explicação de preparar melhor o fiel para o seu futuro encontro com Deus.

Isso não se limita a apenas uma ou outra denominação e está entranhado no cerne tanto do catolicismo, quanto do protestantismo e talvez de forma mais acentuada no que se convencionou chamar de movimento evangélico.

A verdade é que se comercializam desde bíblias luxuosas até botons de passeatas. Desde camisetas até óleo consagrado no monte das oliveiras. Livros, CDs, DVDs... Tudo que possa representar alguma fonte de lucro vai sendo incorporado ao balcão de negócios das igrejas.

Hoje se vende até assinaturas de TVs a cabo com pacotes especialmente preparados para os cristãos.

Sinceramente eu não vejo diferença entre o que presencio em muitas igrejas e o que acontecia às portas do templo de Jerusalém nos dias de Cristo.

Não estou dizendo que as religiões/ igrejas não necessitem de recursos para sobreviver e expandir o evangelho por todo o mundo, no entanto creio que exista um certo limite entre a expansão da religião e o enriquecimento de alguns de seus líderes.

Quando líderes religiosos começam a andar de carros blindados e importados, ostentar joias e roupas de grife, alguma coisa não bate com o exemplo de Cristo.

Claro que se alguém tem outra fonte de renda, se tem sua empresa ou seu emprego, de onde retira os recursos para tal, não há problema algum. Mas se isso veio atrelado ao seu desempenho como “servo de Deus” alguma coisa precisa ser repensada.

Ninguém tem que ser miserável para falar em nome de Deus, mas enriquecer à custa

desse mister não é , por certo, o exemplo deixado pelo Salvador.

Cada qual que reflita e tire suas próprias conclusões a respeito disso e avalie de acordo com sua consciência se o que vemos hoje é o que Cristo aprovaria.

Salvador, 27/12/2012