O AMOR DE DEUS E O NAUFRÁGIO DO COSTA CONCÓRDIA

Num documentário na National Geographic, que assistimos na segunda-feira de carnaval, em 2013, vimos, eu e minha esposa, que, após raspar em algumas rochas, na ilha de Giglio, próxima à costa da Toscana, e rasgar um vão de cinqüenta metros (a extensão de uma quadra do Centro de São Leopoldo) no casco, o cruzeiro Costa Concórdia (de 290 metros) ficou à deriva, pois a água inundou primeiro o compartimento dos geradores de energia elétrica, deixando o navio sem instrumentos e descontrolado, derivando então para dois mil metros da costa em alto mar enquanto os porões eram continuamente inundados. Quando estava, porém, em alto mar, flutuando sobre mais de cem metros de profundidade, inexplicavelmente, apesar do dia ensolarado e calmo de 13 de janeiro de 2012, um vento de trinta nós (55,56 km/h) virou o navio de lado (a estibordo – direita), levando-o neste sentido de volta para a costa enquanto o mesmo vento o fazia inclinar. Depois de o vento pô-lo encalhado sobre a plataforma rochosa da costa, o navio terminou de tombar para sua direita e assim somente em torno de quarenta pessoas perderam a vida, aproximadamente um por cento dos passageiros e menos ainda da lotação total.

Se não fosse esse vento repentino, apesar do dia que era calmo, que levou o cruzeiro com milhares de pessoas de volta para a costa do mar sem incliná-lo de imediato, o pequeno erro de navegação do capitão do Costa Concórdia teria se transformado no Titanic dos tempos modernos, porém, matando infinitamente mais pessoas, talvez mais de 2500 pessoas a mais. Este era o número de passageiros da lotação do Titanic.

Ao contrário, portanto, do que muitas dizem, ao afirmarem que Deus naufragou o Titanic, matando mais de mil e quinhentas pessoas inocentes, somente para vingar-se pela blasfêmia dos construtores do navio, que tinham dito que nem Deus o podia afundar, Deus mostrou no evento do Costa Concórdia, em 2012 (cem anos após a tragédia do Titanic) que, ao contrário de ser perverso e vingativo, como o Diabo e seus profetas espalham, a misericórdia e amor de Deus são infinitamente maiores que qualquer ofensa, apesar da magnitude da sequência de erros e da irresponsabilidade do capitão do navio e embora o mesmo amor de Deus não Lhe permita privar os seres humanos de agir e de desfrutar dos resultados de suas ações boas e más. Ainda assim, Deus deu uma mãozinha para a maioria das pessoas se salvarem, já que o navio estava perto da costa e, sendo que voltara para o alto mar por si mesmo, Deus não teve que desrespeitar a decisão humana para levá-lo de volta por forças naturais ajudadas pela força sobrenatural.

No caso do Titanic, é certo que Deus não o afundou e tampouco o faria para demonstrar Seu poder. Deus tem poder suficiente para criar astros, mundos e estrelas. Para afundar ou salvar o Titanic seria moleza para Ele. Todavia, salvá-lo precisaria muito mais que as forças naturais ajudadas pela sobrenatural, Deus precisaria desrespeitar objetivamente a liberdade humana de agir e perceber o resultado de suas ações.

Com vistas, portanto, na misericórdia sem limites deste Deus de amor, pense se é coerente crer que esse mesmo Deus fará pessoas queimarem eternamente por quarenta, setenta ou cem anos de pecado. Raciocine e consulte a Bíblia, pois ela não concorda com essa doutrina satânica.

Wilson do Amaral