Cuidado! Meu Deus te pega!

“Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar a si mesmo.” II Tim 2; 11 a 13

A expressão, “Deus é fiel” de uns tempos para cá, ecoa com slogan de propaganda de cerveja. Certamente é alentador sabermos que Ele é confiável. Mas, será que é isso mesmo que as pessoas querem dizer? E sendo, o que significa afinal?

Há pouco passei por um carro que ostentava o seguinte: “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares; Deus é fiel” Nesse caso, “Deus” pareceu o patrocinador inadvertido de uma ameaça. Sim, inadvertido; quem garante que o simples fato de escrever aquilo torna alguém merecedor do favor Divino? Sem forçar os neurônios, o que acabei lendo mesmo sem estar escrito foi: “Cuidado! Veja lá o que vais me desejar, meu Pai te pega, Ele é fiel”.

Bem, para não dependermos de adesivos duvidosos, interpretemos o texto bíblico supra. “Se morrermos com ele, com ele viveremos;” Ensinou Paulo. Mas, o que significa morrer com Ele? O mesmo Paulo desenvolve: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6; 3 e 4 Segundo o ensino apostólico, pois, trata-se de uma identificação real, simbolizada pelo batismo, e validada mediante um novo modo de vida. Noutra parte, disse assim: “Os que são de Cristo Jesus, crucificam a carne e suas paixões”. Gál 5; 19

Não parece o desejo de vingança uma paixão da carne? Não Disse o Senhor que seríamos felizes tendo “sede de justiça”? Mas, e o “com ele reinaremos” que Paulo também promete? Bem, ele disse falando a Pilatos: “meu reino não é deste mundo”. Se vamos reinar com Ele, não será aqui; ao menos nesse sistema chamado mundo.

“Se o negarmos também nos negará”; Parece a mais cristalina justiça; Se, desprezamos a misericórdia, por que seremos com ela agraciados?

Mas, dirá alguém, tem o mais importante; “se formos infiéis, Ele permanece fiel, não pode negar a si mesmo.”

Contudo, pergunto; permanece fiel ao quê? Permanece fiel aos Seus princípios e Sua Palavra; assim como é pronto em manifestar misericórdia aos arrependidos, também em fazer justiça contra os que O afrontam; ainda que Sua longanimidade o faça, às vezes, esperar. “Com o benigno te mostrarás benigno; e com o homem sincero te mostrarás sincero; Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável.” Sal 18; 25 e 26

Sim, Deus é fiel; mas, não será Sua vida Santa e Bendita que passará por julgamento ante nós; antes, nossas vidas falhas, devem se identificar com Cristo para poderem comparecer diante do Senhor. O simples fato de que a fonte tem água, não enche meu cantil. Se eu sigo rebelde e infiel, a fidelidade de Deus é uma terrível ameaça, uma vez que não fará vistas grossas no dia do juízo.

Nossa chamada é para sofrer fazendo o bem, não ameaçar temendo o mal. Quem confia na fidelidade de Deus, aliás, não carece nenhum “extra” para descansar em segurança.

“Medo se vence com segurança. Apego se vence com renúncia. Aversão se vence com amor.”

Hermógenes