Lagartas Processionárias

LAGARTAS PROCESSIONÁRIAS

Jorge Linhaça

Existe um tipo de lagarta (aquele bicho que vira borboleta) que é chamado processionárias pela sua característica de andarem em fila, como uma grande procissão.

Uma experiência demonstrou tempos atrás que se as colocarmos em fila na borda de um vaso onde existam folhas com as quais se alimentam, elas permanecem andando em círculos e em fila pela borda do mesmo até definharem e morrerem, simplesmente por que nenhuma delas tem iniciativa própria de desligar-se do grupo para ir se alimentar.

Infelizmente com muitas pessoas ocorre o mesmo em relação ao evangelho, contentam-se em andar em círculos, indolentemente, seguindo a marcha da maioria e se acomodando a essa situação. Contentar-se em imitar o que os outros fazem (ou deixam de fazer) impede que muitos irmãos e irmãs deem um passo específico em direção ao tão necessário alimento espiritual. Tragicamente muitas vezes não nos damos conta desta nossa condição comodista.

Desculpem se pareço repetitivo, mas, quando não fazemos nossas visitas, por exemplo, porque não vemos ninguém as fazendo; quando nos contentamos em ir à igreja e nada fazer, porque vemos outros agindo dessa mesma maneira; quando nos tornamos meros esquentadores de banco ou ouvintes de discursos e aulas e não aplicamos os princípios ali ensinados, nos tornamos lagartas processionárias.

Ninguém se alimenta apenas olhando para a comida, é necessário mastiga-la, digeri-la para que ela nos nutra. O mesmo ocorre com o evangelho e seus princípios de ação, não adianta sabermos que os mesmos existem, precisamos agir, coloca-los em prática para que alimentem a nossa alma com experiências capazes de nos edificar ao mesmo tempo que edificamos nosso irmãos.

A igreja prega a autossuficiência em todos os aspectos de nossa vida, no entanto poucos se dão conta de buscar sua autossuficiência espiritual. Ninguém se torna autossuficiente espiritualmente sem aprender a servir ao próximo. Cristo dedicou sua vida a servir ao próximo em primeiro lugar, o fato de Ele só ter começado a pregar aos trinta anos deveu-se ao cumprimento dos hábitos religioso da época, ninguém poderia ser considerado um Rabi ( mestre) com uma idade inferior a essa. Embora pouco saibamos sobre a vida de Jesus antes de sua pregação, ao menos pelos evangelhos aceitos como verdadeiros, sabemos que ele nesse período “crescia linha por linha e preceito por preceito” preparando-se para sua missão terrena. Como a maior mensagem deixada por Cristo foi que amássemos e cuidássemos uns dos outros, não é difícil imaginar que tenha passado sua juventude aprendendo na prática esses princípios. Aprender na prática significa aprender fazendo.

Portanto se REALMENTE desejamos nos tornar semelhantes a Cristo, devemos nos tornar praticantes dos ensinamentos que recebemos. Alguém discorda disso?

Salvador, 27 de maio de 2013.