O orgulho é nosso gorgulho.

O orgulho é nosso gorgulho

Jorge Linhaça

O gorgulho é uma espécie de besouro da família dos curculionídeos; inseto ou larva perfuradora de cereais, frutas.

Creio que grande parte das pessoas já deparou-se com embalagens de grãos, guardadas há um certo tempo, onde o alimento está todo perfurado e o pó do mesmo prende-se às paredes da embalagem. Um olhar mais atento nos permite ver ali os vilões da história, pequenos besouros “bicudos” que se alimentam dos grãos ou cereais.

Isso ocorre porque os grão estão inertes, parados, armazenados de maneira incorreta, propiciando um ambiente propício para nossos amiguinhos se banquetearem com os mesmos.

Infelizmente isso ocorre também com o ser humano.

Ao permanecermos inertes em nossa “zona de conforto” considerando-nos intocáveis pela “contaminação” de agentes externos, desenvolvemos o ambiente propício para que o orgulho, esse devorador de almas, nos faça sentir superiores aos demais e evitemos nos misturar a este ou aquele grupo de pessoas que em nossa deturpada e enevoada missão, consideramos menos dignos das bênçãos de Deus que nós mesmos.

Infelizmente, não é raro que famílias de líderes locais, ou famílias mais antigas na igreja, desenvolvam esse tipo de comportamento de “detentores de toda a verdade espiritual” e encarem aos demais como meros coadjuvantes na igreja.

Falta a essas pessoas o entendimento simples de que somos chamados para servir e não para ser servidos. Os cargos em si, não tonam ninguém mais próximo de Deus, nem mais dignos de suas bênçãos se a pessoa não dedicar-se a cumprir com suas mordomias. Aliás, existe um motivo para que usemos o termo mordomia...Ao contrário do que alguns parecem pensar, quando somos chamados para qualquer designação na igreja, não nos tornamos proprietários daquele chamado, somos apenas mordomos encarregados cuidar da casa e mantê-la em ordem, sempre pronta para receber os hóspedes enviados pelo Mestre, sejam eles pobres ou ricos, sábios ou não.

Quando permitimos que o gorgulho do orgulho invada nossas almas, tornamo-nos displicentes em nossos chamados e passamos a nos sentir no direito de impedir o acesso desta ou daquela pessoa à plenitude das bênçãos encontrada na casa que administramos.

Entendam o seguinte, não se trata apenas de não deixar alguém entrar, trata-se no mais das vezes de ignorá-lo quando ali comparece e mais vezes ainda de não convidá-lo prazerosamente a voltar ou mesmo a visitar-nos.

É como se apenas e tão somente suportássemos as suas presenças por absoluta falta de opção. Não é pois de se estranhar que muitos sintam-se tal e qual estrangeiros e forasteiros ao invés de membros da grande família de Deus.

Que cada um de nós examine cuidadosamente a si mesmo, seus atos e sentimentos, e verifique se dentro de nossa embalagem não existe a infestação desse inseto espiritual que se nutre de nossas estranhas e nos impede de exercitar o amor ao próximo de forma produtiva e alegre.

Salvador, 30 de maio de 2013.