DÉCIMA QUINTA AULA DE TEOLOGIA.

DÉCIMA QUINTA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

[DÉCIMA QUINTA AULA]

Mateus fala que Jesus jejuou 40 dias e 40 noites. [Mt 4, 1]. Ele faz um paralelismo para mostrar que Jesus é o novo Moisés. Veja o que relata o livro do Êxodo: “Moisés jejuou 40 dias e 40 noites sobre o monte Sinai.”[Ex 24, 18]. “Então Jesus foi conduzido pelo Espírito à aparte alta do deserto, para ser tentado pelo diabo” [Mt 4, 1]. “Idêntica fórmula se encontra no livro do Deuteronômio falando do povo: Javé te conduziu através do deserto durante quarenta anos, para te humilhar e te provar...” [Dt 8, 2]. Jesus cita um trecho do Deuteronômio: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. [Mt 4, 4]. [Dt 8, 3]. Quem ler o evangelho, principalmente de Mateus, sem fazer uma leitura do AT, não irá perceber a narração midráxica e o paralelismo entre o AT e o NT que Mateus faz. E fica difícil de interpretar e entender. “A simbologia do número 40 é estudo de numerologia hebraica, indica, de fato, a duração de uma geração ou também longo período cuja duração não pode ser precisa.” Veja o simbolismo do número 40 citado na Bíblia: “Choveu 40 dias e 40 noites e causou o dilúvio”. Durou bastante a chuva. [Gn 7, 12-17]. “Isaac casa com 40 anos, isto é, bastante maduro”. [Gn 25, 20]. “A terra descansou 40 dias, isto é, por muito tempo”. [Jz 5, 32; 8, 28]. “Moisés jejuou 40 dias e 40 noites, isto é, jejuou longo e absoluto”. [Ex 24, 18]. “A viagem do profeta Elias para o Monte Horeb durou 40 dias e 40 noites, isto é, bastante longa.” Portanto não é um número matemático, mas simbólico. Mateus usa essa simbologia afirmando que Jesus jejuou 40 dias e 40 noites, isto é, longo jejuo e absoluto.

Vamos continuar a citar a visão noturna de Daniel: “Saído de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu audiência e os livros foram abertos.” [Dan 7, 1-10]. Os livros onde estão anotadas as ações humanas. Todo bem e todo mal que fizermos aqui, nada é encoberto que não seja revelado. “Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem foi conduzido.” [Dan 7, 1-13]. O Filho do Homem é citado em Mateus, que significa ser homem, ser humano descendente de Adão; Jesus se revela como o Filho do Homem. [Não revela como o Messias]. O Filho do Homem se encontra também em Ezequiel. Significa que o Messias tem forma humana. [Como Adão]. Encontramos também no livro do Apocalíptico de São João. Citaremos em outras aulas dando continuidade a visão de Daniel, pois, tem muito haver comparando-se com o Novo Testamento. Daniel relata a escatologia e Mateus também escreve fazendo uma midraxe.

Há muitos católicos que têm dito: Não gosto de ler os livros do Antigo Testamento. Eu acho complicado. Gosto de ler o Novo Testamento, principalmente os evangelhos; é mais fácil de a gente entender. Puro engano, pois, todos os quatros evangelhos, bem como os Atos dos Apóstolos, as epístolas e o livro do Apocalipse fazem um paralelismo do Antigo Testamento. Um verdadeiro midraxe os textos dos evangelhos. Trazem textos copiados dos livros do Antigo Testamento. Se não lerem os livros do Antigo Testamento fica difícil de entenderem as mensagens evangélicas e poderão transformam-se em leitores fundamentalistas. Afirmo-lhes: Os evangelhos não poderão ser entendidos como uma única visão de homilias feitas pelos presbíteros nas celebrações eucarísticas, pois é uma literatura teológica; e na homilia não se pode dar aula de teologia e não poderá por ser difíceis para leigos entenderem.

Mateus, logo no início do seu evangelho, relata um diálogo de Jesus ao demônio. Ora, quem ler esse episódio sabendo que Mateus escreveu seu evangelho lá pelos anos oitenta e cinco, tendo como fonte Marco, dirá: Mateus estava presente para relatar esse diálogo do demônio com Jesus? Será que houve esse diálogo ou tentação do demônio a Jesus? Será que existe o demônio? Bem, vou tentar explicar numa visão teológica. O que o evangelista está relatando para os leitores, é que, Jesus sendo homem como nós, menos em pecar, sentiu muitas tentações, desde sua tenra idade até o alto da cruz. Nós também sentimos frequentemente essas tentações. Muita gente se confunde com o Jesus terrestre com o Jesus Ressurreição. O Jesus terrestre não sabia de nada sobre, por exemplo, do avanço tecnológico de hoje. Ele como homem poderia cometer erros comuns como qualquer um de nós, menos a cometer pecado. Ele também foi tentado como nós de não fazer a vontade de Deus. Poderia muito bem ter corrido para a Jordânia se safando de ser condenado à morte de cruz.Também, Jesus poderia não ser violento e pregar uma doutrina calma de orações, penitência e ficar tranquilamente a pescar com os seus amigos. Houve muitas brechas para Jesus não ser condenado à morte. Mas não o fez. Só que ele fez a vontade de Deus que para nós é muito difícil. Agora, o Jesus após a ressurreição, sabe de tudo até mesmo o que irá acontecer com o Planeta Terra daqui em diante até o dia de sua parusia. Essas tentações que Jesus sofreu, também, acontecem a todos nós em toda a nossa vida: de perder a fé, de não crer em Deus e na vida eterna e de muitas coisas que a doutrina cristã nos ensina a fazer a vontade de Deus. E somos tentados para fazer a nossa vontade e não a de Deus. Jesus foi tentado, mas fez a vontade de Deus. Ele venceu todas as tentações. Mas alguém pergunta: Existe mesmo o demônio? Claro que existe e vou explicar: “O termo demônio vem da língua grega, que significa deus, espírito”. “Diabo, também, é de origem grega, que significa caluniador”. “Satanás vem da língua hebraica e significa incomodar”. “Todas as religiões antigas tinham a ideia de existência de seres sobrenaturais que influenciavam negativamente a vida do homem. Isso faz parte do patrimônio universal da humanidade”. Mateus narra que Jesus foi tentado pelo diabo. Mas nesse diálogo de tentações, Mateus cita passagens do Antigo Testamento como exemplo: “Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele prestará culto”.[Dt 5, 1-9] [Mt 4, 10] e: “temerás a Javé, teu Deus, servi-lo-ás, e pelo seu Nome é que haverás de jurar”. [Dt 6, 13]. Mateus faz um midraxe do Antigo Testamento ao Novo colocando na boca de Jesus o que já está escrito na Lei, isto é, no Pentateuco. [ Gn, Ex, Lv, Nm, Dt]. [Esses cinco livros formam o Pentateuco]. Ele faz uma catequese e uma metodologia unindo o Velho ao Novo. Agora não é mais importante Moisés, mas Jesus, o novo Moisés. O Messias tão esperado, o Salvador da humanidade. Mateus narra que, quando Jesus enviou os apóstolos para anunciar o Reino de Deus, deu-lhe uma doutrina de vida dura para ser vivida e deve ser atuada, nos dias de ontem e de hoje. Vejamos: “Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro e nem vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados e nem bastão; pois o operário merece o seu sustento.” [Mt 10, 9-10]. Como os pregadores, padres e pastores vão anunciar a Boa Nova hoje? Mala cheia de roupas, bons calçados, boa merenda, bom dinheiro, etc. Longe de ouvir esse conselho. Não. Hoje, mundo civilizado, carro zerado, avião, bom conforto, boa hospedagem. Casa paroquial. Como os apóstolos puderam enfrentar esse desconforto, esse desafio se estava começando a organização cristã que nem mesmo nome de cristianismo e cristão não havia ainda? E nem Igreja não havia, isto é, instituição religiosa, o clero. Como fizeram para anunciar a Boa Nova a alguém se eles não podiam levar nem mesmo uma mochila, dinheiro e nada; somente de mãos abanando? Além disso tudo, ainda iriam enfrentar: os inimigos judeus, romanos e pagãos. Muitas adversidades enfrentaram, mas foram e anunciaram e se expandiu a Boa Nova até chegar a nós: Os quatro evangelhos e tudo que está escrito no Novo Testamento. [Há vários escritos e relatos mais do que o que nós conhecemos. Esses escritos, um está no Vaticano, é um dos segredos; o outro está na Inglaterra, no museu, mas ninguém poderá Lê-los, é proibido].

Outro conselho doutrinário de Jesus: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.” [Mt 10, 37-39]. Mas um conselho doutrinário que Jesus fez para todos que querem ser seus discípulos. Aqui ele fez uma doutrina que os fariseus e escriba e o alto clero ficaram surpresos: “honrar pai e mãe, quarto mandamento da Lei, não é mais importante do que O seguir. E para O seguir, terá que enfrentar as adversidades da vida. Essa é a cruz que ele está dizendo: Perseguições, calúnias e até mesmo morrer pela causa do evangelho. Aqui entra o décimo primeiro versículos das bem-aventuranças. [Mt 5, 11]. É bom que se leia.

Vejamos o que escreve Paulo aos Filipenses: “Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo, cujo destino é a perdição, cujo deus é o ventre, para quem a própria ignomínia é causa de envaidecimento, e só tem prazer ao que é terreno. Nós, porém, somos cidadãos dos céus”. [Fil 3, 18-20]. Forte doutrina essa de Paulo. Uma alta teologia, quando ele afirma que, quem é de Cristo é cidadão dos céus. Aliás, tudo o que Jesus nos ensinou não é daqui, mas do céu. Essa cruz que ele diz afirmativamente é a mesma que sofreu Jesus Cristo. Quem deseja ser seguidor de Jesus Cristo, eis aqui o caminho é a cruz para abraçar e não rejeitar.[as adversidades da vida]. Quem andar afirmando que se encontrou com Jesus e hoje está salvo, eis aqui o homem que, talvez você se enganasse, pois o Cristo aqui, não faz prodígio e nem milagre, mas lhe convida para ser um Simão Cirineu, talvez um mártir. Esse sim, que é o verdadeiro milagre, o caminho da cruz Dele para a ressurreição e a vida eterna.

Veja que exemplo nos fala com precisão Paulo: “Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos. E tudo isso faço por causa do evangelho, para dele me tornar participante”. [1Cor 22, 23]. Essa é a doutrina, a metodologia de quem quer ser discípulo ou discípula de Jesus. É viver o evangelho e anunciar sem fronteira e sem obstáculo. Caminhar levando a Boa Nova sem deixar de carregar a cruz, isto é, não se lamentar dos sofrimentos e as barreiras que lhe impedem a navegar nessa barca para ser pescador, não de peixes, mas de homens. Leia os Atos dos Apóstolos como viviam os cristãos e como viveu Paulo para entender melhor o que é ser cristão no mundo de hoje. [At 2, 42-47; 4, 32-37]

O profetismo está desaparecendo e isso é terrível, pois o Reino de Deus sofre violência.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 14/06/2013
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