DÉCIMA SEXTA AULA DE TEOLOGIA.

DÉCIMA SEXTA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

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As bem-aventuranças de Mateus há mais capítulos do que a de Lucas. É a biografia, o retrato idêntico de Jesus. Vejamos o relato que ele faz nas bem-aventuranças. “Portanto, o ponto central das bem-aventuranças é a justiça superior que deve presidir todo o agir cristão; o critério para medir tal justiça é o próprio Pai celeste: portanto, “sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito”. [Mt 5, 48]. A perfeição não privilégio de ninguém. Ela é um chamamento positivo para ser a semelhança de Deus e para ser feliz com Ele. Ele começa: “Felizes os pobres em espírito, porque a eles pertence o reino dos céus” [Mt 5, 3]. Pobre designa a pessoa carente, necessitada. Mateus acrescenta: “em espírito”. “Essa locução é muito discutida e é interpretada por todos. De modo geral admite-se que “pobre em espírito” designa a pessoa inteiramente necessitada, carente ao extremo, tanto material como espiritual. Espiritualmente significa aqui: a aceitação convicta da própria necessidade, da própria carência. As pessoas totalmente pobres, inteiramente pobres e que aceitam as suas limitações, mais são abertas à margem do Evangelho. Sentem que precisam de ajuda de Deus. “A pobreza verdadeira é despreocupada porque não tem nada a perder, só a ganhar.” “Felizes os mansos e humildes, porque herdarão a terra”. O pobre é sempre humilde, manso, está mais aberto para ouvir e aceitar o Reino dos céus. “Herdar a Terra tem dois sentidos: herdar a Terra prometida e herdar o Reino do céu”. Mas real é a habitual é a do Reino do céu. Embora falasse em herdar a terra, mas esta é simbolizando o Reino dos céus. “Felizes os aflitos porque serão consolados”. “Aflito é a pessoa insegura porque limitada, carente, marginalizada. É a pessoa que não vê possibilidade de melhoria de vida. [Digamos: o lascado.], mas sempre está em louvor a Deus pedindo auxílio para sair dessa situação. A voz dele em rogo se transforma numa verdadeira oração. “Felizes os famintos e sedentos da justiça, porque serão saciados”. Todo aquele que luta corajosamente pela justiça será sempre saciado, isto é, sentirá alegria de estar construindo um mundo melhor e ser libertado do jugo a que lhe impõe as injustiças. “Felizes os misericordiosos, porque serão tratados com misericórdia”. Misericórdia [Misere=miséria. Cor=coração], não significa ter dó. Significa empatia, isto é, sofrer junto, sentir junto, ser solidário com o próximo. E o mundo hoje está carente nessa parte. “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.” “A expressão semita para designar uma consciência leal, sincera, aberta para Deus é o “puro de coração”. O puro de coração é leal e sincero em relação a Deus e com o próximo, acolhe e põe em prática o Evangelho; não pratica a iniquidade; esforça-se para a sua perfeição na amizade com Deus. “Ele vê Deus nas criaturas e nas coisas criadas por Ele”. As visíveis e as invisíveis. “Felizes os promotores da paz, porque serão chamados filhos de Deus”. O pobre está sempre a construir a paz, porque ele é necessitado, humilde, marginalizado, fraco por não possuir poder de agir perante a justiça, mas sonha e almeja a paz para si e para todos. Esse é o pobre bem-aventurado. “Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque a eles pertence o reino dos céus”. Esses perseguidos por amor à justiça existem dentro e fora da igreja. “Felizes sereis quando vos ofenderem, perseguirem e disserem todo tipo de calúnia contra vós por minha causa. Ficai alegres e contentes, porque grande será a vossa recompensa no céu. Pois assim é que perseguiram os profetas que vos precederam”. “Estas duas bem-aventuranças anunciam a perseguição para os que procuram construir a justiça no mundo. A perseguição é o resultado do confronto entre os valores do mundo e os valores do Evangelho. O próprio Jesus será perseguido – como foi – assim como o foram também os profetas”. A perseguição por motivos religiosos é sempre muito antiga e muito conhecida pela Bíblia. Até hoje há perseguições em países mulçumanos. Ai daquele que disser que é cristão, morre na hora. Na China e em Cuba, nenhum cristão poderá falar ou pregar o evangelho como quer. Não tem essa liberdade como temos aqui. Assim aconteceu com os apóstolos, discípulos e cristãos do primeiro século; até hoje tombam pela causa da justiça do Reino dos céus. [Aqui entendemos o porquê que Jesus disse: “Eu não vim trazer a paz, mas a espada”]. Não podemos entender como fundamentalistas, mas a espada é na mão dos perseguidores e agressores e não na mão dos cristãos.

Ser cristão sem denunciar e sem combater as injustiças não poderá ser chamado de cristão. É esse o ponto primordial, a marca dos cravos de Jesus aos que assumem as bem-aventuranças. Aqui entendemos as bem-aventuranças: “Não julgues que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada”. [Mt 10,34]. [Já explicado acima].

Lendo a “Revista Veja” ela noticiava: “Todas as religiões pregam a violência, inclusive Jesus”. (!...) Citou essa perícope, mas interpretou como fundamentalista, pois, o jornalista não estudou teologia. Ele ler as passagens bíblicas como se estivesse lendo um noticiário jornalístico. Explicando o relato de Mateus e fazendo uma exegese, Jesus está preparando psicologicamente os seus discípulos para enfrentarem com coragem as perseguições, sem perder a fé, quando vierem acontecer essas barbaridades. A espada nunca foi usada por Jesus e nem por seus discípulos, mas que usarão os perseguidores contra eles, os apóstolos e seguidores de Jesus para impedi-los de anunciar o evangelho. [E tudo aconteceu conforme a profecia de Jesus]. É o que está escrito no capítulo cinco e versículos dez e onze das bem-aventuranças. E tudo aconteceu, pois foram perseguidos e assassinados, são eles os mártires do cristianismo.

Mateus continua com as bem-aventuranças a partir dos capítulos 5 até o capítulo 7 do seu evangelho, que são os discursos de Jesus muito forte para aqueles que querem ser seus discípulos. [Ontem e hoje]. Vejamos: “Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo; ouvistes o que foi dito aos antigos; [Aí ele cita a lei do Antigo Testamento]; se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na Geena. [Geena era um enorme buraco para jogar o lixo e colocar fogo]. Por que Jesus disse: “Se teu olho direito é para ti causa de queda?” Por que não os dois olhos? Ninguém enxerga somente com o olho direito e sim com o esquerdo também. E por que Jesus diz o olho direito? Nesse relato Mateus faz teologia, isto é, seus pensamentos maus, suas ideias más, suas ações más poderão lhe condenar ao fogo do inferno, simbolizado na Geena. O olho vê, mas o cérebro é quem interpreta e age. [Olho esquerdo simboliza o mundo das trevas; os cabritos que ficarão à esquerda no juízo final]. Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens. Aqui fala da caridade; do amor doação; a partilha e não se promover. Quando orardes, não façais como os hipócritas. Hipócrita é o falso orante, pregador; falso cristão que faz o contrário do que ora e do que prega, não vive como cristão. Orar é um ato de servidão, é conversar com Deus servindo-O e amando o próximo. Não podeis servir a Deus e à riqueza. Aqui o cristão está a serviço do próximo sem interesse de usá-lo e explorá-lo a ficar rico sugando o sangue de seu irmão como um avaro e mercenário. Ninguém pode servir a dois senhores. Jesus diz, e é verdade, que o dinheiro é senhor poderoso, quando se torna ídolo. Ele é forte e tentador; a ponto de ser deus para muitos. O dinheiro não é coisa má e sim quem usa mal para exploração e dominação.

Em primeiro lugar é amar e servir a Deus e somente ele quem é o Senhor que devemos adorá-lo e servi-lo. Não julgueis, e não sereis julgados. Todos nós nascemos com a tendência de ver o cisco no olho de nosso irmão e não tira a trave no nosso, isto é, ver-se os defeitos dos outros e esconde-se os seus que é muito maior. Mas esse julgamento nesse relato é aquele julgamento que poderá condenar quem errou ir para o inferno. Nesse caso somente Deus, em Jesus Cristo é o juiz para sentenciar no dia da escatologia. Há, entretanto, homens deuses que são juízes humanos e que fazem uma ação divina, quando julgam um réu, mas não os são Deus. [Salmos 81, 82, 1-8]. Deus com “d” minúsculo. [deus]. Com “D” maiúsculo é Deus Pai. Esse delega o poder para os homens tanto para governar como para julgar. [juízes, promotores]. O Salmo quer dizer justamente isto. É bom que se leia os salmos nos capítulos e versículos citados. Peço-lhe que imprima.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 15/06/2013
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