E AGORA, COMO VIVEREMOS?

Um dos livros do Teólogo americano Francis Shaeffer tem o significativo título “E agora como viveremos?”. A pergunta continua relevante e é oportuna no atual contexto quando as referências de uma moral cristã são colocadas em questão. E, mais do questionadas, são classificadas como superadas, conservadoras, inadequadas e desnecessárias ao novo modelo de sociedade que ora se constrói nesta época genericamente denominada de “pós-modernidade”. Alguns já falam em sociedade “pós-cristã” querendo indicar que estamos vivenciando a emergência de uma sociedade na qual se registrará, em breve, a total ausência de reconhecimento dos princípios de fé preconizados por Jesus Cristo.

O movimento de liberalização dos costumes que foi desencadeado desde os anos 1960, com a chamada liberação sexual, vem avançando. Desde então, ganha amplitude e inclui cada vez mais aspectos da vida operando um processo de corrosão que torna a moral cada vez mais flexível e maleável aos desejos de cada indivíduo. Diante dessa pauta que ora se apresenta na sociedade os cristãos são chamados a, inevitavelmente, tomarem posição. Contudo é preciso que o façam de forma coerente e equilibrada, sem negociar princípios bíblicos, contudo, evitando os extremos praticados por aqueles que são defensores dessa nova moralidade.

Viver numa sociedade plural e democrática exige de todos – não apenas dos cristãos - o aprendizado constante de se conviver com as diferenças respeitando as opções e escolhas das pessoas. Porém, como cristãos não podemos nunca transigir e aceitar como naturais práticas que firam os princípios do evangelho expostos na Palavra de Deus. E, em situações em que sejamos obrigados a expor nossas discordâncias devemos fazê-lo com segurança, mas sem agressividade. Não podemos negar nesse processo o marco fundamental da nossa fé que é a demonstração do amor sob quaisquer circunstâncias. Jesus disse que até àqueles que se colocarem como nossos inimigos ou perseguidores devemos oferecer-lhes nosso amor e nossas orações. E Paulo nos recomenda que quando divergirmos de alguém o façamos em amor.

Como cristãos não estamos no mundo para julgarmos as pessoas, mas para sermos instrumentos da graça reconciliadora de Deus que não é negada a nenhum pecador arrependido. Assim, nesses tempos de crescente oposição aos princípios do Evangelho viveremos como devem viver os cristãos: comprometidos com Jesus Cristo e seu projeto libertador, amando as pessoas, independente de quem sejam, mas recusando a nos submetermos ao novo projeto moral e ético que ora é imposto pela sociedade. Certamente está chegando a hora de trazermos à prática a resposta de Pedro e João às autoridades judaicas: “julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos (At 4:19,20).