Conteúdo Geral da Bíblia – O Período do Novo Testamento

Mas para o povo que andava nas trevas, brilhou a luz de Jesus, conforme havia sido preanunciado pelo profeta Isaías.

Jesus deu de novo à Palavra de Deus o seu devido lugar.

Mais do que dar o devido lugar à Palavra, Ele é o cumprimento de todo o propósito fixado pela Trindade Divina antes mesmo da fundação do mundo. O Pacto feito entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo de ter muitos filhos semelhantes a Cristo, provendo-se destes entre pecadores que descenderiam do primeiro casal criado, e que seriam tão numerosos, que não seria possível contá-los, é firmado (o Pacto) e selado com o sangue de Jesus e com tudo o que Ele realizou em relação à humanidade.

É com base no Seu sacrifício eterno e todo suficiente que os pecadores são chamados por Deus para serem justificados, regeneracdos, santificados e glorificados, recebendo assim, vida eterna, filiação e aceitação plena por Deus em Sua família, herança eterna juntamente com Cristo e participação na glória divina no porvir, por toda a eternidade. Já não podem mais ser condenados e separados do Seu amor em razão da sua união vital com Cristo, sendo integrantes do Seu corpo, e pedras vivas do edifício de Deus. Ali são colocados para nunca mais serem retirados.

Além disso, é por meio de Cristo que os principados e potestades são julgados e condenados. Lembram que estudamos isso anteriormente, desde a promessa feita no Gênesis de que Ele esmagaria a cabeça da serpente, e que abençoaria todas as nações da terra ?

Jesus triunfou sobre Satanás e seus demônios, na cruz, expondo-os publicamente ao desprezo (Col 2.15).

Se o argumento do diabo para manter as almas cativas era o de que Deus não seria justo em livrar de suas mãos aqueles que não eram livres, por serem escravos do pecado, agora já não mais poderia sustentar sua acusação contra os eleitos do Senhor porque eles foram livres de tal escravidão pela sua associação com Ele, em Sua morte na cruz. Estando livre do pecado, o crente está consequentemente livre da escravidão ao diabo.

Estando agora não mais na defensiva, mas na ofensiva, pois o poder de Jesus sobre todo o império de Satanás, é agora também dado por Ele aos que libertou pelo Seu sangue.

Por isso, quando estava se aproximando o momento de Jesus morrer na cruz, Ele disse aos discípulos o seguinte: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.” (Jo 12.31).

E quando se referiu ao ministério do Espírito Santo no mundo, afirmou que Ele daria o convencimento aos crentes de que Satanás já estava julgado (Jo 16.11).

“do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (Jo 16.11).

Em seu ministério terreno Jesus comprovou que de fato era Sua a autoridade sobre toda a força do inimigo, quando expulsou milhares de demônios de um incontável número de pessoas, e aos seus discípulos dera o mesmo poder.

“Então regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse: Eu via a Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano.” (Lc 10.17,18).

A força do inimigo só pode ser vencida por Aquele que é mais forte do que Ele, e que conferiu aos Seus servos todo o poder legal e espiritual para também fazê-lo.

O reino de Deus prometido, isto é, o Seu governo sobre tudo o que há nos céus e na terra, começava a ser estabelecido através de Jesus, conforme fora preanunciado aos profetas. O reino que jamais acabará, e que submeterá todos os reinos do mundo, começava a Sua obra com Jesus e avançaria com a igreja, através da operação do Espírito Santo.

Por isso o Senhor respondeu à blasfêmia dos que afirmavam que Ele expulsava os demônios por Belzebu com as palavras de Lc 11.17b-22.

Mas Jesus estava plenamente cônscio de que a Sua obra não era a de simplesmente expulsar os demônios, mas tirar pessoas do reino das trevas e transportá-las para o reino da Sua luz.

Daí ter lembrado aos discípulos quando estes voltaram alegres dizendo-lhe que os próprios demônios se lhes submetiam pelo nome do Senhor, que não deviam alegrar-se simplesmente por isto, mas porque os seus nomes estavam arrolados nos céus, isto é, registrados no livro da vida (Lc 10.20).

Tanto que, aqueles de quem demônios eram expulsos mas que não se voltavam para Deus e que não se convertiam, ficavam expostos a novas possessões, conforme o Senhor ensinou em Lc 11.24-26.

A igreja tem prosseguido, através dos séculos na realização da obra, pelo poder do Espírito, e isto comprova historicamente que Jesus é de fato aquele que pisa a cabeça da serpente.

Aleluia ! Glórias ao seu santo nome !

O diabo já não pode exercer qualquer domínio sobre nós. Ao contrário. As portas do inferno não podem prevalecer contra as investidas que a igreja faz sobre elas no poder do Espírito Santo. Satanás não tem outra alternativa senão a de fugir do crente que permanece em comunhão com o Senhor, porque o Seu poder não somente livra o crente de suas ciladas, como também dá-lhes poder para vencê-lo e permanecerem inabaláveis (Ef 6.10-13).

Nunca devemos esquecer que é com o escudo da fé que apagamos todos os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16). Satanás despeja constantemente sua setas inflamadas com o fogo do inferno, mas firmes na fé no nome de Jesus apagamos todas elas, e golpeando-o com a espada do Espírito Santo, que é a Palavra de Deus, não lhe resta outra alternativa, senão a de bater em retirada.

Sentimos este poder que nos é dado quando somos ungidos pelo Espírito. Percebemos que de fato o Senhor nos dá autoridade sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente pode nos fazer mal.

A missão de pregar o evangelho em todo o mundo, a partir de Jerusalém, Judeia e Samaria, começou depois de a igreja ter sido revestida do poder do Espírito Santo no dia de Pentecoste. O derramamento do Espírito era o sinal do início do cumprimento da promessa feita a Abraão, e das promessas feitas aos profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Joel, dentre outros.

A confirmação da Palavra de que Deus estava salvando através da fé em Jesus, e transformando vidas pela habitação do Espírito Santo, era feita através da realização de muitos sinais e prodígios através dos discípulos, e especialmente dos apóstolos.

O Espírito Santo estava chamando alguns dentre os discípulos para serem pastores, mestres, profetas e evangelistas. O rebanho necessitava de uma direção e organização, assim como se deu nos dias de Moisés, e continua chamando líderes até aos dias de hoje para o mesmo propósito de edificar a igreja e aperfeiçoar os santos para o desempenho do seu serviço (Ef 4.11,12).

As igrejas deveriam ser organizadas sob a supervisão de um bispo ou presbítero, que eram palavras usadas para indicar o ofício do pastor.

Estes, eram auxiliados por homens cheios do Espírito e de sabedoria, que eram escolhidos pelos mesmos juntamente com a igreja, para exercerem o diaconato.

Mas a missão de pregar o evangelho era de todos os crentes, aos quais o Espírito Santo estava distribuindo dons e serviços, a cada um, conforme Sua vontade e para um fim proveitoso, como o de curar, de falar em outras línguas, capacidade para interpretá-las, de profetizar, discernimento de espíritos, de conhecimento e de sabedoria, de fé e operações de milagres.

Como a igreja estava muito concentrada na pregação do evangelho apenas na Judeia, Deus permitiu que fosse perseguida pelo rei Herodes, tendo eles levado a Palavra para Samaria, Antioquia da Síria, e a outras partes do mundo, inclusive Roma, pois, segundo consta, a igreja em Roma não foi fundada por nenhum dos apóstolos do Senhor.

Inicialmente, Pedro, Tiago e João, ficaram como os principais responsáveis pela igreja em Israel (daí serem chamados de ministros da circuncisão), e Paulo e outros pela igreja que seria formada fora dos termos de Israel, isto é, pela igreja dos gentios.

O ministério de Pedro e de Paulo duraria até 64 d.C., quando, segundo a tradição, foram martirizados pelo imperador romano Nero.

João, e os demais apóstolos dirigiram-se para outras partes do mundo, especialmente depois dos judeus terem sido expulsos de sua terra pelos romanos em 70 d.C.

João, por exemplo, teve as visões do Apocalipse, quando estava na Ilha de Patmos, que fica no sudoeste de Éfeso, na Ásia Menor.

Os quatro evangelhos narram os eventos relacionados ao ministério terreno de Jesus, e contêm também as profecias que Ele proferiu a respeito do tempo do fim.

Os três primeiros são chamados de sinópticos, porque foram escritos dentro de uma mesma visão, tendo provavelmente o evangelho de Marcos por base, pois teria sido o primeiro evangelho a ser escrito. Mateus escreveu dentro de uma perspectiva judaica para convencer aos judeus de que Jesus era o Messias que deu cumprimento às predições dos profetas; e Lucas, dentro de uma perspectiva gentílica, revelando que o amor do Senhor também estava destinado aos mesmos. Mateus era judeu, e Lucas era um médico grego, que acompanhou o ministério do apóstolo Paulo.

O evangelho de João contém mais discursos de Jesus do que o relato de milagres e de parábolas, como os demais. João pretendeu enfocar tudo aquilo que o Senhor fez e ensinou, que comprovava que Ele de fato era Deus. A Palavra viva que se fez carne por amor de nós.

O livro de Atos narra como o evangelho se expandiu na Judeia, Samaria, Síria, Ásia Menor, Macedônia, Acaia e Grécia, até Paulo sofrer o seu primeiro aprisionamento em Roma.

A maior parte do livro se refere ao ministério de Paulo na Síria, Ásia Menor, Macedônia, Acaia e Grécia.

Os nomes Efésios e Gálatas, que intitulam duas cartas escritas por Paulo, são referentes aos crentes aos quais endereçou-as, que habitavam nas cidades de Éfeso e na região da Galácia, respectivamente, que ficavam na Ásia Menor. Toda esta região está ocupada atualmente pela Turquia.

Filipenses e Tessalonicenses, por seu turno, são referentes aos crentes de Filipos e de Tessalônica, cidades que ficavam situadas na Macedônia.

Coríntios, aos crentes de Corinto, cidade da Grécia.

Romanos, aos de Roma.

Colossenses, aos de Colossos. Paulo não foi o fundador desta igreja, provavelmente, Epafras foi o seu fundador.

Timóteo, Tito e Filemom, não são referências a cidades, mas a pessoas a quem Paulo escreveu tais epístolas. Os dois primeiros eram seus cooperadores no ministério de estabelecer igrejas, e Filemom era um crente de Colossos, em cuja casa se reunia a igreja.

As epístolas de Pedro, João, Tiago e Judas, foram escritas, respectivamente, pelos citados apóstolos. Sendo que o autor da epístola de Tiago era um dos irmãos de Jesus, bem como Judas. Não faziam parte do grupo dos doze.

A epístola aos Hebreus cujo autor é desconhecido foi escrita para exortar uma comunidade de crentes judeus que estavam recuando na fé e retornando às práticas da Antiga Aliança. Tanto no caso da epístola aos Gálatas, quanto na de Hebreus, o problema maior não era tanto a observância dos ritos da lei mosaica, mas o fato de estarem rejeitando Jesus.

O primeiro documento do Novo Testamento a ser escrito foi provavelmente a epístola de Paulo aos gálatas, por volta de 49 d.C. Esta carta foi escrita para combater o ensino dos judaizantes que afirmavam que a salvação só era possível mediante o cumprimento de toda a lei de Moisés, independentemente da fé em Cristo. Como a salvação é somente por graça e mediante a fé‚ Paulo combateu vigorosamente tal falso ensino nesta carta que dirigiu aos crentes da Galácia.

Por ordem de antiguidade seguiram-se à escrita de Gálatas, as duas epístolas aos Tessalonicenses, que foram escritas por Paulo durante sua segunda viagem missionária, quando se encontrava em Corinto. Como ele havia fugido de Tessalônica para Corinto, em razão de uma perseguição que havia sofrido dos judeus. Como não teve muito tempo para ministrar àqueles que haviam se convertido em Tessalônica, escreveu estas duas cartas para firmá-los na fé e dissipar algumas dúvidas que eles haviam manifestado sobre a volta de Jesus e sobre o destino dos crentes que estavam morrendo antes do Seu retorno.

Paulo escreveria posteriormente I Coríntios, durante a sua terceira viagem missionária, quando se encontrava em Éfeso, por volta de 54 d.C., e II Coríntios foi escrita cerca de um ano após, quando se encontrava na Macedônia, ainda em sua terceira viagem missionária.

Estas epístolas foram escritas com vistas à disciplina da igreja de Corinto. A primeira para combater divisões e a imoralidade que havia na igreja, e para responder questões levantadas pelos próprios coríntios quanto ao casamento, a comer carnes sacrificadas a ídolos, uso do véu na igreja, dons espirituais e quanto à ressurreição. A segunda epístola, foi escrita para congratular-se com os coríntios, pelo arrependimento demonstrado por eles, resultante do acatamento das exortações do apóstolo, através de uma chamada carta triste (II Cor 7.8-13), que lhes havia dirigido para confirmar sua autoridade apostólica junto aos mesmos, que estava sendo contestada por um opositor de Paulo aos quais os coríntios estavam seguindo.

A epístola de Paulo aos Romanos foi escrita no final de sua terceira viagem missionária, de Corinto, por volta de 55 d.C. Na ocasião ele já se encontrava de posse da grande oferta (Rom 15.25-27) que havia sido levantada pela Macedônia e Acaia em favor dos crentes pobres da Judeia, citada em I Cor 16.1-3 e II Cor 9.2.

Como já dissemos Paulo não havia fundado a igreja de Roma, e estava lhes escrevendo para preparar uma futura visita que tencionava fazer àquela igreja (Rom 15.22-26). O tema central desta epístola é a justificação e santificação pela fé.

Quando concluiu sua terceira viagem missionária Paulo foi preso em Jerusalém, acusado pelos judeus de estar pregando contra a lei de Moisés.

Paulo não pregava contra a lei, mas afirmava corretamente que ninguém pode ser salvo mediante a lei. A lei a ninguém pode salvar. Somente a graça de Deus pode fazer este trabalho mediante a fé. Isto também se deu nos dias do Antigo Testamento.

De Jerusalém foi transferido para a cidade de Cesareia onde ficou na prisão por dois anos, e de onde apelou para César, para ser julgado em Roma. Ele iria visitar os romanos, não da forma como tinha imaginado: quando estivesse a caminho da Espanha para evangelizá-la.

Na prisão em Roma que é relatada no final do livro de Atos, escreveu quatro epístolas que são chamadas de epístolas da prisão: Efésios, Filemom, Colossenses e Filipenses.

As três primeiras foram escritas por volta de 60 d.C. e Filipenses, em 61 d.C.

Paulo dirigiu na mesma ocasião, pelas mãos de Tíquico as cartas aos efésios e aos colossenses, sendo que das dirigidas a Colossos, uma era de caráter mais geral (Col) e outra mais pessoal (Fm).

Filipenses foi escrita posteriormente por Paulo para expressar sua gratidão por uma oferta que lhe foi enviada pelos filipenses, e para consolá-los, quanto a não se entristecerem com o fato de ele estar preso, pois a pregação do evangelho estava progredindo apesar de suas cadeias, pois estava dando ensejo para que ele pudesse evangelizar toda a guarda pretoriana do imperador romano, e muitos crentes estavam pregando o evangelho com mais ousadia, mirando o seu exemplo de paciência na tribulação.

Paulo sabia que a volta de Jesus estava conciliada à pregação do evangelho em todo o mundo, e por isso não lhe importava se o evangelho era pregado por amor, inveja ou por porfia. Sua satisfação decorria do fato deste objetivo estar sendo cumprido. Desde que o reino de Deus estivesse sendo pregado não lhe importava se estava sendo honrado ou humilhado, se tinha fartura ou escassez de bens, pois havia aprendido a viver contente em toda e qualquer situação, na doce comunhão com o Senhor.

As últimas epístolas escritas por Paulo foram as chamadas Pastorais (I e II Timóteo e Tito).

Foram escritas no final de sua vida para instruir os pastores sobre o cuidado com a igreja de Deus, estabelecendo critérios para a ordenação de ministros, tanto de pastores quanto de diáconos, bem como recomendar padrões de conduta para todos os crentes, e determinar, especialmente, o necessário empenho para a preservação da sã doutrina.

A primeira epístola de Pedro foi escrita principalmente para consolar os crentes que estavam sendo perseguidos na região da Ásia Menor. A epístola é basicamente uma recomendação a se ter paciência na tribulação, para que a doutrina de Cristo fosse ornada, e a igreja tivesse o poder do Espírito para proclamar o nome de Jesus.

Sua segunda epístola (II Pe), bem como as epístolas de João e de Judas foram escritas para combater os falso mestres que estavam introduzindo heresias na igreja, e que o faziam por torpe ganância. Ao mesmo tempo é uma convocação da igreja à maturidade, de maneira a não incorrer com facilidade nas garras do falso ensino, sabendo que é pela comunhão com o Senhor que somos preservados das heresias arruinadoras da fé, pois é o próprio Espírito que nos dá o discernimento e poder para rejeitá-las.

A epístola de Tiago foi escrita para enfatizar a importância da perseverança cristã, mediante a prática da Palavra, para a preservação da justificação pela fé. Ele cita como Deus abençoou Jó depois de ter passado pela provação. E convoca os crentes a seguirem o mesmo exemplo de perseverança na fé em face da tribulação.

O ensino de escatologia é encontrado em vários livros da Bíblia como os dos profetas, no livro de Salmos, em I e II Tes, e especialmente no livro de Apocalipse. Desta forma, apresentamos a seguir, um breve resumo escatológico:

A palavra escatologia significa "estudo das últimas coisas".

Biblicamente falando, estas últimas coisas se referem aos eventos relacionados ao estabelecimento do reino de Deus em sua forma final.

Na introdução e no epílogo do livro de Apocalipse afirma-se que são bem-aventurados aqueles que leem e ouvem as palavras da profecia e guardam as cousas nela escritas, pois o tempo está próximo (Apo 1.3; 22.7).

Tal afirmação dirige-se não apenas aos que leem as palavras da profecia, mas aos que as guardam. Isto significa portanto, principalmente, a vigilância e santidade de vida exigidas para o retorno do Senhor, como se vê, especialmente, nas sua exortações e advertências constantes das cartas dirigidas às sete igrejas (Apo 2.1-3.22).

Isto está plenamente de acordo com a exortação à vigilância e santidade feita por Jesus na conclusão do Seu sermão profético, constante dos evangelhos (Mt 24.13,32-51; Mc 13.13,28-37; Lc 12.35-48,21.17-19,29-36).

A profecia escatológica tem portanto muito mais o propósito de incentivar os crentes à vigilância e santidade permanentes, com vistas ao retorno do Senhor, do que o de estimulá-los ao desvendamento dos personagens e eventos enigmáticos nela contidos; bem como à determinação do tempo exato da sua respectiva ocorrência.

Foi ordenado a Daniel que selasse a palavra da profecia do seu livro (Dn 12.4,9), mas a João foi ordenado o contrário: "Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo." (Apo 22.10). Apesar de Deus, em Sua sabedoria, ter guardado para Si o conhecimento do dia e hora exatos da volta de Jesus, Ele revelou ao Seu povo as coisas que devem acontecer, sem no entanto, indicar-lhes precisamente a época da sua ocorrência, de maneira que, pudesse manter, em cada geração de crentes, acesa a expectativa pelo retorno do Senhor, o que tem, sem dúvida, contribuído para se manterem vigilantes e em santidade, ao longo desses quase dois mil anos.

Quando citou guerras, revoluções, grandes terremotos, epidemias, e fome, como eventos que ocorreriam antes da Sua vinda, Jesus foi bastante claro ao afirmar que estes, não eram ainda, sinais que indicariam a proximidade da Sua volta (Lc 21.9). De fato, já há cerca de dois mil anos desde a ascensão do Senhor, e o mundo ainda não testemunhou o Seu retorno, apesar de as predições de Jesus continuarem ocorrendo ao longo de toda a história. Ele classificou tais eventos como princípio das dores.

Ora, as dores do parto se intensificam com o passar do tempo. Se tudo isto‚ é o princípio, como não será no fim ?

O Senhor fixou como sinais seguros da Sua volta:

- a aparição do abominável da desolação ou abominação desoladora (Mt 24.15) citado na profecia de Daniel 9.26,27. Provavelmente‚ uma referência à besta de Apo 13.1-8 - o anticristo. (Em II Tes 2.3-12, Paulo também coloca a manifestação do anticristo como um dos marcos da proximidade da volta do Senhor, e acrescenta a este, a apostasia, como um segundo sinal – II Tes 2.3).

- sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das cousas que sobrevirão ao mundo; porque os poderes dos céus serão abalados (Lc 21.25,26).

Tais eventos são descritos no livro de Apocalipse como flagelos que sobrevirão à Terra quando os sete anjos tocarem as suas trombetas.

Muitos consideram que a segunda vinda do Senhor dar-se-á em duas fases: na primeira arrebatará a igreja, e na segunda, todo olho o verá vindo para estabelecer juízos contra o anticristo. No entanto, não determinam o tempo que separaria ambos os eventos.

A Bíblia não faz tal distinção. Paulo coloca o arrebatamento da igreja como uma das ocorrências que se darão por ocasião da volta de Jesus (I Tes 4.14-17; II Tes 2.1,2).

A colocação do arrebatamento antes da vinda para julgar a Besta tem em vista retirar a igreja do chamado período da Grande Tribulação, que ocorrerá durante a segunda metade do governo do anticristo.

Todavia, não há nenhuma base segura para se afirmar que a igreja não passará por tal período, muito pelo contrário, as profecias indicam que o anticristo perseguirá os santos (Dn 7.25,27; 8.24-26; 11.31-36; 12.1,7; Mt 24.15,21,22,29-31; II Tes 2.4; Apo 13.7). É importante destacar que o próprio Jesus, afirmou que os seus escolhidos seriam reunidos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus pelos anjos (Mt 24.31), após a grande tribulação (Mt 24.29).

A palavra de consolação dirigida pelo Senhor à igreja de Filadélfia de que seria guardada da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, em razão de sua fidelidade em guardar a palavra da Sua perseverança (Apo 3.10) não pode ser aplicada a toda a igreja de Cristo que estiver sobre a Terra próximo do período da Grande Tribulação, porque depois dela, há ainda a igreja de Laodiceia, que o Senhor repreende severamente, chamando ao arrependimento. E, ainda, se considerarmos que todas as sete igrejas são representativas dos tipos de igrejas existentes em todas as épocas, a promessa de livramento de Apo 3.10 aplicar-se-ia especificamente à igreja fiel de Filadélfia.

“Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.” (Apo 3.10).

De fato, nunca a história do cristianismo experimentou tanto avanço, fidelidade e avivamentos, como no chamado período missionário dos séculos XVIII e XIX. Os homens de Deus desta época ainda nos falam através do testemunho de suas vidas.

Como viveram antes dos últimos dias, foram guardados das provas da Grande Tribulação. Entretanto, se interpretarmos desta forma, as igrejas de Éfeso, Pérgamo, Tiatira e Sardes, que não receberam inteira aprovação do Senhor, também se beneficiaram da promessa de livramento, porque, no tempo, são anteriores a Filadélfia, como se vê, no quadro a seguir, correspondente à divisão que se costuma atribuir às sete igrejas do Apocalipse:

Éfeso – era apostólica.

Esmirna – igreja perseguida até Constantino (316)

Pérgamo – de Constantino ao papado (316-500)

Tiatira – Idade Média (500-1505)

Sardes – Reforma (1500-1700)

Filadélfia – período missionário (1700-1900)

Laodiceia – igreja apóstata (1900 - ...).

Entretanto, isto não anula a propriedade da promessa distintiva da bênção do livramento que lhe foi dirigida em face da sua fidelidade. Com isso, o Senhor estaria marcando que havia Se agradado da obediência e do serviço que lhe foram prestados pela igreja de Filadélfia.

Independentemente de qualquer dificuldade para a determinação de uma correspondência cronológica entre o arrebatamento e o governo do anticristo, é importante frisar-se que:

- A tribulação referida não consistirá apenas nos atos de perseguição do anticristo, mas sobretudo nos flagelos que sobrevirão à Terra, da parte de Deus.

- No arrebatamento, os corpos dos mortos em Cristo (eleitos) serão ressuscitados e logo após, os eleitos que estiverem vivendo na terra terão os seus corpos transformados. Tal ocorrerá num abrir e fechar de olhos (I Cor 15.52).

- A chamada batalha do Armagedom (Apo 16.16;19.11-21) terá ocasião quando da volta de Jesus, sendo a besta e o falso profeta aprisionados e lançados vivos no lago de fogo (Apo 19.20), e Satanás será subjugado para permanecer em prisão durante o período do milênio (Apo 20.1-3).

- Os salvos governarão as nações da Terra, juntamente com Cristo, durante tal período (Apo 20.4-6).

- Ao final do milênio Satanás será solto, e levantará os ímpios das nações para agirem contra o governo de Cristo, mas serão juntamente destruídos e Satanás será lançado no lago de fogo, onde ficará por toda a eternidade (Apo 20.7-10).

- A ressurreição dos ímpios, em face deste último levante, que a Palavra descreve como a batalha de Gogue e Magogue (Apo 20.8; Ez 38.1-23), só ocorrerá depois do milênio. Esta ressurreição corresponde à chamada segunda morte, porque os não eleitos serão ressuscitados para serem condenados eternamente (Apo 20.11-14).

- Também, somente depois do milênio serão criados novo céu e nova terra, e estabelecida a Nova Jerusalém como morada eterna dos salvos (Apo21.1-7).

- As nações e os reis da terra trarão a sua glória e honra à Nova Jerusalém (Apo 21.4-26). Somente os inscritos no livro da vida do Cordeiro, a saber, os eleitos, poderão entrar na cidade (Apo 21.27).

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/12/2013
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