“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”

(Salmo 46:10)

Citações de um sermão de Jonathan Edwards.

“A igreja se gloria em Deus, não apenas por Ele ser o seu ajudador, que a defende quando o resto do mundo se vê envolto em desgraças e calamidades, mas porque, como rio refrescante, lhe dá ânimo e alegria, mesmo em meio da calamidade pública. “Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã.” (vv. 4, 5).”

“Segue então estas palavras: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”. A soberania de Deus se manifesta em suas grandes obras, as quais aparecem descritas nos versos anteriores. Aquelas mesmas terríveis desolações que Ele desencadeou em Seu desígnio de livrar Seu povo utilizando meios terríveis, mostram também a Sua grandeza e Seu Senhorio. Através de tudo isto, demonstração de poder e soberania, e assim ordena a todos estar quietos, e reconhecer que Ele é Deus. Porque disse: ‘sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.”

“Isto implica que devemos manter quietude de palavras, nos resignando de falar ou reclamar contra os desígnios da Providência, não obscurecendo a razão com palavras de ignorância, nem usando a linguagem pomposa da vaidade. Temos de manter a calma em nossas ações e em nossa conduta, de modo que não contrariemos a Deus em seus desígnios. E em relação à disposição interior de nossos corações, devemos cultivar a calma e uma serena submissão de espírito à vontade soberana de Deus, seja ela qual for.”

“O fato dEle ser Deus é razão mais do que suficiente para que devamos estar quietos diante dEle, sem o menor murmúrio, sem objeção, sem oposição, mas tranquilamente e com humildade submeter-nos a Ele. Como devemos cumprir este dever de estar quietos diante de Deus? Simplesmente com um sentido de Sua Divindade, compreendendo que o fundamento é o conhecimento de que Ele é Deus. Nossa submissão é o que corresponde aos seres racionais. Deus não requer que nos submetamos a Ele contra a razão, senão como vendo a razão e o fundamento de fazer assim. Daí que, a mera constatação de que Deus é Deus pode ser o suficiente para calar todas as objeções e oposição aos Seus Divinos e Soberanos desígnios.”

“Porquanto Ele é Deus, é um Ser absoluta e infinitamente perfeito, sendo impossível que pudesse incorrer em erro ou maldade. E, como é Eterno e não deve sua existência a nenhum outro, não pode em medida alguma ter limitações no seu ser nem em nenhum de Seus atributos.”

“As obras de Deus mostram com toda evidência que Sua sabedoria e Seu poder São infinitos, pois quem fez todas as coisas do nada, que as sustenta, governa e as dirige a todo momento e em todas as eras, sem se cansar, tem que possuir um poder infinito. Igualmente tem que ser infinito em conhecimento, pois se Ele fez todas as coisas, e sem cessar sustenta e governa a todas, segue-se que Ele continuamente e num único olhar, vê e conhece perfeitamente todas as coisas, tanto as grandes como as pequenas.”

“Sendo, pois, infinito em conhecimento e poder, Deus tem que ser perfeitamente santo. A falta de santidade supõe sempre defeito e pobreza de visão. Onde não há trevas nem engano, não pode faltar a santidade. É impossível que a maldade possa coexistir com a luz infinita.”

“Sempre que alguém é tentado a ceder ao incorreto, é para fins egoístas. Então, como poderia um ser Todo-poderoso – que não precisa de nada – ser tentado a fazer algo errado por fins egoístas? Portanto, é impossível a Deus, que é essencialmente santo, possa em sentido algum incorrer no mal.”

“Pelo fato de ser Deus, Ele é tão grande que está infinitamente além de toda compreensão. Portanto, é irracional de nossa parte pretender julgar Suas decisões, uma vez que estas são misteriosas. Se fosse um ser ao qual nós pudéssemos compreender, não seria Deus. Seria irracional não supor nada além do fato de que há muitas coisas na natureza de Deus, e em Suas obras e governo, que são para nós um mistério que jamais poderemos descobrir.”

“Se cremos encontrar faltas no governo de Deus, estamos virtualmente supondo que somos capazes de ser seus conselheiros; quando na realidade seria mais conveniente, com grande humildade e adoração, clamar com o apóstolo (Romanos 11.33-36): “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.”

“Se houvesse meninos que levantassem a voz para criticar os órgãos legislativos de seu país ou para colocar em causa de juízo as decisões do poder executivo, não se estimaria que eles estavam se intrometendo em coisas demasiado elevadas para eles? E quem somos nós senão bebês? Pois nossas inteligências são infinitamente menores do que as dos bebês, em comparação com a sabedoria de Deus.”

“Está mais do que justificado que Deus não nos dê, vermes do pó que somos, razão de seus assuntos, para que assim possamos captar a distância que nos separa dEle, e Lhe adoremos e nos submetamos a Ele em humildade e reverência.”

“Nada há de estranho em que um Deus de infinita glória resplandeça com um brilho demasiado rutilante e poderoso para o olho humano. Porque mesmo os anjos, esses espíritos poderosos, aparecem cobrindo seus rostos perante esta luz (Isaías 6).”

“Sendo que Ele é Deus, todas as coisas são suas, portanto tem direito de dispor delas de acordo com Sua vontade e prazer. Todas as coisas deste mundo inferior são suas. “Pois o que está debaixo de todos os céus é meu” (Jó 41.11). “Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há” (Deuteronômio 10: 14). Todas as coisas são suas porque todas procedem dEle; são totalmente dEle e somente dEle. Aquelas coisas feitas por homens não são inteiramente deles. Quando um homem edifica uma casa, não é completamente sua, nenhum dos materiais com que foi feita lhe deve a sua origem. Todas as criaturas são total e completamente fruto do poder de Deus. É lógico, portanto, que todas sejam para ele e sujeitas à Sua vontade (Provérbios 16:4).”

“Assim, como todas as coisas são de Deus, e todos são sustentadas por Ele, e se afundariam em ruína em um instante se Ele não as mantivesse.”

“Posto que Ele é Deus, é digno de ser soberano sobre todas as coisas. Amiúde os homens possuem mais do que são dignos de possuir. Porém Deus não é somente dono de todo o universo, sendo que todo este procede e depende dEle, senão que tal é Sua perfeição, a excelência e dignidade de Sua natureza, que é digno de ser soberano sobre tudo. Ninguém deveria ousar a opor-se a que Deus exerça a soberania do universo como se não fosse digno disto, pois o ser soberano absoluto do universo não é glória ou honra demasiado grandes para Ele.”

“Todas as coisas no céu e terra, anjos e homens, não são nada comparados a Ele; Todos são como uma gota de água em um balde ou como um grão de areia na praia. É tão apropriado que cada coisa esteja em suas mãos, para que Ele delas disponha segundo lhe aprouver.”

“Sua vontade e desejo são de importância infinitamente maior do que de todas as criaturas. É correto que Sua vontade seja feita, ainda que seja contrária a todos os demais seres, que Ele faça de si mesmo Seu próprio fim, e que disponha de todas as coisas para si. Deus é dotado de tais perfeições e excelências que possui o título de ser o soberano absoluto do mundo.”

“É absurdo supor que Deus pudesse estar obrigado a prevenir qualquer criatura de pecar e de expor-se a um castigo adequado. Se assim fosse, resultaria que não pode haver tal coisa como um governo moral de Deus sobre os indivíduos racionais, e seria arbitrário para Deus dar mandamentos já que Ele mesmo seria a parte comprometida a observar a conduta e estaria fora do lugar das promessas e das ameaças. Mas se Deus pode deixar que alguém peque e se exponha à punição, então resulta ser muito mais apropriado que o assunto seja tratado com sabedoria – quem em justiça deve a causa do pecado permanecer exposta a castigo e quem não – que permitir que venha pela confusão ou acaso.”

“Não é digno do Governador do universo deixar as coisas ao acaso, é natural para Ele governar todas as coisas por meio de sabedoria. E como Deus possui sabedoria que O autoriza a ser soberano, assim também tem o poder que lhe permite executar o que Sua sabedoria aconselha. Mais ainda, Ele é essencial e invariavelmente santo e justo, e infinitamente bom, por isso está perfeitamente qualificado para governar o mundo da melhor maneira possível.”

“Porquanto Ele é Deus, será soberano e agirá como tal. Ele se assenta no trono de Sua soberania e o Seu reino é exercido sobre tudo. Em seu soberano poder e domínio será exaltado, como Ele mesmo declara: “Serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra”. Ele fará saber a todos que é o Supremo Senhor de toda a terra. Ele executa sua vontade com o exército do céu e os moradores da terra, e ninguém pode estorvar Sua mão. Não pode haver tal coisa como frustrar,prejudicar ou invalidar Seus desígnios, pois Ele é grande em pensamento e maravilhoso em ação. Seu conselho prevalecerá, e fará tudo o que lhe apraz.”

“Não há sabedoria, nem inteligência, nem talento em oposição ao Senhor. Qualquer coisa que Ele quer fazer durará para sempre; nada lhe será adicionado ou removido. Quando ele age, quem lhe fará reparos?”

“Nem os eminentes, nem ricos, nem sábios podem impedir ou torcer a vontade de Deus. Ele despede decepcionados os doutos e não presta homenagem aos aristocratas, nem concede privilégio aos ricos sobre os pobres.”

Como Ele é Deus, está em posição de se vingar daqueles que se opõem à Sua soberania. Ele é sábio de coração e forte em poder, quem poderá endurecer-se contra Deus e sair em paz? A isso deve responder todo o que intente contender com Ele. E ai do miserável que quiser pelejar contra Deus; poderá defender sua posição diante dEle?” A qualquer de seus inimigos movidos de orgulho, o Senhor lhes mostrará que está acima deles. Virão a ser como palha ao vento, ou como gordura de carneiros; o fogo os consumirá e desaparecerão. “Não há indignação em mim. Quem me poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria” (Isaías 27:4).”

Jonathan Edwards
Enviado por Silvio Dutra Alves em 27/06/2015
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