Uma Cura Mais Profunda

Esboço de um sermão pregado na Igreja Presbiteriana no Vale das Pedrinhas, em 24 de Setembro de 2017.

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INTRODUÇÃO

Existem dois erros principais que os evangélicos modernos cometem em relação à cura divina. Esses erros são opostos, e muitas pessoas entram em um como reação ao outro, mas na verdade são as duas faces de uma mesma moeda. O primeiro é o exagero. É achar que milagres acontecem o tempo todo. Que todo mundo vai ser curado, que a cura é o mais importante. Ou pior: tem gente que acha que Deus TEM que nos curar se nós tivermos fé o suficiente. O segundo erro é a negação. É crer que Deus não cura. Ou até mesmo crer que Deus cura na teoria, mas na prática ser incrédulo. É não orar por uma cura, ou quando orar, ficar mais preocupado em mostrar para Deus que você não é como aqueles que acham que Ele tem a obrigação de curar do que pedir propriamente o que você precisa. Eu acredito que ambos os erros são condenáveis. Para demonstrar isso, quero meditar com vocês em Lucas 5, a partir do versículo 12.

"Aconteceu que, estando ele numa das cidades" (12)

As cidades aqui são as cidades da Galileia, que é a parte norte de Israel. Jesus estava no início do Seu ministério, a sua popularidade estava crescendo e muitas pessoas iam até ele para serem curadas e ouvirem sua mensagem.

"veio à sua presença um homem coberto de lepra" (12)

A lepra aqui não é exatamente o que nós chamamos de hanseníase hoje, mas uma palavra que se referia a vários tipos de doenças de pele naquela região. Ele era um homem que tinha uma doença grave, mas seu problema não era apenas físico. Essas doenças de pele eram altamente contagiosas, então em geral os leprosos ficavam excluídos de todo o convívio social. Esse homem era um marginalizado pela sociedade. E isso é perfeitamente justificável, a medicina estava dando os seus primeiros passos, faz todo o sentido ninguém querer pegar uma doença sem cura e altamente contagiosa. Mas isso nos mostra que a cura que esse homem precisava não era apenas física, mas também uma cura nos seus relacionamentos, e também na sua alma, porque uma exclusão social tão drástica como a de um leproso pode causar efeitos psicológicos graves. Seria fácil um leproso desenvolver depressão, por exemplo. Ele precisava de uma cura completa.

"ao ver a Jesus, prostrando-se com o rosto em terra, suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me." (12)

Como diz Tiago 4, Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. O homem leproso é um exemplo disso. Para nos aproximarmos de Deus precisamos abrir mão de toda a vaidade. Não devemos chegar determinando, exigindo, declarando que aquilo que a gente está pedindo vai acontecer. Devemos seguir o exemplo desse homem, ele suplicou humildemente, colocou o rosto no pó, se humilhou. Às vezes a crença na bondade de Deus nos faz esquecer que Ele não tem nenhuma obrigação de ouvir as nossas orações. Nós sentimos como se Deus TIVESSE que atender às nossas necessidades, mas Ele não tem.

"E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E, no mesmo instante, lhe desapareceu a lepra." (13)

O que levou Jesus a ouvir a oração desse homem? Segundo o relato do Evangelho de Marcos, Jesus ficou "profundamente compadecido". A palavra traduzida como "compadecido" significa literalmente algo que vem das entranhas, na linguagem de hoje a gente poderia dizer que o sofrimento daquele homem tocou o coração de Jesus. Logo, foi um ato totalmente gratuito do Senhor. Jesus não curou aquele homem porque houvesse nele algo que o fizesse merecedor da cura. Ele teve compaixão e decidiu aliviar o seu sofrimento. Isso que precisa ficar bem claro na nossa mente quando oramos. A nossa oração não tem um poder místico em si mesma que possa obrigar Deus a fazer o que nós pedimos. Conceder o que nós pedimos ou não é uma decisão livre do Senhor.

"Ordenou-lhe Jesus que a ninguém o dissesse, mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o sacrifício que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo. Porém o que se dizia a seu respeito cada vez mais se divulgava, e grandes multidões afluíam para o ouvirem e serem curadas de suas enfermidades." (14-15)

Esse homem teve o seu corpo curado, e as suas relações sociais restauradas. O Evangelho de Marcos acrescenta um detalhe que Lucas não dá: foi o paralítico que saiu espalhando o que Jesus fez com ele, apesar do Senhor ter dado-lhe uma ordem clara de não fazer isso. Então a multidão cresceu tanto que Jesus não conseguia entrar nas cidades. Seu corpo foi curado, as suas relações foram curadas, mas não parece ter havido uma mudança no caráter dele, porque ele saiu desobedecendo Jesus. E ele no mínimo sabia que Jesus foi verdadeiramente enviado por Deus, porque a palavra que ele usou para descrevê-lo como Senhor - kurie - significa justamente alguém que tem direitos absolutos sobre você. Na maioria das vezes do Novo Testamento ela é usada em relação a Deus - ao Pai, ao Filho ou ao Espírito Santo. E ainda assim o homem desobedeceu uma ordem clara daquele que o curou, do enviado dos céus. Então podemos inferir daqui que ele não foi transformado no seu caráter. Isso nos mostra que de fato nós podemos sim pedir por cura física, nós podemos pedir para que Deus cure o corpo das pessoas, mas nunca devemos nos esquecer que as pessoas precisam de uma cura mais profunda.

"Ele, porém, se retirava para lugares solitários e orava." (16)

Esse pequeno versículo nos aponta para o fato de que nós devemos transformar a oração em uma prioridade nas nossas vidas. Apesar da multidão atrás de Jesus, Ele se afastava de tudo para orar. A comunhão de Jesus com o Pai era a coisa mais importante da sua vida. Algumas pessoas dão a desculpa de que oram pouco ou leem pouco a Bíblia porque não têm tempo. A falta de tempo é uma das doenças dos nossos dias. Mas o dia continua tendo a mesma duração hoje que tinha na época de Jesus. E Jesus trabalhava muito mais do que todos nós. Se nós lermos os evangelhos, principalmente o de Marcos, veremos que as multidões seguiam Jesus para serem curadas o tempo todo, até de madrugada. Então no seu auge Jesus trabalhava o dia inteiro e a noite também. Por isso Ele tinha que ir para lugares solitários, não era só para ter silêncio, era para fugir mesmo. Então, se você não tem tempo para buscar essa comunhão com Deus, você precisa fazer alguma mudança na sua vida, abrir mão de alguma coisa, nem que seja uma coisa muito importante, como curar multidões.

Sim, eu sei que para muitos de nós isso é muito difícil. Mas para Jesus era bem mais. Você não tem milhares de pessoas atrás de você o tempo todo pedindo que você dê atenção a elas quase vinte e quatro horas por dia. Mas Jesus dava um jeito, Ele fugia para as montanhas ou para os desertos. Se você não tem tempo para ter comunhão com Deus, você precisa usar de inteligência para reavaliar a sua rotina, e abrir mão de alguma coisa. Orar é mais importante que trabalhar na Igreja. Orar é mais importante que a tua família. Orar é mais importante do que dormir oito horas por dia (ou seis, ou cinco, ou quatro). Comece orando para Deus para você ter mais tempo para passar mais tempo com Ele. Esse é um esforço que nós precisamos fazer, e muito de nós estão doentes por causa disso. E muitos de nós somos idólatras. Não são todos, mas eu acredito que a maioria das pessoas que não ora porque não tem tempo é idólatra, nós não conseguimos passar mais tempo com Deus porque nós amamos mais as coisas dessa vida do que ao próprio Deus.

A Bíblia ordena que até os animais precisam descansar pelo menos uma vez por semana. Se você não consegue tirar pelo menos um dia na semana para se dedicar à sua comunhão secreta com Deus, você está se matando, tanto no corpo, quanto na alma. E não importa o que toma todo o teu tempo. Jesus gastava a maior parte dos seus dias na obra de Deus. Você pode pensar em desculpas muito boas para estar orando pouco. Mas Deus não nos chamou a ter um estilo de vida doentio que nos impeça de ficar sozinhos com Ele. A oração é a nossa atividade mais importante nesse mundo. Era para o próprio Jesus, já que Ele sempre estava disposto a parar tudo para fazer isso. Qual é a tua desculpa?

"Ora, aconteceu que, num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se ali assentados fariseus e mestres da Lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar. Vieram, então, uns homens trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante de Jesus. E, não achando por onde introduzi-lo por causa da multidão, subindo ao eirado, o desceram no leito, por entre os ladrilhos, para o meio, diante de Jesus. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Homem, estão perdoados os teus pecados." (17-20)

Tanto o Evangelho de Lucas quanto o de Marcos colocam esses dois relatos de cura juntos. Me parece que é intencional, a comparação entre os dois relatos pode nos ensinar várias coisas importantes. Para começar, nossas orações nem sempre serão respondidas da maneira que nós queremos. O paralítico foi até Jesus para conseguir uma cura, e Jesus lhe respondeu dando perdão de pecados. Ele não respondeu ao paralítico da maneira que ele esperava. Ele até chegou a curá-lo no fim, mas nem sempre Deus vai fazer aquilo que nós pedimos. Contudo, Ele sempre vai fazer o melhor.

Por que ao invés de curar o homem num primeiro momento, Jesus perdoou os pecados dele? Porque a libertação espiritual é mais importante do que a cura física. Tanto o leproso quanto o paralítico queriam uma cura física. Mas ao primeiro Jesus deu SÓ a cura física, e aquele homem saiu desobedecendo. Mas ao paralítico Jesus curou sua alma. Jesus perdoou os seus pecados. Ele fez infinitamente mais do que aquele homem pensava.

Mas isso não significa que a gente deva ficar constrangido a pedir cura física. Esse é o outro extremo que eu quero combater. Deus também está interessado em curar o nosso corpo. Veja, Jesus reconheceu a fé dos amigos do homem - o texto não fala sobre a fé do paralítico, embora a gente pode inferir que ele também creu, já que Jesus perdoou os pecados dele. Jesus podia ver o coração das pessoas, mas nesse caso Ele nem precisou. Os amigos demonstraram a sua fé. Como? Através da atitude de levar aquele paralítico até Jesus para receber uma cura física. Como diz Tiago 2, acreditar até os demônios acreditam. Mas a verdadeira fé produz boas obras. A fé sem trabalho é morta.

E pedir coisas a Deus, para nós e para os outros, é uma boa obra. Não apenas pedir, mas perseverar em oração. Aqueles homens tentaram levar o amigo até Jesus, mas a multidão era tão grande que eles não conseguiam. Então ao invés de desistir e confiar que Deus daria outro jeito de curar o seu amigo, eles agarraram a oportunidade que tinham de qualquer forma e tomaram uma atitude inusitada, passando aquela maca por cima do telhado. Isso deu um trabalho enorme, mas a verdadeira fé nos leva a trabalhar.

A fé é paciente sim, mas ela é mais ativa do que paciente. Um verdadeiro crente só descansa e não faz nada para mudar uma situação ruim quando não tem mais nada que ele possa fazer. Enquanto houver algo que ele possa fazer, ele vai trabalhar. Nem que a única coisa que reste seja orar. Então nós podemos e devemos orar para que Deus cure um problema físico quando o problema físico surgir. Não devemos ficar constrangidos. E devemos crer que o poder do Senhor ainda está sobre Jesus para Ele curar quando nós oramos em nome Dele.

Era essa a situação daqueles homens, eles já não tinham mais nada que podiam fazer pelo seu amigo. Tudo que restava era colocar o seu problema aos pés de Jesus, e eles venceram todas as dificuldades que tinham para fazer isso. Agora eu te pergunto: o que te atrapalha de colocar os seus problemas aos pés de Jesus? Jesus prometeu que quando Ele ressuscitasse, em qualquer lugar do mundo, onde quer que nós o invocássemos, Ele estaria lá para nos ouvir. Então a qualquer momento você tem total acesso a Ele, você pode a qualquer momento, em qualquer lugar, colocar os seus problemas e os problemas das pessoas à sua volta diante Dele. Você não tem mais que passar pelo meio de uma multidão, subir por cima de um telhado, sacrificar animais, mergulhar na mirra ardente, nada disso, para ter a presença de Jesus.

Então o que te atrapalha a orar? Preguiça? Falta de tempo? Falta de fé que o Senhor vai te ouvir? Talvez seja egoísmo, você não pede pelos problemas dos outros porque não são com você, então você nem se preocupa. O que te impede de colocar os seus problemas e os das pessoas ao seu redor aos pés de Jesus? Seja o que for, se você diz crer em Jesus, você precisa agir imediatamente para remover da sua vida aquilo que atrapalha a sua vida de oração, porque se a oração é uma boa obra, orar pouco é um sintoma de uma fé doente, talvez até de uma fé morta.

Outra coisa: Para sermos ouvidos nas nossas orações precisamos ter fé. Tiago 5, por exemplo, nos orienta que se estiver alguém doente na igreja, os presbíteros ou os crentes mais maduros devem se juntar para orar por ele, "e a oração da fé salvará o enfermo". Uma oração eficaz precisa da fé. Mas não é qualquer fé, porque crer qualquer um crê. O próprio Tiago diz que até os demônios creem. Mas é a fé verdadeira, aquela que surge quando nós somos transformados por Jesus. É aquela fé que vem acompanhada do desejo de honrar a Deus. O último sermão que eu preguei aqui em um domingo foi justamente sobre isso. Eu citei por exemplo Tiago 4, que diz: "nada tendes, porque não pedis", e quando pedis, "não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres"; em outras palavras, as tuas orações não são atendidas porque vocês pedem só para vocês mesmos, e não buscando a glória de Deus. Um verdadeiro crente busca viver para demonstrar Deus através da sua vida. Isso nos mostra que orações que buscam atender as nossas necessidades espirituais ou a de outras pessoas, como o perdão de pecados, são mais agradáveis ao Senhor porque quando Deus atende essas orações Ele é mais honrado do que quando Ele atende orações por coisas terrenas.

Mas isso não significa que sempre que nós tivermos fé nós seremos curados. Esse é um dos erros que muitos que exageram a questão da cura cometem. Nem sempre você será curado, porque Deus está mais preocupado com transformar a sua alma do que o seu corpo. E muitas vezes Deus vai fazer isso através da doença e do sofrimento. Por outro lado, nem sempre uma pessoa precisa crer para ser curada. Às vezes Deus cura alguém por causa da fé daquele que orou, não por causa da fé daquele que é curado. E às vezes Deus cura alguém mesmo sem a fé. Ele é soberano, Ele cura quem quer quando quer.

Por isso nós não precisamos negar milagres que acontecem em igrejas heréticas ou outras religiões. Pode ter sido um milagre divino sim, Deus quis atender a oração de alguém que não O conhece. Ele pode fazer o que quiser. E muitas vezes essa cura é mais um juízo divino do que uma benção, porque essa cura vai fazer a pessoa afundar ainda mais no caminho errado que ela está e caminhar mais rápido para o inferno. A cura pode ser uma maneira de Deus punir a pessoa. Então não precisamos negar os milagres porque estão em um contexto que não são bíblicos. Apenas entender que o milagre sozinho não prova que aquela doutrina é verdadeira.

"E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração.Qual é mais fácil, dizer: Estão perdoados os teus pecados ou: Levanta-te e anda? Mas, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados – disse ao paralítico: Eu te ordeno: Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa." (21-24)

A questão dos fariseus era perfeitamente legítima. Só Deus pode perdoar pecados. Esse texto traz uma questão difícil. Aparentemente, Jesus está dizendo que é mais fácil perdoar pecados do que curar alguém, então Ele ia fazer o mais difícil, que era curar o homem, para provar que tinha autoridade para fazer o mais fácil, que era perdoar o pecado. Só que não me parece mais fácil perdoar pecados do que curar um paralítico. Ao contrário, muitos homens de Deus fizeram milagres como esse ou até mesmo milagres maiores. Mas perdoar pecados, como os escribas e fariseus disseram, só Deus pode fazer. Então o que Jesus está ensinando aqui?

Uma possibilidade é que Jesus está dizendo que as duas coisas são impossíveis. É impossível para um homem perdoar pecados, assim como é impossível para um homem dizer para um paralítico para ele se levantar, e isso acontecer imediatamente. As duas coisas exigem um poder divino. Quando homens de Deus fizeram milagres como esse, eles só o fizeram com a permissão de Deus. Então Jesus está dizendo: "eu posso fazer coisas impossíveis". O perdão do pecado não era algo que podia ser visto, ninguém poderia ter certeza que alguém foi realmente perdoado, mas a cura física sim, todo mundo podia ver. Então para provar que podia fazer uma coisa, Jesus faz a outra.

Existem outras possibilidades, mas seja lá qual for a resposta, o importante é que Jesus coloca a cura física como secundária em relação ao perdão do pecado. O homem veio pedir cura, e primeiro Ele lhe deu perdão. E Ele disse que só iria curar o corpo dele para provar que Ele podia perdoar pecados. Em outras palavras, as nossas necessidades espirituais são mais importantes do que as nossas necessidades físicas. Devemos pedir mais por fé, esperança, amor, salvação, perdão dos pecados, santificação, etc., do que por dinheiro, saúde ou prosperidade. Se você ora mais por questões terrenas do que por questões espirituais, você é mundano, e precisa rever as suas prioridades.

"Imediatamente, se levantou diante deles e, tomando o leito em que permanecera deitado, voltou para casa, glorificando a Deus. Todos ficaram atônitos, davam glória a Deus e, possuídos de temor, diziam: Hoje, vimos prodígios." (25-26)

Aqui nós chegamos à conclusão. Esse é o resultado da cura divina plena, você glorificar a Deus. Você deixar de viver para si mesmo a viver para manifestar Deus através da sua vida. Veja, o leproso também saiu falando de Jesus, mas os evangelhos não dizem que ele glorificou a Deus. Porque ao falar do Senhor, ele estava naquele momento praticando um ato de desobediência. Mas aqui não, a Bíblia paralítico saiu glorificando a Deus. O ponto principal é que o nosso maior problema não são os sofrimentos físicos e emocionais que nós temos. Nosso maior problema é o nosso afastamento de Deus. É esse o tipo de cura que nós precisamos. Nós precisamos ser perdoados de nossos pecados. E essa cura não é algo que acontece em um momento só, mas algo que dura a vida inteira.

Conforme nós vamos nos aproximando passo a passo de Deus, a cada dia, nós estamos sendo curados dos nossos pecados, das nossas culpas, dos nossos sofrimentos psíquicos e, quem sabe, das doenças físicas. Essa é a verdade principal que eu quero passar para vocês essa noite: coloque todos os seus problemas aos pés de Jesus, mas saiba que o que você precisa desesperadamente acima de todas as coisas é o próprio Jesus. Por causa disso Jesus provavelmente vai dizer "NÃO" para a maioria dos pedidos de cura física que nós fizemos. Mas se Jesus tocar no seu coração, você será capaz de agradecer por Ele dizer não. Essa é a cura mais profunda. Ela não anula a cura física, mas ela está infinitamente além dela.

Como o leproso foi curado na pele, alguns de nós talvez precise ser tocado no coração pela primeira vez. Mas eu creio que a maioria de vocês está sendo tratado pelo Senhor nesse hospital que é a nossa vida nesse mundo. Esse tratamento sim só acontece pela fé. E grande parte desse tratamento acontece no quarto fechado ou no deserto da oração. Portanto, a conclusão que chegamos é essa: todos nós precisamos ser curados, nos nossos corpos e nas nossas almas. A oração é um dos meios que Deus usa para curar. Portanto, nós devemos orar. Tanto o erro do exagero da cura quanto o erro da negação da cura fluem de uma visão errada sobre a oração. A resposta para isso é simplesmente reconhecermos as nossas necessidades e as necessidades das pessoas ao nosso redor e levá-las aos pés de Jesus. Simples assim. Nós acabamos complicando algo muito simples. Busquemos a cura divina. "Senhor, se quiseres, podes purificar-me". Jesus não veio para os sãos, Ele veio para os doentes. Se você acha que não precisa da ajuda divina, você é o pior tipo de doente: aquele que acha que está saudável.