Sobre nós

O nosso coração é um mar inexplorado.

As suas dimensões são muito maiores do que qualquer oceano já fotografado por algum satélite de alta tecnologia.

Quando alguém decide mergulhar com sinceridade, só retornará à superfície pra tomar fôlego e logo voltará ao fundo das águas.

Anos e mais anos não seriam suficientes para uma descoberta substancial.

A cada quilômetro marítimo seríamos surpreendidos por verdades polêmicas, constrangedoras, dolorosas e angustiantes sobre nós.

Somos maus! Muito maus!

Diante da realidade da vida, quebramos a fina camada de amor com a qual vestimos a nossa aparência e revelamos a artilharia pesada, escondida em nossas gargantas envenenadas.

A questão não se resume a julgar, ou não julgar alguém!

Não se trata de absolver, ou condenar alguma pessoa!

O problema é muito mais visceral.

Porque ninguém sai ileso!

Nenhuma postura está isenta do pecado!

Um escândalo desperta nossas feras e transforma tudo em um palco rodeado de inúmeras plateias.

Uma infinidade de reflexões podem ser feitas, mas não sem machucar as nossas vaidades.

Somos caçadores de fofocas!

Estamos ávidos por um assunto diante do qual possamos mostrar a nossa santidade, a nossa inteligência, a nossa superioridade, ou a nossa indignação.

Um assunto pra discutir na mesa, no whatsapp, no vídeo, no textão, na aula da EBD, no debate teológico, no inbox.

A novidade nos mantém acordados!

Nos rouba da apatia.

São combustível para a nossa "fé" inoperante!

Somos hipócritas!

O pecado não é um artigo raro em nossas histórias.

Conhecemos muito bem a sua força, ousadia e insistência.

Isto não significa que devemos ignorar o pecado do outro, mas que deveríamos tratá-lo como se fosse nosso.

Hipocrisia é protestar com veemência contra coisas que estão mais perto do nosso coração do que desejamos admitir.

Sim, somos capazes de perceber o cisco olho do irmão, mas, para tirar este cisco, precisamos arrancar a árvore que está no nosso olhar.

Arrancar a árvore não nos fará santos o suficiente para dar lição de moral no nosso próximo. Pelo contrário, o veremos como parte de nós mesmos e esta nova visão nos dará a compaixão necessária para socorrê-lo.

Somos seletivos!

Até a nossa misericórdia está misturada com iniquidade.

Somos interesseiros!

Temos balanças passionais.

Não concedemos a mesma compaixão a todos.

Quando gostamos, estamos envolvidos, admiramos e queremos bem, enxergamos o ato com zelo, cuidado e afeto.

Mas, se alguém menos importante cometer as mesmas faltas, não encontraremos toda esta bondade dentro de nós.

Isto não é uma indireta dizendo que fulano deve ser tratado com mais crueldade. Não! Não é nada disso!

Pelo contrário, todos deveriam receber este bálsamo concedido aos preferidos.

Somos religiosos!

Ainda estamos condicionados a valorizar mais coisas do que pessoas!

Ainda não entendemos que Deus está nas pessoas e que as pessoas são a obra de arte de Deus.

Nem percebemos que, achando que estamos defendendo uma doutrina, podemos estar apenas usando "razões santas" pra deixar a nossa raiva, inveja, sentimento de inferioridade e outras coisas vazarem da nossa máscara mal feita.

Somos tolos!

Do que adianta ter o sentimento certo e adotar o comportamento errado?

Eu seria muito injusto se desconsiderasse um grupo extremamente sincero e precioso em tudo isto.

Sim, eu acredito que há gente muito aterrorizada com as coisas que nos enxergam fazendo.

Gente que luta pela igreja, que se preocupa com a juventude, que dedica-se a um ministério pautado na integridade e que sente-se ultrajado ao testemunhar a maneira que nós, "ministros", estamos tratando a vocação que recebemos.

Mas se este sentimento não for bem orientado pelas escrituras, ele se perderá em atitudes agressivas que não semearão nada e arrancarão muito.

Somos idólatras!

Já diziam os antigos - o nosso coração é uma fábrica de ídolos.

Projetamos sobre cantores, pastores e outros líderes a perfeição que não conseguimos experimentar.

Eu concordo que muito disso é alimentado por nós mesmos.

Mesmo sem querer, ou querendo, nos colocamos como pessoas iluminadas, que receberam poesias, pregações e ferramentas espirituais que podem mudar o mundo.

No calor do show, falamos como se os profetas gritassem no nosso grito.

No entanto, este sistema é muito mais complexo do que queremos assumir.

Estamos, a toda hora, levantando novos infalíveis.

Consumimos suas vidas como se fossem remédios para a nossa alma ferida.

Suas canções, Palavras, livros ganham uma importância tão grande que passamos a vê-los com expectativas irreais.

Logo, as pessoas somem atrás das personagens!

É tudo um espetáculo e a empatia vai pro brejo.

Somos confusos!

Este é um dos pontos mais delicados, pra mim.

O cristão é muito confuso!

Estamos debaixo de uma infinidade de afirmações opostas, ditas em nome do mesmo Deus.

Por mais louco que isso seja, estamos perdidos sobre o que é amar.

Mesmo apoiados na certeza de que o caráter do nosso Deus é o Amor, tropeçamos nos extremos.

Ora abraçamos sem tratar de nada. Ora queremos tratar de tudo e nem pensamos que um abraço cairia bem.

Uma linha mais conservadora dirá que amar é isso! A mais liberal, dirá que é aquilo.

Os mais simpáticos à esquerda rirão dos conservadores como se fossem o esterco da sociedade. Os mais próximos da direita, mostrarão, com tabelas e pesquisas, que tudo isso só está acontecendo por causa dos esquerdopatas idiotas.

E não haverá diálogo, ajuda mútua, nem restauração.

Muito menos haverá auto-reflexão.

Termino dizendo.

Quando um pecado foi exposto, Jesus fez com que todas as consciências envolvidas também fossem.

Um pecado foi visto por todos, mas, por causa de Jesus, todos viram os seus próprios pecados.

Que o Senhor nos ajude!

Que busquemos ajuda!

Que busquemos ajudar!

Que sejamos irmãos.

Crislaine Rosa
Enviado por Crislaine Rosa em 23/12/2018
Código do texto: T6533874
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