Mate a preguiça ou ela matará você

DOUTRINA: A preguiça é um pecado mortal e precisa ser aniquilada pelo poder do Evangelho.

TEXTO-BASE: 2 Tessalonicenses 2.13-3.16

DEMONSTRAÇÃO

1. A preguiça pode ser uma evidência de que não fomos eleitos. Em 2 Tessalonicenses 2.13, Paulo diz que dava graças a Deus pelos crentes tessalonicenses por Deus tê-los elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade. A eleição para a salvação se manifesta em santidade. A preguiça, contudo, é pecado. Portanto, a preguiça é uma evidência de que talvez não fomos salvos, de que não somos eleitos. Se tivermos prazer nela, seremos julgados, porque não temos fé na verdade (2Ts 2.12).

2. A preguiça nos impede de alcançar tudo aquilo que Deus é para nós em Jesus Cristo. O versículo 14 diz que Deus nos chamou por meio do Evangelho para que alcançássemos "a glória de nosso Senhor Jesus Cristo", mas como alcançaremos alguma coisa se não temos ânimo para nada? O Evangelho nos coloca na corrida a fé, mas a preguiça nos impede de continuar andando. Alcançar aqui vem de "peripoiésis", que significa possuir, obter, fazer alguma coisa sua. O preguiçoso recebe uma dádiva maravilhosa (que não pode ser superada por coisa alguma, a glória de Jesus Cristo revelada na Evangelho) e não tem forças para estender as mãos e pegar.

3. A preguiça retira nossa firmeza. O versículo 15 diz: "Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas", mas a preguiça nos impede de guardar e reter qualquer coisa. Que tradições são essas? Não é qualquer tradição, mas aquelas instruções trazidas pelos apóstolos, que chegaram a nós pelo Novo Testamento. A preguiça não nos deixa estudar adequadamente a Palavra de Deus, de modo que não nos permite interiorizá-la, praticá-la ou ficar firme nela.

4. A preguiça despreza a graça de Deus em nos ajudar a fazer aquilo que Ele nos chamou para fazer. O versículo 16 diz que Deus "em graça nos deu uma eterna consolação". A palavra "consolação" vem de "paraklésis", que é um encorajamento, um auxílio. Ela pode significar um consolo em um momento de tristeza, mas também uma exortação para agir. Como diz o versículo seguinte, essa consolação trabalha para nos confirmar "em toda a boa palavra e obra". O Parakletos, o Consolador, o Espírito Santo, nos foi dado para nos fortalecer e nos conduzir ao trabalho, mas a preguiça é um esforço da carne em bloquear essa graça.

O amor do Senhor por nós nos encaminha para perseverar (2Ts 3.4), mas a preguiça faz com que estagnemos e fracassemos. Paulo elogia os tessalonicenses porque eles perseveravam mesmo em meio a terríveis perseguições e aflições (2Ts 1.4), mas muito de nós não são capazes nem de perseverar sobre a própria preguiça. A preguiça faz cessar a obra da vossa fé, o trabalho do amor, e a perseverança da esperança (1Ts 1.3).

5. A preguiça despreza a esperança que Jesus Cristo nos fornece. O versículo 16 fala em consolação, mas também diz que essa consolação é uma "boa esperança". A esperança é uma expectativa alegre daquilo que se espera que nos motiva a caminhar em direção à coisa esperada, mas o preguiçoso não consegue caminhar, não consegue esperar, e às vezes nem sequer consegue se alegrar. A sua recompensa não está em um futuro que ele aguarda, mas em uma inatividade imediata.

6. A preguiça nos atrapalha de orar. O capítulo 3 de 2 Tessalonicenses começa com Paulo pedindo aos destinatários que orassem "para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós". De alguma forma, a oração era necessária para que a pregação tivesse sucesso na salvação dos homens, mas se os tessalonicenses tivessem preguiça de orar, o poder que advém da oração seria retido.

7. A preguiça é uma falta de fé. Anteriormente Paulo já havia associado a santificação com a fé, e ele o faz novamente no versículo 2 do capítulo 3, ao pedir aos seus leitores que orassem para que ele fosse livre "de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos". Esses homens eram dissolutos (atopos: injustos, perversos) e maus porque não tinham fé. A preguiça é uma perversidade e uma maldade; portanto, a preguiça é uma falta de fé.

8. Satanás está muito interessado em nos manter preguiçosos. Ele quer que não creiamos na verdade, que tenhamos prazer naquilo que Deus não se agrada, que acreditemos nas mentiras que a preguiça nos conta. Ele quer nos enganar, para que não tenhamos o amor da verdade que nos conduz à salvação. Para nos destruir ele pode fazer sinais e prodígios para nos levar a crer no Anticristo, mas está satisfeito em simplesmente nos manter inertes.

9. A preguiça é uma forma desordenada de viver. Em 2Ts 3.6, Paulo manda os tessalonicenses "em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente". A palavra usada por ele vem de "ataktos", que significa irregular, indisciplinado, sem ordem. Devemos ordenar nossa vida conforme a Palavra de Deus, mas o preguiçoso é descuidado, desregrado; ele não se dedica a nada, não se compromete com nada. Não luta por coisa alguma. É um inútil.

10. Cristãos maduros não são preguiçosos. O versículo 7 diz que os tessalonicenses sabiam como deveriam imitar o apóstolo Paulo, que não havia agido desordenadamente entre eles. Ao contrário, como diz a partir do versículo 8, ele foi um exemplo para nós não se aproveitando de sua condição de apóstolo para comer de graça, mas trabalhou arduamente, noite e dia, para não ser pesado a ninguém.

11. A preguiça nós torna um fardo para os outros. Se nós não fazemos o que precisamos fazer, outros terão que fazer por nós. Isso não condiz com o amor de Cristo, que nos chama a carregar os fardos uns dos outros, e não a ser um fardo para as pessoas. O preguiçoso adora se aproveitar dos outros, ganhar coisas de graça, passar a perna, ter vantagens. Ele não tem honra, e até chamaria Paulo de orgulhoso por fazer questão de trabalhar duro só para passar uma lição.

12. A preguiça nos torna um mau exemplo para os outros. Quando convivemos com um preguiçoso, nos desanimamos de nosso próprio trabalho. Isso é especialmente verdadeiro para aqueles que têm alguma posição de autoridade em relação a nós, pois tendemos a nos espelhar neles. Portanto, pais, pastores, chefes, talvez aqueles que estão debaixo do seu comando não estão agindo como convém porque vêem em você um preguiçoso.

13. O preguiçoso se torna inapto para adquirir aquilo que precisa. Por isso Paulo disse em 2Ts 3.10: "quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também". O preguiçoso não conseguia trabalhar para conquistar o próprio alimento. Essa é uma ideia muito forte em Provérbios, ao afirmar diversas vezes que o preguiçoso acaba caindo em miséria e pobreza. Paulo havia dito na carta anterior: "E procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado; para que andeis honestamente para com os que estão de fora, e não necessiteis de coisa alguma" (1Ts 4.11-12). O preguiçoso não apenas deixa de conquistar o alimento, mas diversas outras coisas que ele quer e precisa.

14. O preguiçoso é um inútil. Em 2Ts 3.11 Paulo diz que havia ouvido que alguns dentre eles, ao invés de trabalhar, estavam "fazendo coisas vãs"; ou, em outra versão, "se intrometem na vida alheia". Muitas pessoas são intrometidas porque não têm o que fazer, mas há muitas que têm sim o que fazer, não fazem o que tem que fazer porque são preguiçosas e, assim, encontram tempo para se meter na vida alheia. Logo, muitas vezes, além de inútil, o preguiçoso atrapalha.

15. A preguiça oferece um falso sossego. Paulo diz no versículo 12 que, ao invés de estarem fazendo coisas inúteis, os preguiçosos deveriam estar "trabalhando com sossego", com tranquilidade. O preguiçoso acha que está sossegado, mas é uma calma mentirosa que vem da ilusão que tudo vai ficar bem se eu simplesmente não fizer nada. O trabalho, entretanto, nos dá alguma segurança de que as nossas necessidades serão supridas através dos frutos desse trabalho. Por isso Paulo preferia abraçar "trabalho e fadiga" (2Ts 3.8) à preguiça.

16. A preguiça nos impede de fazer o bem. No versículo 13 o apóstolo diz "e vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem". A preguiça não é um cansaço, mas uma entrega ao cansaço; o cansaço nos impede de fazer o bem por algum tempo, que é necessário para recobrarmos as forças, mas a preguiça nos impede de fazer o bem indefinidamente. Mesmo fadigados, ainda podemos estar motivados a continuar a praticar as obras necessárias; mas o preguiçoso, ainda que cheio de energia, sente-se cansado demais para fazer o bem.

17. A preguiça é digna de vergonha. Por isso o apóstolo diz: "se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe" (14).

18. A preguiça nos oferece uma falsa paz. O versículo 16 diz: "Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda a maneira". Mas a paz que Deus dá não pode ser aquela da preguiça. A paz de Deus vem da santificação, da reconciliação com Ele, da segurança de uma vida ordenada conforme a Palavra do rei dos reis; ou seja, vem do Evangelho. O preguiçoso, portanto, busca uma paz à parte do Evangelho. Por isso ele está sob constante ameaça de "repentina destruição", assim como todos aqueles que estão em trevas.

APLICAÇÃO

1. Busque o Espírito Santo para que ele extingua a preguiça de você. Gálatas 5, a partir do versículo 16, nos ensina que, se andarmos no Espírito Santo, não faremos aquilo que nossa carne preguiçosa deseja. O Espírito age em nós gerando um fruto, qual seja: amor, alegria, paz, perseverança, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança. Sem a "santificação do Espírito" (2Ts 2.13) não podemos fazer coisa alguma. Se a preguiça, por um lado, mata nossa força de vontade, não podemos tentar lutar contra ela achando que nossa própria força de vontade pode fazer tudo. Só o Espírito em nós pode gerar a salvação dia a pós dia. E "fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno" (2Ts 3.3). Satanás fica ao nosso redor como um leão esperando que alguma presa mais fraca lhe dê a oportunidade de a tragar. E o preguiçoso é uma presa fácil. Satanás é muito mais poderoso, muito mais esperto que nós. Só o nosso Celeste Ajudador pode nos livrar dele. Mas, para isso, precisamos estar conectados a Ele.

2. Substitua o falso contentamento que a preguiça oferece pela alegria na "glória de nosso Senhor Jesus Cristo" (2Ts 2.14). Que aquela maravilhosa beleza, majestosa bondade, terrível graça nos inspire a vencer todo o desânimo. Deixe a glória de Cristo revelada na Palavra de Deus te preencher e te energizar na estupenda beleza do seu ser. Pregue para a tua própria alma a beleza das incontáveis maravilhas que você perde quando a preguiça te impede de se relacionar ativamente com o lindo Jesus. Deguste essa glória, encha-se dessa glória, busque Cristo com todas as forças no Evangelho.

3. Use a Palavra de Deus para vencer a inatividade mental. Leia a Bíblia, estude, medite, memorize, bata com a Bíblia na tua cabeça com toda a força, mas não deixe a tua mente ficar sem funcionar muito tempo. Ela é a vontade de tua vida espiritual. Não importa o quão cansado você se sinta, enfie a Palavra de Deus na sua mente até que o teu cérebro doa, mas não se entregue!

Combata as falsas promessas da preguiça com as verdadeiras promessas da Palavra de Deus. Deixe a Bíblia te lembrar da "eterna consolação e boa esperança" (2Ts 2.16) que nós temos em Jesus. Faça isso entrar no teu coração, para que o Espírito te "confirme em toda a boa palavra e obra" (2Ts 2.17). Vista essa esperança como um capacete, para proteger a tua mente das desculpas do preguiçoso, porque a preguiça não começa no corpo, mas na mente, ainda que o corpo contribua. Se você conhece bem as epístolas aos Tessalonicenses (se não, por que não as leu ainda? Preguiça? Ao menos leu o texto-base desse sermão antes de chegar até aqui?) sabe que a razão porque aqueles irmãos não estavam trabalhando era a crença em uma doutrina falsa, qual seja, que a vinda de Jesus estava tão próximo que não era necessário trabalhar. Em geral, todo pecado vem acompanhado de alguma mentira que justifica, na tua mente, aquele comportamento. Lute contra essas mentiras com a fé na verdade. Sim, Precisamos de fé para vencer a preguiça, e a fé vem de ler e ouvir a Palavra de Deus. A fé gera obras, de modo que a fé sem obras (ou seja, a fé preguiçosa) é morta. Se a esperança é o capacete que protege nossa mente da preguiça, a fé é nossa couraça (1Ts 5.8) e escudo (Ef 6.16).

A preguiça pode estar relacionada a uma falta de alegria. Por isso, no passado, a Igreja associou-a ao pecado da acédia, que Tomás de Aquino definiu como um tédio que deprime de tal modo a alma do homem que não lhe apraz fazer nada. Combata essa melancolia com a alegria das promessas da palavra de Deus. Não se permita entristecer "como os demais, que não têm esperança" (1Ts 4.13). Porque se Cristo morreu e ressuscitou, o que pode nos abater?

Reflita sobre o amor de Deus revelado na Bíblia e deixe-se encher desse amor. Nós somos libertos do pecado e do engano através do amor da verdade (2 Ts 2.10). Pense em como você prejudica outras pessoas quando não faz nada, em como você poderia abençoar o próximo se passasse a agir mais, e veja como a preguiça é oposta ao amor. Reflita sobre os mandamentos bíblicos e como a preguiça te atrapalha de cumpri-los. Pense na tua esposa ou tua mãe que fica sobrecarregada com os serviços domésticos porque você não a ajuda. Pense no teu marido ou pai, que chega em casa cansado do trabalho e ainda tem que ficar fazendo coisas que você podia ter feito. Pense nos teus colegas de trabalho, que vão precisar trabalhar mais para cobrir a tua falta. Acima de tudo, pense nas almas que vão perecer para sempre no inferno porque você não se dispôs a revelar o amor de Deus e a paciência de Cristo para elas. A fé opera, trabalha, por meio do amor (Gl 5.6). A couraça da fé que nos protege contra a preguiça é também uma couraça de amor.

4. Ore mesmo quando não tiver vontade de orar. Não espere estar animado. Quando estiver cansado ou se sentindo pesado, eleve teus pensamentos imediatamente a Deus. Se não tiver forças para nada, peça a Ele forças até que as forças venham. Se não souber orar, peça para Ele colocar no teu coração o que orar. Peça para ser cheio do Espírito Santo. Rogue "para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada" (2Ts 3.1) no teu coração. Você não precisa fazer uma oração muito elaborada, nem precisa estar se sentindo disposto para orar. Apenas precisa começar.

5. Construa relacionamentos que alimentem a tua fé, pois eles necessariamente se tornarão uma motivação contra a preguiça. Paulo disse em 1Ts 3.10 que orava noite e dia para poder estar com os tessalonicenses e nutrir a fé deles, parar reparar suas deficiências. Busque conviver com pessoas assim. Em 2Ts 3 a partir do 7, Paulo diz que ele próprio foi um exemplo para aqueles irmãos, não comendo de graça o pão de homem algum. Fique junto com pessoas trabalhadoras, pessoas que tenham tal firmeza de caráter. Permita-se ser pastoreado por pessoas que estão comprometidos com a obra de Cristo, "a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver" (Hb 13.7).

Por outro lado, se afaste de preguiçosos. A preguiça é contagiosa. Não que devamos nos afastar completamente de todas as pessoas preguiçosas, pois para isso deveríamos sair do mundo, mas devemos nos afastar especialmente "de todo o irmão" (2Ts 3.6) que vive desordenadamente, ou seja, todo aquele que se diz cristão mas não vive sua vida conforme o Evangelho. Não podemos, em nome do amor, arriscar de tal modo nossa própria comunhão com Cristo; por isso Jesus, por meio de seu apóstolo, nos chama a tomar cuidado com esse tipo de gente. Aliás, esse afastamento é um ato de amor. Quanto ao desordenado, Paulo diz que não devemos nos misturar "com ele, para que se envergonhe" (2Ts 3.14). A preguiça é uma falta de respeito para com Deus e para com os outros, por isso a palavra "envergonhe" aqui, "entrape", vem de uma raiz que pode ser traduzida também como ter reverência, respeito. É uma vergonha sadia que leva o homem a considerar sua condição. Essa é uma forma de fazer o preguiçoso perceber o quão terrível é o seu pecado e conduzi-lo ao arrependimento.

6. Faça alguma coisa. Pode parecer uma conselho óbvio, e até perigoso, já que o preguiçoso é "como vinagre para os dentes, como fumaça para os olhos" (Pv 10.26) para quem manda ele fazer alguma coisa. Mas talvez a única coisa que você precisa fazer para vencer a preguiça é simplesmente começar a se mexer. Se você tem uma tarefa a fazer, comece logo! Não pense tanto na tarefa inteira. Foque apenas na primeira parte, no primeiro passo que precisa ser dado, e lance fora qualquer desculpa que surgir. O cansaço não é desculpa. Paulo diz que trabalhava noite e dia mesmo na "fadiga" (2Ts 3.8), sem deixar de pregar "o evangelho de Deus" (1Ts 2.9). O cansado decorrente de atividades extenuantes é natural, mas a preguiça nos paralisa antes mesmo de começarmos a trabalhar. É uma indisposição mental e espiritual mais do que física. A solução para o cansaço não é a preguiça, é descansar para se preparar para o dia seguinte. Portanto, se estiver indisposto, avalie: você realmente praticou atividades suficientes para justificar a tua letargia, ou está simplesmente com preguiça? Se a resposta for a segunda opção, ignore a indisposição e vá fazer alguma coisa.

7. Não ajude a preguiça dos outros. A Bíblia diz "que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também" (2Ts 3.10). Vimos como a preguiça é um mal espiritual, de modo que, contribuir para que uma pessoa permaneça escrava da preguiça é contribuir para a perdição dela. Portanto, se o teu funcionário não faz o trabalho dele como deve, demita-o e dê a vaga a outro. Se o teu marido não quer trabalhar, ponha-o para fora de casa. Se o teu filho pequeno não ajuda nas tarefas domesticas, coloque-o de castigo; e não dê dinheiro para o filho mais velho, para incentivá-lo a conseguir dinheiro por conta própria. Também não dê dinheiro para o mendigo que tem condições físicas de trabalhar. Se o teu pastor não se esforça para preparar as mensagens, não as escute. Se um vagabundo tentar invadir tua casa de noite, mate-o (Ex 22.2). Lute contra a cultura da preguiça.

8. Descanse. Devemos trabalhar com fadiga (2Ts 3.8), mas também com sossego (2Ts 3.12). Não force teu corpo demais, para não dar brecha ao Maligno. Descanse um dia inteiro por semana, um mês inteiro por ano. Deus criou o sábado para isso. Ele nos projetou para precisarmos dormir e descansar. Talvez a tua preguiça seja simplesmente porque você trabalha demais. Ele nunca dorme nem cochila, mas você precisa. Quando a Bíblia diz "não vos canseis de fazer o bem", isso não quer dizer que não podemos nos cansar nunca, mas que não devemos estar em um estado de desânimo. O cansaço que o texto fala que não devemos aceitar nunca é um estar totalmente sem espírito, espiritualmente exausto. Se estamos firmes em Cristo, "ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia" (2Co 4.16). A preguiça não é um esgotamento físico, mas espiritual; contudo, como corpo e alma estão interligados, exagerar no uso do corpo físico pode afetar o homem interior.

9. Busque a paz com Deus. Talvez, em última instância, o teu problema com a preguiça pode ser uma consequência do fato de que você não nasceu de novo. Você talvez esteja vivendo uma ilusão religiosa, de modo que até consegue resistir a pecados mais escandalosos, mas se torna um alvo fácil de pecados mais íntimos. Assim, medite no Evangelho e veja se o teu coração realmente está nele. Examine se você realmente acredita que Jesus Cristo morreu pelos teus pecados, ressuscitou e se tornou para você a grande fonte de toda a tua alegria. No fim das contas, lute contra a preguiça para poder usufruir mais da glória de Cristo, e não para ser aceito por Ele. Não permita que o diabo te encha de culpa e insegurança. Jesus é maior que a tua preguiça.

CONCLUSÃO

Por fim, penso ter ficado claro a malignidade do pecado da preguiça. Ela é coisa de quem não foi eleito por Deus para a salvação. Ela nos impede de alcançar tudo o que Deus tem para nós. Ela retira nossa firmeza, despreza a graça de Deus, despreza a esperança de Jesus Cristo e nos atrapalha de orar. Ela é uma falta de fé. É abrir brecha para o diabo. É uma forma desordenada de viver. Cristãos maduros não são preguiçosos, porque a preguiça nos torna um fardo para os outros e um mal exemplo. O preguiçoso se torna inapto para adquirir aquilo que ele precisa. Ele é um inútil. A preguiça oferece um falso sossego, ela nos impede de fazer o bem, ela é uma vergonha e nos oferece uma falsa paz. Portanto, a preguiça é um pecado mortal.

Desse modo, busque o Espírito Santo, substitua as mentiras da preguiça pela alegria de Jesus Cristo. Use a espada da Palavra de Deus contra essas mentiras. Ore, mesmo quando não tiver vontade. Não lute sozinho, mas tenha comunhão com pessoas que também estão lutando arduamente contra o pecado, e se afaste dos preguiçosos. Trabalhe com afinco. Reflita sobre as consequências que a preguiça traz. Não ajude a preguiça dos outros. Descanse adequadamente. E, acima de tudo, apegue-se ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, pois ele é a nossa única esperança. Este Evangelho é o que nos traz descanso. Esse Evangelho nos livra das consequências eternas da preguiça. Este Evangelho nos une aos eleitos do Senhor. Este Evangelho nos dá acesso a Deus. Este Evangelho é o centro da Palavra de Deus que destrói as promessas mentirosas do pecado. Este Evangelho nos dá o Espírito Santo. Este Evangelho é a revelação da maravilhosa glória de Jesus Cristo. Assim, que, por meio desse Evangelho, a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém.