TESTO AUXILIAR DA LIÇÃO: SANTIDADE QUE CONVÉM À CASA DE DEUS (EBD)

Ciro, o Grande; Cambises II; Dario I; Xerxes (Assuero); Artaxerxes; grave estes nomes porque eles serão muito úteis para a compreensão do livro de Esdras, o escriba. Mas, por que esses nomes são tão importantes para se entender os escritos de Esdras? Porque precisamos saber relacionar acontecimentos registrados nos capítulos do livro de Esdras para não ficarmos incoerentes, porque aquele livro não foi escrito na ordem cronológica. Mas, antes de começarmos, eu estarei falando brevemente sobre cada rei mencionado anteriormente, e apontarei também as datas para haver uma compreensão mais plausível. Gostaria de tratar também da história de Israel e Judá antes do exílio, brevemente, porque assim haverá melhor clareza no que diz respeito aos acontecimentos pós-exílio, principalmente nos dias de Esdras e Neemias.

Bom, quando falamos de cativeiro do povo judeu não nos referimos, especificamente aos 430 anos no Egito, sempre nos referimos aos setenta anos do cativeiro; profetizado por Jeremias no capítulo 25 do livro do mesmo. Gostaria de apontar que, segundo alguns biblicistas, estes setenta anos começam a serem contados desde a destruição de Jerusalém nos dias de Zedequias, rei de Judá; ano 586 a. C., até o ano de conclusão da segunda casa de Deus, no ano 516 a. C.

Queridos irmãos e irmãs, quando falamos do cativeiro de Israel devemos lembrar também que a base cronológica é o reino de Judá, o reino do sul; porque o reino do norte, reino de Israel, teria sido levado ao cativeiro bem antes de Judá. Sabemos que houve um cisma nos dias de Roboão, filho de Salomão. Dez tribos ficaram com Jeroboão, filho de Nebate, e duas tribos, Judá e Benjamim ficaram com Roboão (1Rs 12). Os hebreus descendentes de Jacó que habitavam o reino do norte foram levados cativos de suas terras pela primeira vez por Tiglate-Pileser (III), nos dias de Peca, rei de Israel (2 Rs 15. 29). Isso é datado entre 745 a 727 a. C., período de reinado do rei assírio. Depois destas coisas, uma nova leva de pessoas do reino do norte, então chamado reino de Israel, foi cativa às terras assírias; isso se deu numa incursão de Salmaneser (V) a Oséias, filho de Elá, que conspirara contra Peca, filho de Remalias, e houvera reinado em seu lugar (2 Rs 15. 30). Após subir contra Oséias e o ter subjugado, Salmaneser o obriga pagar tributos (2 Rs 17. 3); porém, o rei Oséias começa tentar uma conspiração contra aquele soberano e acabou sendo preso; todo Israel foi levado cativo pelo rei assírio (2 Rs 17. 4-6). Eles foram levados para a região compreendida entre a Babilônia, Pérsia e Média (2Rs 17. 6). De 724 a 705 a. C., houveram várias deportações desse povo do norte da terra de Israel. Primeiramente por Tiglate-Pileser (745-727 a. C.), depois por Salmaneser (727-722 a. C.), e por Sargom II (722-705 a. C.). Durante o governo destes três reis houve muita deportação dos povos conquistados, e isso tinha a finalidade de tirar toda e qualquer consciência nacional dos cativados.

Dessarte não podemos confundir o período do cativeiro de Israel, reino do norte, com o período de cativeiro de Judá, contado a partir da destruição de Jerusalém e do templo, isso foi bem depois dos habitantes do norte terem sido deportados; há uns 120 anos de diferença entre o cativeiro do reino do sul e do reino do norte. Israel foi primeiro, eles foram no período de apogeu do império assírio, enquanto que Judá foi levado cativo durante o período de ascensão do império Babilônico.

Quando a Babilônia subjuga a assíria, em 612 a. C., com a queda de Nínive (o livro de Naum narra a queda da capital assíria), poucos anos depois Nebopolassar derruba o poder dos egípcios na batalha de Carquemins, em 605 a. C. Nunca mais o faraó Neco, rei do Egito, sairia de sua terra, conforme diz a Bíblia:

"O rei do Egito nunca mais saiu de sua terra, porque o rei da Babilônia tomou tudo quanto era dele, desde o ribeiro do Egito até o rio Eufrates".

2 Rs 24. 7

Durante este mesmo ano, Nabucodonosor, na época general do exército (lutou contra Neco em nome de seu pai, em Carquemins). Príncipe coroado e herdeiro presuntivo do trono de Nebopolassar, rei da Babilônia, seu pai, passa fortalecendo seus domínios nas terras da região de canaã. Nabucodonosor esteve em Jerusalém e levou, além dos despojos, o rei Jeoaquim, alguns nobres e intelectuais (2 Rs 36. 5-7). Daniel, Hananias, Misael e Azarias, também foram nesta leva aqui (Dn 1. 1-6). Isto aconteceu em 605 a. C., mesmo ano em que Nebopolassar morreu e as circunstâncias obrigaram seu herdeiro voltar logo para assumir seu reino. Ele volta com pressa, e leva aqueles cativos juntos com ele. Muitos prisioneiros de Judá fariam parte da corte do novo rei babilônico.

Já estabilizado no trono, o rei Nabucodonosor volta a Jerusalém em 597 a. C., agora ele vai novamente fazer uma outra deportação. Desta vez ele leva cativo o rei Joaquim, filho de Jeoaquim, e alguns do povo que poderiam se reunir para rebelarem-se; e fez jurar vassalagem a Zedequias, tio paterno de Joaquim (2Rs 24. 10-17; 2Cr 36. 11-14)

Isto se deu em 597 a. C. Dentre as personalidades fortes que foram nesta leva está o profeta Ezequiel (Ez 1).

Devido a rebeldia repentina do povo ao rei Nabucodonosor, este veio novamente a cidade de Jerusalém e, segundo a bíblia, ele a sitiou por um longo período. Ao conseguir fazer um buraco na muralha ele destruiu tudo que viu pela frente (Jr 39). Neste período o templo foi destruído, as pessoas foram mortas aos montes; não houve clemência. A destruição total de Jerusalém se deu em 587 a. C. Pronto, a partir daqui, segundo alguns, começa a contagem dos setenta anos de cativeiro.

# A QUEDA DA BABILÔNIA A ASCENSÃO DO IMPÉRIO MEDO-PERSA E A ORDEM DE CIRO PARA O POVO HEBREU VOLTAR A JERUSALÉM PARA RECONSTRUÍREM O TEMPLO

No ano 539 a. C., em uma noite de festa, o rei Belsazar, filho de Nabonido, filho de Nabucodonosor, estava festejando. Achando pouco sua idolatria e sensualidade, resolveu profanar os utensílios da casa do Senhor. Naquela mesma noite, Ciro, persa com uma ascendência real da casa dos medos, invadiu a cidade da Babilônia. É impressionante o fato de Ciro invadir à Babilônia sem que o rei Belsazar ao menos soubesse, e tinha alguns motivos para isso. Os muros da cidade eram intransponíveis, e, mesmo em guerra, os babilônios se davam ao luxo de fazerem festas; "estavam seguros". Seria impossível escalar as suas muralhas.

Não obstante, segundo a bíblia, o Senhor já houvera chamado Ciro pelo nome, aliás, bem antes de Judá ser levado cativo, Jeová se referiu a ele como seu ungido nos dias de Isaías, entre os séculos VIII e VII a. C. Todas as nações seriam entregues a ele, inclusive a dos caldeus, as muralhas da Babilônia não seriam párias diante daquele que o Senhor ungira. Diz a bíblia:

"Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome."

Is 45. 1-3

OBS.: Deus chama as coisas que não existem como se já existissem (Rm 4.17). Ciro nem sonhava nascer, mas Deus já o chamava pelo nome.

Segundo historiadores, Ciro ordenou que se desviassem por um canal as águas do rio Eufrates, assim a região de portões sobre o rio que entrava para a cidade baixou de nível; isso abriu passagem para a infantaria leve pelo canal hídrico da cidade. Tomaram à Babilônia de assalto. E na mesma noite Dario, o medo, sogro de Ciro, foi proclamado soberano naquelas terras.

Poucos dias depois desse momento histórico o povo hebreu passa a viver uma nova etapa em suas vidas, eles foram liberados por Ciro para voltarem a Jerusalém e reedificarem a casa de Deus.

A queda de Babilônia, o retorno do povo de Israel, bem como a renovação da aliança deles com seu Deus, também foram pontos preditos por Jeremias, vejamos:

"Anunciai entre as nações; e fazei ouvir, e arvorai um estandarte, fazei ouvir, não encubrais; dizei: Tomada está babilônia, confundido está Bel, espatifado está Merodaque, confundidos estão os seus ídolos, e quebradas estão as suas imagens. Porque subiu contra ela uma nação do norte, que fará da sua terra uma solidão, e não haverá quem nela habite; tanto os homens como os animais fugiram, e se foram. Naqueles dias, e naquele tempo, diz o Senhor, os filhos de Israel virão, eles e os filhos de Judá juntamente; andando e chorando virão, e buscarão ao Senhor seu Deus. Pelo caminho de Sião perguntarão, para ali voltarão os seus rostos, dizendo: Vinde, e unamo-nos ao Senhor, numa aliança eterna que nunca será esquecida."

Jeremias 50. 2-6

# SITUAÇÃO DO POVO PÓS-EXÍLIO

É bom prestarmos atenção no seguinte. O povo de Israel, ao voltarem do cativeiro, não estavam independentes; e o soberano de suas terras também era soberano de seus inimigos. Israel poderia ser inspecionado por seus adversários, e ter grande dificuldade para viver na sua "própria" terra. Eles eram donos da terra por nacionalidade, mas não eram soberanos politicamente, eram colônia; contudo desfrutavam de relativa liberdade. Desde que não fossem de encontro ao rei imperador de suas terras, poderiam viver em paz e servir a Deus em sua terra natal. Um problema grande seria a miscigenação (Ed ; Ne 13. 23-24). E isso é o que vai ser a grande dificuldade de Esdras e Neemias, pois o povo vai se juntar aos montes com mulheres estrangeiras. Até os sacerdotes se aparentaram com ímpios (Ed 9. 2). Isto se deu pelo convívio com os povos estrangeiros sob o mesmo soberano.

Agora gostaria que você pensasse comigo na seguinte situação. Se o soberano é o dono de todas as terras do crescente fértil, do Egito até o golfo pérsico, será que os antigos inimigos de israel não vão querer se aproveitar da ocasião para exercer influencia em Jerusalém, no povo santo? Sim. Edomitas, Samaritanos (aquele misto assírio), Moabitas, arábios e amonitas irão querer intervir de alguma forma (Ne 2. 10; 4. 1-4; 13. 28; ). Nós, lendo os livros de Esdras e Neemias, vamos ver que o povo estava muito influenciado por amonitas e samaritanos e alguns já teriam até se aparentado com eles, de maneira que um dos filhos de Joiada, neto do sumo sacerdote, era genro de Sambalate, governador de Samaria, possivelmente das terras de Bete-horon. Era um descendente de pagão, daqueles que vieram da assíria, que servia ao Senhor, mas não abandonavam outros deuses (2Rs 17). Assim o povo era obrigado a viver em uma certa "harmônia" com seus inimigos, já que todos eram servos de um só rei.

Para melhor entendermos essa questão vamos avançar para a era cristã. No ano de 1494 Portugal e Espanha, então potencias na época, assinam o Tratado de Tordesilhas. Segundo esse tratado houve uma divisão meridional, o mundo seria dividido entre as duas potências. Assim sendo, no ano de 1534 Portugal era dono de 15 capitanias que equivalem aos estados litorâneos do oceano Atlântico. O Brasil daquela época não tinha regiões como Amazonas, Rondônia, Mato Grosso... Todos os estados no norte, oeste, noroeste e sudoeste do Brasil, hoje, não pertenciam ao seu território nos dias do Brasil português (de 1500 até 1580). Isso devido ao tratado de Tordesilhas, porque o que era de Portugal era do rei de Portugal, e o que era da Espanha era do rei espanhol. Pois bem, mas, no ano 1580, houve a chamada união Ibérica, e ela durou até 1640. O que foi isso? Bom, o reino de Portugal ficou sem rei, porquanto seu rei, D. Sebastião, desapareceu numa batalha contra os muçulmanos no Marrocos. Não tinha filhos, seu parente, D. Henrique, reinou em seu lugar por dois anos até que morreu, também sem filhos. Assim, em 1580 houve grande instabilidade no governo português, a chamada crise da secessão. Mas, vencendo uma pequena oposição, Filipe, espanhol, foi nomeado Filipe II. Era rei tanto de Portugal quanto da Espanha.

Desta forma o que pertencia a Portugal era também parte da Espanha, por isso não haveria mais barreira pelo tratado de Tordesilhas aqui na América. Isso deu pretexto para que os bandeirantes se embrenhassem no interior do continente, conquistando novas terras e explorando minas bem além do tratado de Tordesilhas. Espanhóis não podiam impedir os bandeirantes, senão eles diriam: "nós temos o mesmo rei, toda terra é dele, nada nos impede de explorá-la, a não ser sua ordem direta". Isso foi o que fez com que o Brasil ficasse com a "cara" que tem hoje no mapa.

Mas adiante na história, e após o reino de Portugal voltar a ser independente da Espanha, Portugal estava usando e abusando de terras espanholas. A Espanha quis recuperar na justiça, mas o papa que mediava a questão entre os litigantes deu a causa ganha a Portugal, em 1750, pelo tratado de Madrid, com base na lei de uso comum da terra.

Mas, o que isso tem a ver com a situação de Israel 2000 anos antes da união ibérica? É que os estrangeiros, antes do cativeiro hebreu, não podiam entrar; agora, porém, o rei de Israel é Ciro (ou um dos outros posteriores), e ele também é rei de amonitas, edomitas etc., e isso dá um certo direito de liberdade de interferir. Todos deviam lealdade ao grande rei. De Nabucodonosor ao rei Artaxerxes é o mesmo princípio de reinado, ou seja, um só rei de todos daquelas terras.

A política adotada por Ciro era uma política de tolerância à religião alheia, para ele seria importante reconstruir à casa de Deus em Jerusalém. Se era da vontade do imperador que eles reconstruíssem o templo, logo ninguém podia impedi-los.

Mas a Bíblia é clara em enfatizar que os inimigos do povo debilitavam às mãos deles e alugaram conselheiros para frustrarem a obra em todos os dias de vida de Ciro (Ed 4. 4-5).

Ciro morreu em 530 a. C., em uma campanha, e, seu filho, Cambises (II) reinou em seu lugar. Cambises reina de 530 até 522 a. C. Não sei o porquê ele não é mencionado no livro de Esdras, talvez por ser muito maligno. O que se sabe é que desde a morte de Ciro, que a obra de Deus esteve parada até o reinado de Dario. Cambises era favorável aos inimigos de Israel. Ele não foi um bom rei; era tão cruel que relatam que ele matou sua irmã grávida por espancamento. Após isso, ele abdicou o trono para Dario, o persa, em 522 a. C.

No segundo ano do reinado de Dario I, 520 a. C., o Senhor fala com o profeta Ageu. Este profeta, cheio de ousadia do Espírito de Deus, começa lembrar ao povo o real propósito de Deus os trazer de volta. Acredito que neste tempo Zorobabel e Jesua estavam cansados, desanimados, sem disposição para a obra. Sabe aquelas ocasiões em que você quer edificar, luta para melhorar na presença de Deus, luta para dar mais atenção para Deus etc., e surgem barreiras, dificuldades e lutas? Preciso lhe dizer que é o Diabo quem faz isso. No livro de Zacarias capítulo 3. 1-3 diz:

"E ele mostrou-me o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do SENHOR, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor.

Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreenda, ó Satanás, sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda; não é este um tição tirado do fogo?

Josué, vestido de vestes sujas, estava diante do anjo.

OBJEÇÃO: Zacarias foi contemporâneo do profeta Ageu, do governador Zorobabel e do sumo sacerdote Jesua. Ele e Ageu, segundo Esdras, animavam o povo no edificar à casa de Deus (Ed 5. 1).

O Diabo queria ver a miséria do povo de Deus, queria levar o povo as práticas malignas dos dias passados. Queria ver o povo na miséria material e espiritual. Podemos ver isso até mais claro no livro de Neemias, uns sessenta anos depois de Zorobabel e Jesua. Os inimigos nos dias de Neemias ardiam em ira ao verem a boa vontade de alguém para abençoar o povo de Deus (Ne 4). Mas o Senhor escolhera Jerusalém, e quando Deus escolhe ele se responsabiliza. Se ele permitir a ferida ele mesmo sara, se ele permitir a perda ele mesmo restitui.

Interessante, a repreensão do anjo a Satanás, é semelhante a resposta do rei Dario a Tartenai e aos outros governadores dalém do eufrates (Ed 6. 6-7). Nos dias de Jesua Deus estava dizendo ao inimigo: "sai da frente satanás, arredai daí, porque tenho escolhido a Jerusalém. Meu servo, Jesua, é um tição tirado do fogo, ninguém toca, e se tocar se queima!" Louvado seja Deus! Não importam as circunstâncias, se o Senhor te enviou a edificar não para! A ordem de Ciro foi clara:

“O Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra (talvez Ciro tivesse conhecimento da profecia de Isaias 45. 1-3) e designou-me para construir um templo para ele em Jerusalém de Judá.  Qualquer do seu povo que esteja entre vocês, que o seu Deus esteja com ele, e que vá a Jerusalém de Judá reconstruir o templo do Senhor, o Deus de Israel, o Deus que em Jerusalém tem a sua morada.  E que todo sobrevivente, seja qual for o lugar em que esteja vivendo, receba dos que ali vivem prata, ouro, bens, animais e ofertas voluntárias para o templo de Deus em Jerusalém”.

Ed 1. 2-4

O Senhor se referiu a Ciro como "meu pastor", ele foi alguém que teve a missão de cumprir tudo que apraz ao Deus de Israel (Is 44. 28). Assim, tanto a construção de Jerusalém quanto a fundação do templo seriam efetuadas em seus dias, e esse pode ter sido o maior propósito de Deus na vida de Ciro. O povo de Deus deveria fazer sua parte, arregaçar às mangas e trabalhar.

Mas, o problema é que mesmo com a ordem do rei para edificarem sua casa os inimigos alugaram conselheiros para frustrarem os planos da obra, até o reinado de Dario, uns 16 anos, aproximadamente, ficou tudo parado (Ed 4. 5). Nunca pense que haverá facilidade para edificar sua vida na presença de Deus. Nosso corpo é templo e morada do Espírito Santo! Acabar com a vaidade, renunciar a egolatria, renunciar nossas paixões etc., não é nada fácil. E ainda assim, se levantam inimigos para nos fazer parar. Não pare! É o Diabo querendo ver sua derrota.

Enquanto estamos preocupados com nossos desejos e vaidades, conquistas e interesses pessoais, o espiritual, a nossa vida com Deus acaba ficando mesquinha. Nós não temos mais vontade de orar pelas madrugadas, não temos mais vontade de pregar o evangelho, não temos mais desejo ardente pela palavra, nos tornamos escravos de nossas próprias vontades.

"Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos, diz o Senhor!" (Ag 1. 5). "Ponderai a vereda de vossos pés" (Pv 4. 26). "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus".

Ef 5. 15-16

Mas tem gente que quer ser avivado, quer ser edificado casa espiritual, quer ser casa de Deus, mas não quer ter mudança! Tem gente que quer ir a Betel de todo jeito! Jacó quando estava para subir a Betel disse:

"Tirai os deuses estranhos do meio de vós! Purificai-vos e Mudai as vossas vestes!" (Gn 35.2). Tem gente que quer servir a Deus e ao mesmo tempo as riquezas (mamom), tem dinheiro para satisfazer às suas vaidades, mas não têm para abençoar a obra de Deus!

Andam, muitas vezes, se vestindo como pessoas sem Deus, ou, muitas vezes, têm até uma vestimenta decente mas não tem purificado a sua vida! "Ponderai a vereda de vossos pés!" É preciso mudança! A santidade que convém ao templo de Deus, que somos nós, vai muito além do que nós pensamos ou sentimos, está ordenada expressamente na palavra de Deus.

Muita gente na igreja está precisando se arrepender! O Senhor disse ao povo nos dias de cativeiro: "Porque eu é que sei os pensamentos que tenho sobre vós, diz o Senhor! Pensamentos de paz, e não de mal; para vos dar o fim que desejais. Então me invocareis, passareis a orar a mim e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me encontrareis quando me buscardes de todo o vosso coração! Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte!"

Jr 29. 11-14

Se queremos avivamento devemos buscar a santidade que convém a casa de Deus! Mas, o que convém?

1° Tirar os deuses estranhos;

Jacó disse: "tirai os deuses do meio de vós!" (Gn 35.2)

Tem gente que idolatra times de futebol; idolatra Thor nos cinemas; idolatram novelas; e isso tudo contamina o povo de Deus, impede o avivamento genuíno.

2° Purificando-se

Tiago diz: "Purificai as mãos pecadores, e vós de duplo ânimo limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, a vossa alegria em tristeza." Não é tempo de discutirmos visões teológicas, não é tempo de estarmos inquietos quanto ao nosso sustento. É tempo de orarmos, consagrarmos a Deus. É tempo de reconhecermos nossas fraquezas, nossas impossibilidades, é tempo de chorarmos nos pés do Senhor Jesus!

3° Mudar as nossas vestes

O cristão sabe que tem que se vestir modesta e honestamente.

4° buscar a Deus de todo coração!

O salmista diz: "De todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti" (Sl 119. 10-12). Os que buscam de todo o coração não se embaraçam com negócios dessa vida, eles só querem ser altar de Deus.

5° Buscar a Deus pela sua palavra.

A santidade que convém a casa de Deus, nosso corpo, deve ser buscada não através do que nosso eu sente, pois, como diz Jeremias: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Quem poderá entendê-lo?" (Jr 17. 9)

"Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal." (Pv 3.7)

Davi pergunta:

De que maneira poderá um jovem guardar puro o seu caminho? O mesmo responde dizendo: observando conforme a tua palavra." (Sl 119. 9)

O grande problema do crente é que quando ele desanima ele também se acomoda. O povo tinha se voltado para as suas vidas pessoais, estavam ornamentando suas casas; esqueceram o real propósito de Deus. Nesses dias Deus usa o profeta Ageu para acordá-los (Ag 1). O Senhor lembra ao povo que sua prosperidade depende de sua dedicação em cumprir a obra de Deus em suas vidas. Somos o templo de Deus, devemos priorizar o crescimento do reino dEle em nós. O povo foi acordado para ver o motivo de tantas perdas e maldições em suas vidas (Ag 1. 6). Sabe por que muitas vezes existem problemas difíceis em nossas vidas? Por que o altar de Deus está esquecido; então vamos priorizar o altar de Deus.

Quando Ciro morreu, em 530a. C., Cambises II assumiu o trono. E, como falei anteriormente, Cambises reinou até 522 a. C., e renunciou. Dario havia subido ao poder, e dois anos depois de seu reinado o Senhor despertou o povo para retomarem a edificação (Ag 1. 1).

Há uma grande dificuldade de se entender o livro de Esdras, porque ele não foi escrito na ordem cronológica. No capítulo 4, por exemplo, fala da carta dos governadores dalém do rio ao rei Artaxerxes, e, ao ler o versículo 24 do mesmo capítulo, temos a impressão que a obra de construção do templo parou nos dias daquele rei. Mas não, e a própria Bíblia vai dizer que ela volta no segundo ano do reinado de Dario I. Quer dizer, houveram cartas dos governadores todas às vezes quando subia um novo rei, todas contra Israel. Mas a carta direcionada a Artaxerxes I foi para pararem a construção dos muros da cidade, nos dias de Neemias.

Existe também uma menção a uma carta escrita nos primeiros anos de reinado de de Assuero (Xerxes I), e isso deve apontar para a perseguição do povo hebreu nos dias de Hamã, o descendente de Agague, amalequita, em Susã. Provavelmente os Judeus não eram odiados só pelos amalequitas, todas aquelas nações das quais falei anteriormente os odiavam. E não existe nada mais horrorizante nos dias de Assuero do que a perseguição causada pelo edito de Hamã.

A esta altura devemos lembrar que os acontecimentos no livro de Ester se dão no reinado de Assuero, e, portanto, depois de Zorobabel (ou Sesbezar) ter voltado junto com o sumo sacerdote Jesua (Josué). Ester se encontra entre O período de reconstrução do templo e a reconstrução dos muros. É bom lembrar que nos dias de Ester os judeus já teriam sido liberados por Ciro, o Grande, mas alguns preferiram ficar espalhados pelo império Medo-Persa. Talvez pela vida mais tranquila que estavam vivendo em contraste com as dificuldades em que viveriam se voltassem para Jerusalém. A pobreza era enorme, a cidade estava em cinzas. Não esqueçamos isso.

Por fim, Assuero foi assassinado em 465 a. C., e seu filho, Artaxerxes I, reinou. Nos dias de Artaxerxes, precisamente no sétimo ano (Ed 7. 7), Esdras foi enviado por ele para Jerusalém com grande comitiva (Ed 8.1).

Posteriormente, Neemias subiria para selar a cidade. Através dele as muralhas foram erguidas, e a cidade acabou de ser reconstruída.

Mas, nos dias de Esdras e Neemias, o problema foi o quão distante o povo estava de seu Deus. O cativeiro serviu para tirar Baal e Asera do meio de povo de Deus, e veja que logo ao retornar do cativeiro muitos deles se aparentam novamente as pessoas estranhas. Sabemos que às mulheres de Salomão o fizeram pecar contra Deus (Ne 13. 26). Muitos amonitas e moabitas estavam tendo parte no templo, e foram expulsos por Neemias (Ne 13. 1-9).

Tobias, por exemplo, era parente do sumo sacerdote. Isso era inadimissível! O povo estava tão avulso, no que diz respeito à obediência à palavra de Deus, que fizerem uma câmara grande para aquele estrangeiro; dentro da casa de Deus. A bagunça foi feia! Retiraram as coisas de Deus para colocar as dele. Incenso, oferta dos sacerdotes, móveis consagrados etc., ficaram todos do lado de fora até a chegada de Neemias (Ne 13...).

Leia o livro de Neemias, no capítulo quatro, e vai notar que Tobias não era das pessoas que queriam o bem de Israel. Ele chega até a zombar, dizendo: "ainda que construam, uma raposa derrubará o muro de sua cidade". Por que, então, deixar este homem se infiltrar na casa de Deus, ou melhor, por que construir câmara para ele? Irmão, devemos lutar para não darmos espaço em nossos corações para amizades que não provêm de Deus. É melhor ser odiado a ser amigo de homens malignos.

Enquanto Tobias estiver infiltrado na casa de Deus, em nós, os objetos de culto estarão jogados. Ou há espaço para as coisas de Tobias ou para as coisas de Deus, nunca se misturam. Que Deus nos ajude, e levante Neemias para retirar as coisas de Tobias de nossas vidas e nos ajude a tornar a trazer as coisas de Deus para dentro de nós (Ne 13. 8-9). Se Tobias tiver parte na casa de Deus, que somos nós, não haverá purificação, não haverá incenso nem ofertas. Se Tobias estiver no templo de Deus, que somos nós, dízimos e ofertas não existirão mais, os sacerdotes terão dificuldades.

Então, quero que entenda que a Santidade que convém à casa de Deus deve ser prioridade em nossas vidas! Nada de mistura! O que é de Deus é de Deus! Não tenhamos parte com ímpios, não deixemos de oferecermos sacrifícios ao Senhor, não deixemos de contribuir para a obra de Deus se expandir no sentido material também.

A lição passada falava de apostasia. Esta palavra quer dizer "abandono de doutrina", ou "abandono da fé". É deixar de praticar o primeiro amor. É ser negligente com a obra do Senhor. Apostasia é fruto de heresia. Esta é ensinamento contrário à sã doutrina, enquanto que aquela é o abandono da sã doutrina, ou seja, deixar de viver como Deus realmente quer, é seguir o que sente, é se iludir com o que diz o enganoso coração. Mas que Deus nos ajude, e que nós possamos estar de acordo com a sua vontade, no caminho da santidade que convém à casa de Deus.

REIS E DATAS a. C.

Dario, o Medo, e Ciro, o Grande, rei da Pérsia (539-530)

Nos dias deles, em Israel: Governador Zorobabel, acredito que seja Sesbazar, (Ed 1. 11); Sumo sacerdote Jesua (Ed 3. 2);

Profetas: Ageu e Zacarias (Ed 5. 1);

Obs: quando a Babilônia foi invadida Dario, o medo, ficou no trono (Dn 5. 31); pouco se sabe sobre este, mas Ciro era seu parente real e reinava na Pérsia. Era uma espécie de dupla monarquia. Dario, o medo (Dn 5. 31), não é o mesmo que Dario, rei da Pérsia (Ed 4. 24, Ag 1.1).

Na corte Medo-Pérsa nos dias de Ciro, o persa, e Dario, o medo:

O profeta Daniel, e, provavelmente, os seus amigos Hananias, Misael e Azarias (Dn 1.6; 5. 31; 6.1; 10. 1)

Cambises (530-522)

Em Israel:

Provavelmente os mesmos. Zorobabel, Jesua, Ageu e Zacarias.

Na corte:

Não sei se Daniel e seus amigos ainda estavam vivos, se estivessem já estavam bem velhinhos.

Dario I, o Persa (522-486)

Em Israel:

Mesmas personalidades. Zorobabel e Jesua, Ageu e Zacarias. Foi no segundo ano desse rei que o povo voltou a reedificar, 520 a. C., e acabaram a obra do templo em 516 a. C. (Ed 6. 14-15).

Assuero, ou Xerxes, se preferir (486-465)

Em Israel:

Provavelmente não tínhamos à pessoa de Zorobabel, Jesua, Ageu e Zacarias. Tínhamos um sumo sacerdote, Eliasibe; ele era mais fraco que Jesua, e provavelmente cedeu à vontade dos estrangeiros. Chegou a aparentar-se com Tobias (Ne 13.28) Foi em seus dias que escreveram cartas ao rei Assuero para destruir os Judeus (Ed 4. 6).

Na região da Corte, em Susã:

Mardoqueu (Mordecai). A rainha Ester.

Artaxerxes (465-424)

Filho de Assuero com Vastir.

Em Israel: Eliasibe, Esdras, junto com os sacerdotes que vieram de Babilônia, e, logo em seguida, Neemias, o qual viria reconstruir os muros da cidade, e seria mais tarde promovido a governador da mesma região.

Enquanto Esdras deu ênfase à construção do templo e à edificação espiritual do povo, Neemias deu grande ênfase na construção dos muros da cidade. Vamos sempre ter, nas mesmas épocas, líderes religiosos e governamentais.

Obs: Neemias vai a Jerusalém alguns anos depois de Esdras (15 a 20).

Na corte da pérsia, nos dias de Artaxerxes, vamos ter Neemias. Lembremos que ele era copeiro do rei (Nm 1.11).

Aqui quero encerrar minhas palavras com relação a situação de Israel pós exílio.

A lição tem por título: "A santidade que convém à casa de Deus". Não fugi do tema, mas dei mais ênfase na questão de história bíblica. É um assunto muito vasto, se for falar com detalhe sobre cada acontecimento fica muito extenso o conteúdo.

Estar com você até aqui me enche de satisfação. Se você quiser ainda pode acompanhar minhas canções no YouTube: Mesequias Maadson. Um grande abraço! Deus abençoe.

Mesequias Maadson, autor.

Mesequias Oliveira
Enviado por Mesequias Oliveira em 18/08/2020
Reeditado em 10/06/2023
Código do texto: T7039077
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