Suas lágrimas foram recolhidas

Ah Senhor; já não sei mais o que te dizer. Minhas lágrimas secaram e não vejo mais um horizonte, já não vejo o pote de ouro no fim do arco-íris. Enfim, já não possuo mais esperança e se a esperança não é viva em mim, então já não tenho mais vida, ela é a última que morre; estou morto...

Sem direção ando pela cidade e atravessando um viaduto, me vem a ideia, a decisão de confirmar o que já sei, dar fim ao que já é finito. Em meio a esses pensamentos uma criança pega minha mão e com os olhos cheios de água me pede: ---- Me leva pra minha mãe, eu me perdi dela, tô com medo e com fome.

Olhando para aquele pequeno ser fiquei tonto, sem chão... Como cuidar, ajudar esse serzinho se o que eu mais preciso é de ajuda. Meu coração chorou e com a voz embargada comecei a olhar em volta e a balbuciar palavras de consolo.

Caminhei com aquela pequena criança pelas ruas próximas mas não achamos sua mãe, e ninguém a conhecia, então resolvi leva lá à Delegacia, ali saberiam o que fazer. Mas antes fomos a uma padaria e lá ela comeu e tomou um suco. Pegamos o ônibus e fomos até lá, avisei que ela tinha lanchado e que procuramos pelas ruas e não achamos sua mãe.

Na Delegacia ela falou que seu nome era Esperança e que tinha seis anos, que sua mãe se chamava Graça e seu pai Salvador. Naquele momento comecei a chorar e então percebi o quanto Deus me ama; no maior estágio triste da minha vida, onde a morte era a solução, vi naquela situação que fui eu que me perdi de Cristo, fui eu que no meu afastamento dEle para poder fazer o que queria e satisfazer o meu eu, me perdi no labirinto das incertezas e me sentindo abandonado te culpei e virei as costas para o Senhor...

Depois dessa constatação e confissão a todos alí, senti um grande alívio em meu peito. Passados alguns minutos os pais chegaram e entre choros e risos abraçaram a filha, depois todos os três me abraçaram e em coro choramos de alegria. Após todos os esclarecimentos e assinaturas nos despedimos e trocamos número de telefone para mantermos contato, afinal naquelas pequenas horas ficou estabelecido um vínculo entre "eu o desesperançado e a esperança, o morto e a vida!"

Voltando para casa passei pelo mesmo viaduto, pensativo parei encostado ao para peito e olhando ao longe não percebi um Senhor que se achegando ao meu lado, me disse: ----- Bonito a natureza, o criador tem bom gosto criando tudo a nossa volta, inclusive o ser humano, é, e essa é a sua mais bela e melhor criação, afinal Ele os fez com suas próprias mãos. Ah; já ia me esquecendo, essa garrafinha é sua, nela estão todas as suas lágrimas recolhidas pelo Criador...

Perez serezeiro

jrpmserezeiro@gmail.com

Londrina