A PAIXÃO DE JESUS CRISTO (Especial para a Semana Santa)

Colaboração da nossa leitora Carla Santos. carlasantos@hotmail.com

8/03/2012 10:20 - Carla Santos [não autenticado]

Olá, bom dia! Quero fazer minha contribuição: esta letra é a tradução, feita por Fénelon, de uma música de Pergolese "A Paixão de Jesus" - Presente no livro MAGNIFICAT - HINOS E CÂNTICOS ESPIRITUAIS, de 1956. Realmente é belíssima!!! Abçs

Autor desconhecido

De temores assaltado

No jardim quando se viu,

Todo o peso do pecado

Em sua alma recaiu.

Correu sangue de seu corpo

Numa grande profusão;

Ele, quase como morto

Curva a fronte até o chão.

Judas vem, dissimulado,

Vem, fingindo o abraçar;

O covarde e desalmado,

Quer assim o atraiçoar.

Do traidor imitadores

Sois vós que ofendeis a Deus,

Vós cristãos e pecadores

Sois piores que os judeus.

Entre mãos de vil soldados

Cai o nosso Salvador,

E seu rosto profanado

Traz sinais de seu furor.

Eu também que com maldade,

Meu Jesus quando pequei

Vossa augusta divindade

Quantas vezes ultrajei!

Assim preso e amarrado,

É levado a Caifáz,

Por quem é mais maltratado

Do que na casa de Anáz.

De mil modos afrontado

Nosso pio Salvador

Vê-se por fim condenado

Como vil blasfemador.

E não só dos inimigos

Vem lhe causa de pesar;

Um discípulo dos queridos

Vem-no três vezes negar!

Mas o Redentor benigno

Com seu brando e meigo olhar

Faz nascer n’alma do indigno

Um leal, vero pesar.

Na presença de Pilatos

Ousa o povo preferir

O pior dos celerados

Ao Senhor que o vem remir

Mais indigna preferência

Tenho feito muita vez,

Contra Deus, dando sentença

Preferindo a malvadez

Que suplicio horroroso

Meu Jesus quer padecer!

No seu corpo tão formoso

Um soldado vil bater

O Inocente é flagelado,

Até sangue derramar,

E eu, Senhor, que sou culpado

Nem meu crimes sei chorar!

A coroa (dor acerba)

Sua fronte traspassou;

Nosso crime de soberba

Desse modo condenou.

Vê, cristão, que muito gozas

E te entregas a folgar;

Um cristão, não é de rosas

Que se deve coroar.

Já no ombro fatigado

Vai levando a grande cruz,

Para a morte condenado

Ó dulcissimo Jesus!

De ferido, de cansado,

Vê-se três vezes cair,

Tanto o Deus, Vos há custado

Nosso crime redimir

No madeiro enfim. Pregado

Uma voz solta. “Perdão!

Tende, Pai do céu amado

Dos algozes, compaixão”

O terrível atentado

Não hesita perdoar!

Assim quando injuriado

Se deve um cristão vingar.

A Jesus, manso Cordeiro,

Sobe o insulto dos judeus:

Desce, dizem, do Madeiro,

Mostra a todos se és Deus...

Não os cravos, povo insano,

Prendem a quem é Senhor;

O que à cruz o tem pregado,

É o teu forte e terno amor.

Não, Jesus, do lenho duro,

Eu te peço, não desçais;

Essa cruz é leito puro,

Onde a vida nos gerais.

Ao pecado, sim, morramos

Que só ele é vosso algoz;

Só por Vós, Senhor, vivamos

Pois morreste só por nós.

Na Cruz morre, a natureza

Pasma e chora seu autor;

Tudo veste de tristeza,

Tudo manifesta dor.

Tu cristãos, que vês as pedras

Estalarem de pesar,

Ah, não queiras mais que elas

Insensível te mostrar

Antônio Oliveira
Enviado por Antônio Oliveira em 29/02/2008
Reeditado em 30/03/2012
Código do texto: T880602