REFLEXÕES DE UM LAVRADOR.

É tempo de chuva, da boa chuva temporã ou serôdia, aquela que vem para abençoar a terra e fazê-la produzir mais cedo os seus frutos. É tempo de plantar e também é tempo de colher.

Na lavoura de Deus não há épocas desfavoráveis, não há clima seco, não há estação sem flor. Na lavoura de Deus o tempo de plantar é hoje, o tempo de colher é agora, o tempo de florescer é imediato.

Deus quer lavradores fiéis que semeiem, plantem e colham, segundo a sua disposição de abençoar o seu povo. Não observe o terreno, trabalhe a terra. Toda terra precisa ser trabalhada para que a sua natureza seja revelada.

O lavrador diligente é aquela que vê as pedras, mas as remove. Que contempla a dureza do solo, mas também acredita na força regeneradora da semente. Que coloca sua fé na vocação da semente e não na pobreza do solo. Deus fez o solo e também fez a semente. Deus fez todas as coisas para o seu próprio fim. Deus é poderoso para fazer de um solo ruim, um campo fértil. E também é soberano para fazer de uma terra fértil, um deserto sem esperança de produção.

Nestes tempos do fim a “tecnologia” de Deus se manifesta de múltiplas formas. De onde não se espera uma colheita, surge uma seara. Quase sempre ele nos surpreende com o seu poder de transformação. Não espere compreender para semear. Não espere dominar a “técnica” da semente, do plantio, da colheita, da completação de todas as coisas, porque nenhum lavrador consegue saber quantos homens se alimentarão com o grão de trigo que semeou. Não compete a ele o fim, mas o começo. Deus precisa de nós para um grande começo.

Na vida de um grão de trigo sempre existe um grande começo. Nesse começo, silenciosamente - um dia que ninguém sabe qual é - ocorre uma grande explosão de vida e o milagre da regeneração acontece.

Todo crente é um milagre de regeneração. Semeie vida, plante a semente da Palavra de Deus. Não olhe para a terra, olhe para o milagre da vida. Não olhe para o solo, olhe para a vocação celestial que um dia fez, de mim e de você, trabalhadores da seara. Trabalhe, lute, semeie, cuide...mesmo que a terra possa se mostrar improdutiva, limpe o suor do seu rosto com as mãos cheias de fé. Viva feliz com o resultado da colheita. Porque essa não depende só de você, mas aquilo que depende de você, faça-o com todas as forças do seu coração.

De boa lembrança seria saber que o “grão de trigo precisa ser moído para se fazer pão.” Às vezes Deus nos escolhe para semear o trigo, mas também às vezes, ele nos escolhe como grão de trigo, para ser moído, e transformar-nos em pão. A moenda faz o grão de trigo gemer. O calor do forno acaba com qualquer expectativa de exibição. Um grão moído perde a forma mas é alimento, pronto para alimentar multidão. Ninguém jamais viu um ramalhete de trigo ser alimento, sem sofrer uma transformação. Até mesmo Jesus foi moído para se fazer pão.

Na seara celestial um bom lavrador deve ter a disposição da metamorfose. Ele não é nada, ele é o que o Senhor necessita que ele seja a cada dia. Ele trabalha a terra e ele é o grão de trigo que cai na terra. Quando morre, não fica só. Para o grão de trigo, o mais importante é morrer. Sem a morte não há frutos. Assim, toda história que tem um começo, tem um meio... e, um dia, terá um fim.

Sejamos felizes, compreendendo que ele nos fez para o seu próprio fim. E estejamos seguros, compreendendo que esse fim, em última análise, é apenas o começo- porque depois disso, virá a eternidade. Ele é eterno e para a eternidade nos destinou!