Bonde do Morro

No bonde do Morro, artista se apresenta de costas:

a filha de Jaime Marrom dançou, dançou, dançou

ao som de vibração gravíssima de um MC cheio de propostas.

É funk sem soul dos sessentas!

O batidão espanca a caixa. E a filha de Marrom senta.

Metralhadoras e fuzis espiam a cidade

que corre atrás de uma bola.

Ora bolas! Necessidade!

O playboy sobe pra comprar pó,

o prefeito finge que não vê,

e o funk desce o morro:

“Passa nela! Passa nela!”

Passa o pau, o pó, a pólvora...

Que falta de educação, não?

O bonde do Morro passa cheio de pererecas.

Tem brejo no morro? A cidade é um brejo. O país! Brejil.

O homem atrás dos óculos e do bigode taparia os ouvidos.

Não perguntaria nada? Meu Deus!

Perdi a rima e a noção.

Raimunda não é só a canção.