De verso e voz
Eu sou da poesia. Primeiramente, ela deve me dizer. Eu espero que ela me diga. E, se me diz, empresto minha voz para que ela possa dizer a quem mais quiser ouvi-la.
E quem aceita, ouve-a com um excesso de sinceridade perturbadora, que brota da experiência primeira do diálogo entre o coração da voz e o coração do verso.
Não há outro percurso. Os dois se encontram na esquina da densidade. É doido. É doído. E é transbordante.
Das rimas de outrem para a minha voz. Da técnica, da inspiração de outra alma, para a minha canção petulante, desinteressada, e fortemente franca.
Como não ser verso? Como não ser voz? Como não ser abraço para corações cansados? Como não ser essa esquina? Como deixar perder o sentido, quando há uma Vida de rima e canção precisando urgentemente ser vivida?
Na beleza do verso, a força da voz!
Tiago Gonçalves - MAR/2016