(objetiva) mente

História de versos mudos e linhas esfumaçadas.

Sutis toques de um entendimento nem sempre alcançado.

O sentido – que poderia definir o ritmo – foi interceptado.

A estrofe ignorou a métrica em nome da sobrevivência.

Cada lado tem o seu oposto equivalente honrando a reticência.

O orgulho, em seus ataques de tirania, ceifou a liberdade de expressão.

O valor de uma resposta, no entanto, está na própria intenção.

Pressupõe-se com grandeza que o subentendido é o alimento do argumento.

(Um minuto de silêncio para todas as palavras sufocadas pela timidez)

Quem pronunciar a oração em tempo presente e em voz alta é o mais corajoso.

Quem medita em silêncio não se apequena nem consente, apenas se previne.

Cada lado narra de modo peculiar a síntese do que resumidamente é um intento intermitente que requer, além do dom, certa dose de dedicação para organizar o tempo linear com alguma disciplina.

Ler o brilho de dois olhares distantes numa ânsia só é elevar a compreensão sem se inclinar à provocativa digressão, tão bem-vinda nesse caso, com propósito.

As sinestesias são ilustradas pelas tais linhas esfumaçadas.

O que eles dizem não é tão relevante quanto o que calam, uma vez que a composição de palavras apagadas revela o desejo que ultrapassa o tempo, a distância e as convenções, sem ressalvas nem delongas...

Março/2016.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 16/05/2016
Reeditado em 25/05/2016
Código do texto: T5637354
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