LUAS: NÃO HÁ PLURAL

Nos reunimos todos os dias

Abaixo da terra, nessa alcova

Nas profundezas subterrâneas

Onde surgem olhos negros

Como na noite os morcegos

Abarrotados como massa

Pela disputa de espaços

Entre corações vazios

Completos de nada

E com tudo em oco

Então fito esse pântano

Como criança escondida

Como perdida esperança

Ao lado de Nosferatos

Das sombras, inatos

Das horas matemáticas

Sob algas subaquáticas

Em chão de trilho

Em cor de milho

Em mar frio de fastídio

De cor sem brilho

Mas sem problema

Repetição não há dilema:

Todos dias são normais

Abaixo do sol ainda mais

Repetitivos e banais

Como as ondas

Repetidas sempre iguais

Às notícias dos jornais

Sem jamais, jamais

Haver luas plurais.